A poetisa, escritora e ativista política Maria Teresa Horta morreu esta terça-feira, 4 de fevereiro, aos 87 anos. A notícia foi avançada pela editora Dom Quixote através das redes sociais.
“É com profunda tristeza e sentida mágoa que a Dom Quixote, a pedido da sua família, informa que a escritora Maria Teresa Horta faleceu, esta manhã, em Lisboa. Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida”, lê-se no comunicado.
A editora expressou ainda o seu pesar pelo “desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e admiráveis do nosso tempo, reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores. Os livros de Maria Teresa Horta, esses, mantêm-se vivos e continuarão a ter o merecido lugar de destaque no catálogo da Dom Quixote”, acrescenta.
Em dezembro de 2024, a autora portuguesa foi considerada uma das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo pela BBC, sobretudo devido às “Novas Cartas Portuguesas”, uma obra escrita em colaboração com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa.
As autoras, que ficaram popularmente conhecidas como “As Três Marias”, abordavam as opressões sofridas pelas mulheres portuguesas durante a ditadura do Estado Novo e também tocavam em temas como emigração, pobreza, violência e a guerra colonial. “A coleção de ficção, poesia e erótica foi rapidamente banida em 1972 pelo governo autoritário de Portugal, e Horta e as suas coautoras enfrentaram um tribunal por obscenidade e por ‘abusarem do poder de liberdade da imprensa’”, descreve a BBC. “O caso gerou manchetes e inspirou protestos em todo o mundo” e teve um impacto significativo na queda do regime.
Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa em 1937 e estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Além de ser dirigente do ABC Cine-Clube, foi ativista nos movimentos de emancipação feminina e jornalista. No entanto, foi no campo da literatura que se destacou. A autora iniciou a sua carreira poética em 1960, mas acabou por se focar mais no romance e nas narrativas curtas. As suas obras foram publicadas em países como o Brasil, França e Itália.