Livros

Feira do Livro do Porto traz 17 dias de festa com concertos de Gisela João e Tiago Nacarato

O programa inclui mais de 100 atividades culturais espalhadas pelo recinto do Palácio de Cristal. A entrada é livre.
Eugénio de Andrade é o autor homenageado desta edição.

A Avenida das Tílias, nos jardins do Palácio de Cristal volta a tornar-se “casa” de 115 editoras, livreiros e alfarrabistas. De 23 de agosto a 8 de setembro, sexta-feira a domingo, a Feira do Livro do Porto junta num só espaço 130 stands, sendo o ponto de encontro para leitores de todas as idades.

No ano em que se homenageia o “poeta da luz”, Eugénio de Andrade, o evento literário garante que “o lume da palavra não se extingue”. Além dos livros em exibição e venda, os diferentes espaços do jardim vão ser palco de 16 conversas, 15 sessões especiais de poesia e humor, quatro sessões de cinema, 21 concertos, sete apresentações de livros e mais de 50 atividades para bebés, infatojuvenis e famílias. 

A 11.ª edição da Feira do Livro do Porto decorrerá sob o mote “O Porto é só a pequena praça onde há tantos anos aprendo metodicamente a ser árvore, procurando assim parecer-me cada vez mais com a terra obscura do meu próprio rosto”. Esta frase é da autoria do poeta não natural do Porto, mas que viveu e escreveu por cá até aos seus últimos dias, Eugénio de Andrade, que ficará imortalizado na Avenida das Tílias, com especial destaque para a sua antologia “O sal da língua: Por mais solar que seja o coração”.

Quase duas décadas após a sua morte, o poeta, galardoado com o prémio Camões em 2004, recebe o reconhecimento máximo por parte da Feira do Livro do Porto — juntando-se, assim, a nomes como Vasco Graça Moura, Sophia de Mello Breyner, Ana Luísa Amaral e Manuel António Pina, entre outros escritores, poetas e pensadores que deixaram o seu nome inscrito na história da literatura portuguesa.

“Se para Eugénio, toda a poesia é luminosa, até a mais obscura, a Feira do Livro do Porto quer continuar a ser um espaço de luz e de celebração através da palavra, apelando às emoções e ao “coração solar” dos visitantes”, afirmou João Gesta, responsável pelo programa do evento, na cerimónia de apresentação da Feira que decorreu esta quarta-feira, 31 de julho, no Lago dos Cavalinhos (Jardins do Palácio de
Cristal).

Nesse sentido, a cerimónia de atribuição da Tília de Homenagem decorre no sábado, 24 de agosto, pelas 15 horas, marcando ainda o início de diversas atividades dedicadas à vida e obra de Eugénio de Andrade. No mesmo dia, pelas 16 horas, a conversa “Arco e Flecha: Temas de Eugénio Hoje”, moderada pela investigadora Joana Meirim, convida à reflexão sobre a intemporalidade da obra do poeta, analisando os temas que marcam a sua poesia à luz da atualidade.

Ainda no sábado, pelas 21 horas, será apresentada a primeira de quatro sessões de cinema. Nessa noite estará em exibição o documentário “Eugénio de Andrade, Coração Habitado”, que vai contar com a presença de Arnaldo Saraiva, criador e guionista da longa-metragem. A multidisciplinaridade do legado de Eugénio de Andrade poderá, também, ser comprovada com uma visita à exposição “Post Scriptum sobre a Alegria”, no Gabinete Gráfico da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, a partir da abertura da Feira do Livro do Porto, mantendo-se patente até 22 de setembro. A mostra inclui obras, livros do artista e edições limitadas.

Já no domingo, 25 de agosto, às 16 horas, decorre a sessão “A Suprema Festa da Língua: Eugénio de Andrade e a Poesia como Tradição/Tradução”, que evoca as influências nacionais e internacionais do autor homenageado e a relação estabelecida pelo poeta com os seus “mestres”. Ambas as sessões decorrem na Biblioteca Municipal de Almeida Garrett.

No âmbito da intensa programação cultural, que se prolonga por 17 dias, destacam-se ciclos de conversas, performances, oficinas, recitais de poesia e ainda atividades infantojuvenis, inspiradas na vida e obra do homenageado. “De edição para edição, o evento renova-se e vai reforçando também a oportunidade ímpar que permite aos visitantes conhecer e aprofundar o autor em homenagem e tantos outros”, afirmou Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, acrescentando: “É um evento da cidade para a cidade. O segredo está na nossa capacidade de interpretarmos aquilo que as pessoas querem da Feira do Livro do Porto. As pessoas não querem apenas um espaço onde possam comprar livros, mas estar ativos na cena cultural da cidade”.

Assim, cinco versos do “poeta da luz” vão servir de mote para cinco ciclos de conversas que vão decorrer sempre no auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett. O ciclo “São como um cristal, as palavras”, com moderação da jornalista Maria João Costa, abre as conversas da 11.ª edição da Feira do Livro do Porto, no dia 27 de agosto, às 16h30, sendo a escritora Dulce Maria Cardoso a primeira de três convidados. Com a moderação do conjunto de sessões “Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura” a seu cargo, a atriz e dramaturga Teresa Coutinho vai estar à conversa com quatro convidados, incluindo a rapper e escritora Capicua, no dia 30 de agosto, às 18 horas.

