Outrora visto como um génio, Roman Polanski é hoje um autêntico vilão de carne e osso no mundo do cinema. Foragido à justiça e procurado pelos EUA por crime de violação de menor, vive desde a década de 70 sob a sombra dessas acusações.
Sem surpresa, quando o Festival Internacional de Cinema de Veneza anunciou que o programa incluía a estreia do seu novo filme, “The Palace”, os ânimos exaltaram-se. Em julho, o responsável pelo evento, Alberto Barbera, defendia a escolha de Polanski mas também a de Woody Allen. “Sou diretor de um festival, não sou um juiz.”
Apesar de muitos atores recusarem colocar-se ao lado do cineasta franco-polaco, ainda há quem não tenha grandes problemas em colaborar com Polanski. “The Palace”, sucessor de “Um Oficial e Um Espião” (2019), conta com nomes como John Cleese, Mickey Rourke e Fanny Ardant no elenco.
A comédia negra decorre na noite de Ano Novo, em 1999, onde um jantar faustoso no Palácio de Gstaad corre horrivelmente mal. A longa-metragem estreou no sábado, 2 de setembro, e desde então que tem sido varrida pelos críticos.
Mantém-se no agregador de críticas Rotten Tomatoes com um redondo zero por cento. Isto apesar de contar já com uma dezena de avaliações especializadas.
“Uma atrocidade que se torna instantaneamente no mais flagrante falhanço cinematográfico do ano — e talvez da década”, arrasou a crítica do britânico “The Times”. “É tão evidentemente mau e tão anti-cinemático — não há nenhum ângulo que pareça ter sido filmado com intenção ou significado — que só faz sentido se se tratar de um ato de vingança por parte de um realizador veterano irritado com a indústria da qual se sente ostracizado.”
Já o crítico do “Daily Telegraph” questiona o tom da comédia de Polanski. “O humor dá ares de estar 23 anos para lá da data de validade”, frisa. “Poderá precisar de uma bebida forte para conseguir ver a totalidade do filme. Ou talvez precise de bem mais do que uma — o importante é que seja capaz de atenuar a dor”, esmaga o “The Guardian”.
O realizador de 90 anos continua a ser procurado pelas autoridades norte-americanas pela violação de uma jovem menor com 14 anos. Um crime cometido em 1975 e do qual se considerou culpado. Isto apesar de ter aproveitado uma das oportunidades para fugir à justiça e refugiar-se em França, país da qual tem nacionalidade e, dessa forma, se vê capaz de fintar os acordos de extradição.