Chama-se “Lupin” e é o novo fenómeno mundial da Netflix — tendo já batido os recordes de “La Casa de Papel”, apesar de as regras agora serem outras — mas as origens desta história são antigas: remontam a 1905.
Arsène Lupin é o “cavalheiro ladrão”, como ficou conhecido, criado pelo autor francês Maurice Leblanc. Originalmente o seu nome era Arsène Lopin — até um político da época, que tinha exatamente o mesmo nome, protestar e o escritor ter trocado uma letra no apelido da personagem.
Lupin foi inicialmente introduzido numa série de contos editados na revista “Je Sais Tout”. A primeira história chamava-se “A detenção de Arsène Lupin” — em julho celebra 116 anos. As suas aventuras de anti-herói carismático, de ladrão que só faz mal àqueles que são ainda piores do que ele (e que também resolve crimes), tornaram-se um marco da literatura francesa.
Terá sido inspirado em criminosos elegantes da vida real — e também influenciado por personagens fictícias, como Sherlock Holmes, entre outras. O seu sentido de humor e valores anarquistas são algumas das suas principais características.
É habilidoso, sofisticado e um verdadeiro mestre dos disfarces quando é necessário — apesar de costumar usar uma cartola e um monóculo, traços que aparecem nas capas de diferentes edições.

Ao todo, foram publicados 17 livros de Lupin, além de 39 contos (que se dividem por outros 24 livros). A personagem tornou-se tão icónica que apareceu em histórias de outros escritores, houve adaptações para banda-desenhada, peças de teatro e dezenas de produções de cinema e televisão, como esta nova série da Netflix. Nos anos 70, trinta anos depois da morte de Leblanc, foi autorizada a escrita de uma série de sequelas.
A série moderna protagonizada por Omar Sy homenageia as histórias clássicas de Lupin — mas não se trata, obviamente, de uma adaptação direta. A narrativa foca-se em Assane Diop, um ladrão engenhoso que cresceu a ler os livros de Arsène Lupin — talvez a sua grande fonte de inspiração. O livro, aliás, aparece na história.
O protagonista quer descobrir o que aconteceu ao pai há 25 anos — quando foi acusado de um crime que não cometeu, com o envolvimento de uma família rica e de um colar milionário desaparecido.
Assim, inspirando-se no seu mentor da ficção, assume a identidade de Paul Sernine (um anagrama de Arsène Lupin), quase como um herdeiro da personagem histórica, para chegar à verdade que procura.

A série tem-se tornado um enorme sucesso na Netflix e isso já se refletiu na venda dos livros. Em França, os títulos dispararam completamente nos tops de venda nacionais. E até já foi lançada uma nova edição, mais semelhante à versão do livro que aparece na produção televisiva.
Noutros países os resultados são parecidos, mesmo que não tão estrondosos — é o caso do Reino Unido, Espanha, Estados Unidos da América e Coreia do Sul, entre outros. O interesse em torno da série provocou esta onda de vendas dos livros.
Em Portugal não há edições recentes. Os últimos foram publicados em 2012 e 2015, mas já não se encontram disponíveis nas lojas.
Quanto à série, espera-se que a Netflix confirme em breve quando estreia a segunda temporada, já que as audiências têm sido esmagadoras. Tal deverá acontecer nas próximas semanas — não estando confirmado se as gravações já arrancaram ou se terão ainda de ser marcadas, tendo em conta o cenário de pandemia.
Leia também o artigo da NiT que conta a história de Omar Sy, estrela de “Lupin” e “Amigos Improváveis”, desde o bairro pobre de Paris ao luxo de Hollywood.
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