O escritor e editor Rui Couceiro foi escolhido para moderar o ciclo “Escuto um rumor: é só silêncio”, que encerra a 1 de setembro, às 16h30, com a presença do premiado Gonçalo M. Tavares. No ciclo “A poesia não vai à missa”, três convidados juntam-se à jornalista e poeta Minês Castanheira, incluindo, às 16h30 do dia 8 de setembro, a jornalista Pilar Del Río. Já a divulgadora de poesia Raquel Marinho terá ao seu lado nomes como Carlos Tê e António Zambujo, convidados para participar do ciclo “É urgente o amor”, nas sessões de 6 e 8 de setembro, respetivamente.

Na Feira do Livro do Porto há ainda espaço para sete apresentações de livros, incluindo um primeiro olhar sobre a obra “A Urgência da Cidade — O Porto e 100 Anos de Fernando Távora”. O lançamento, marcado para 25 de agosto, às 15 horas, no Lago dos Cavalinhos, encerra as iniciativas do Museu e das Bibliotecas do Porto no âmbito do centenário do arquiteto, reunindo marcos e detalhes da vida, da obra e da relação biográfica e profissional com a cidade.

Já a 28 de agosto, pelas 17h30, a Concha Acústica recebe a apresentação de duas obras de reflexão sobre a última década do panorama cultural portuense, da autoria de jornalistas do setor. As apresentações dos livros “Teatro Municipal do Porto 2013 – 2023”, de Helena Teixeira da Silva, e “Feira do Livro do Porto 2013 – 2023”, de Filipa Vaz Teixeira, vão contar com a presença do autarca portuense.

Destaque, também, para as duas pré-apresentações exclusivas acolhidas pela edição deste ano. No dia 1 de setembro, às 15 horas, o poeta Nuno Artur Silva desvenda, no auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, a coleção “Erros Meus – Poesia Incompleta”, que será publicada no próximo ano e que reúne textos da década de 80 até à atualidade. No último fim de semana desta edição, na sexta-feira, 6 de setembro, a Sala Multimédia da Biblioteca recebe, às 17 horas, a pré-apresentação intimista de “Um romance com pessoas”, aguardada obra de José Luís Peixoto.

A Feira do Livro do Porto conta igualmente com um cartaz musical diversificado. A frase “sem a música, a vida seria um erro” de Nietzsche dá nome a um ciclo de concertos acolhidos pelo auditório da Biblioteca, a partir do segundo fim de semana do evento, sempre às sextas e sábados. Inclui performances de Valter Lobo (30 de agosto, 21 horas) e Frankie Chaves (6 de setembro, 21 horas).

Os concertos ao ar livre são um dos destaques do programa

Como é habitual, os finais de tarde são na Concha Acústica, com muita música. Os concertos acontecem sempre pelas 19 horas, ao longo de 13 dias. O ciclo “É a música, este romper do escuro” vai contar com a presença de artistas como Gisela João, a 23 de agosto, Tiago Nacarato, no dia 24, ou Milhanas, a 5 de setembro. Já ao fim de semana, mais precisamente nas manhãs de 25 de agosto e 1, 7 e 8 de setembro, é a vez de o jazz nacional brilhar no Lago dos Cavalinhos, que recebe os concertos da programação Porta-Jazz.

Como a programação é para todas as idades, a 11.ª edição do evento está de portas abertas para quem está a dar os “primeiros passos” na leitura e na escrita. “O objetivo é criar desde cedo, consciência para a importância da palavra, escrita ou falada, como manifestação da imaginação. É por isso que o festival literário contemplará atividades para toda a família, incluindo sessões de contos e espetáculos para bebés”, afirma o organizador do evento.

Para miúdos e jovens há workshops e oficinas. As “Oficinas no Terreiro” são uma das novidades desta edição, pensadas para miúdos com mais de seis anos e acompanhadas por uma Equipa de Mediação do Museu e Bibliotecas Municipais do Porto. Ao longo de cinco sessões (uma em cada dia da semana, com nova sessão na semana seguinte), os mais pequenos vão transformar-se em verdadeiros “mestres dos sete ofícios”, testando artes como a escrita manual, a encadernação ou a pintura de azulejos.

A Casa Tait recebe, de 26 a 30 de agosto (para maiores de nove anos) e de 2 a 6 de setembro (para maiores de 13 anos), a iniciativa da Anilupa “Eugénio em Filme: Laboratório de Cinema e Animação”, que vai desafiar os participantes a realizarem um pequeno filme experimental, tendo como mote o imaginário de Eugénio de Andrade.

Do cinema à escrita, destaque também para a oficina orientada por Gonçalo M. Tavares, na sala Unicer, às 16 horas de 31 agosto, que desafia maiores de 12 anos a porem à prova a imaginação. Ambas as iniciativas estão sujeitas a inscrição prévia.

A entrada na Feira do Livro é gratuita, assim como a participação em todas as atividades, ciclos de conversa e oficinas infantis. Estas últimas requerem inscrição prévia que pode ser feita no site do evento, onde poderá também consultar outras informações e a programação na íntegra.

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