Cinema

Winnie the Pooh e Piglet são serial killers num novo filme cheio de sangue

Igor está agora morto, após ser assassinado pelos amigos esfomeados. O slasher não é uma produção destinada aos miúdos — claro.
Não faltará sangue.

Se é certo que a pandemia afetou toda a gente, uns ficaram mais alterados do que outros. O outrora adorável Winnie the Pooh estará de volta aos ecrãs e não é, de todo, apropriado para os mais pequenos. O urso mais famoso do mundo, assim como os seus amigos, serão as estrelas de uma nova produção slasher — ou seja, não vão faltar mortes, sangue e sustos.

Não fique admirado pela súbita reinvenção da personagem. Este novo projeto, que já está em fase de pós-produção, não é da autoria da Disney. Na verdade, os direitos das personagens criadas por A. A. Milne entraram no domínio público no início do ano, ou seja, qualquer um as pode usar sem ter de pagar direitos autorais.

Escusado será dizer que as primeiras imagens de “Winnie the Pooh: Blood and Honey” (em português, “Winnie the Pooh: Sangue e Mel”) causaram furor nas redes sociais, especialmente no Twitter, onde as reações foram imediatas. “Vão fazer um filme de terror do Winnie the Pooh? Porquê?”, questiona um utilizador. Alguns mostram-se ansiosos pela estreia (ainda sem data definida). “Vai chegar em breve um filme de terror sobre o Winnie the Pooh. Estou super entusiasmado”, lê-se noutra publicação. Outros, brincam com a situação: “Nem tudo tem de ser alterado na indústria do entretenimento. Transformar o Winnie the Pooh num filme de terror? Já nada é sagrado?”

Nas primeiras imagens divulgadas vemos Pooh (Craig David Dowsett) e Piglet (Chris Cordell) a aparecerem sorrateiramente atrás de uma mulher a relaxar num jacuzzi. O aspeto fofinho que caracterizava as personagens desapareceu, e têm agora um visual adulto, macabro e quase satânico.

Afinal, o que é que aconteceu para ambos virarem serial killers e psicopatas? Numa entrevista à “Variety”, Rhys Waterfield, o realizador do projeto, explica que a culpa de tudo aquilo é de Christopher, o humano que conhecemos enquanto amigo dos animais. “O Christopher Robin afasta-se deles [quando vai para a universidade], e deixa de lhes dar comida. As vidas do Pooh e do Piglet tornam-e bastante difíceis. Tiveram de começar a lutar por si próprios, o que fez com que se tornassem selvagens. Voltaram às suas raízes animais e já não estão domados. São um urso e um porco raivosos que só querem andar à procura de presas.”

Já não é o Pooh que conhecíamos.

Não é a primeira vez que Waterfield pensa em histórias verdadeiramente absurdas. Atualmente está a trabalhar em vários outros filmes, que retratam temas como um tornado de fogo (algo que pode, efetivamente, acontecer) e uma árvore de Natal demoníaca. A ele juntou-se um estúdio que também preza pelo insólito. A Jagged Edge Productions, de Londres, já foi responsável pela produção de outros projetos que reinventam os contos infantis.

O rebuliço que causou na Internet fez com que se focassem em lançar o filme o mais rápido possível. “Graças a toda a atenção que estamos a receber, vamos começar a acelerar o processo de edição, e vamos tratar da pós-produção o mais rápido que conseguirmos. Mas, ao mesmo tempo, queremos garantir que será bom. Essa vai ser a principal prioridade.” Não espere, contudo, uma “produção ao nível de Hollywood”, visto que se trata de um projeto independente e com um orçamento muito menor.

O filme demorou apenas dez dias a ser gravado. A localização escolhida é uma referência às obras de A. A. Milne, o criador de Winnie The Pooh. Nas histórias, o ursinho e os seus amigos viviam no Bosque dos 100 Acres. Esta floresta fictícia foi inspirada em Ashdown Forest, Inglaterra, e foi aí que filmaram o slasher.

A maior dificuldade não foi o facto de estarem a mostrar outra versão de uma personagem adorada por milhões, mas sim o balanço entre o terror e a comédia. “Quando se tenta fazer um filme assim, com um conceito bastante tresloucado, é muito fácil seguirmos por um caminho em que nada é assustador e tudo é apenas ridículo e estúpido. Nós queríamos estar entre os dois.”

A cena da mulher a tomar banho no jacuzzi, por exemplo, resume perfeitamente a essência do filme. “Ela está-se a divertir-se e quando o Pooh e o Piglet aparecem atrás dela, fazem com que desmaie. Depois tiram-na da banheira e conduzem um carro por cima da cabeça dela. É assustador, mas também existem momentos engraçados, porque podemos ver as pequenas orelhas do Pooh enquanto conduz um carro para a matar”, explica.

Para não terem problemas legais com a Disney (que ainda possui a sua própria versão do Winnie the Pooh), viram-se obrigados a mudar as roupas dos protagonistas. A T-shirt vermelha de Pooh foi substituída por uma camisa de lenhador e Piglet optou por roupa escura. Os restantes personagens daquele mundo não aparecerão, embora exista uma referência ao sempre deprimido burro Igor que morreu após ser comido por Pooh e Piglet. “Quando virem os trailers e outras imagens ninguém vai pensar que isto é para crianças”, conclui o realizador.

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