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Nova obra de Rita da Nova já chegou às livrarias: “É um drama familiar a sério”

"Apesar do Sangue" já vai na segunda edição graças à forte adesão na pré-venda. A história foi inspirada num relato ouvido em família.

Durante as férias de Natal de 2023, Rita da Nova estava com a família quando ouviu uma história que lhe ficou na cabeça durante vários meses. Era sobre um homem que casou com uma mulher que já tinha um filho — e que acabou por adotar o miúdo como se fosse seu. “Não era filho biológico, mas desenvolveu uma relação próxima. Quando o casamento terminou, perdeu essa ligação com o enteado e foi uma mágoa muito grande”, contou à NiT.

Essa memória acabou por se transformar no ponto de partida para o novo romance da autora de 33 anos. “Apesar do Sangue” chegou às livrarias esta quarta-feira, 7 de maio, com o preço de 15,21€, e já está na segunda edição. O sucesso da pré-venda garantiu o reforço logo à partida.

Este fenómeno não é novo para Rita da Nova. Aconteceu com os seus dois livros anteriores, “As Coisas que Faltam” e “Quando os Rios se Cruzam”. Ainda assim, continua a surpreender-se com o apoio dos leitores. “A cada livro penso sempre que as pessoas já se cansaram de mim e que não vai correr tão bem, mas depois superam sempre as minhas expectativas.”

Enquanto leitora, admite que também vai deixando alguns autores para trás, por isso encara cada novo lançamento com alguma ansiedade. “Fico sempre muito surpreendida quando percebo que a minha base de leitores acompanha a minha carreira independentemente dos livros que lanço.”

A história acompanha quatro personagens e centra-se nos laços familiares que “construímos e que muitas vezes vão além dos laços de sangue”. Glória, a avó, é a figura central da narrativa. “É ela que nos orienta no presente da história.” Pedro, o neto, é filho de Helena e enteado de Eduardo, o padrasto que completa o núcleo. Ao longo das 248 páginas, o livro alterna entre tempos e perspetivas, e vai construindo o percurso emocional de cada um.

“Apesar de ter momentos tristes, é uma história esperançosa sobre os laços que criamos na nossa família. É um drama familiar a sério”, descreve Rita da Nova.

 
 
 
 
 
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Ao contrário dos livros anteriores, que continham elementos autobiográficos, este novo romance é “o mais longínquo” da sua realidade pessoal. Ainda assim, a autora reconhece traços seus nas personagens. Glória partilha o lado cuidador e a paixão por gatos; Helena representa o espírito inquieto. “Sinto sempre que devia estar noutro sítio. Estou constantemente a planear coisas para fazer e experiências para ter”, conta.

Pedro reflete o seu lado mais introspetivo — descreve-se como uma “falsa extrovertida” — e Eduardo espelha a sua vontade de “fazer sempre melhor” e não se conformar com o estado das coisas.

A narrativa passa-se em Lisboa, cenário que conhece bem sobretudo pelas colónias de gatos de rua, que têm um papel relevante na história. “São estes os lugares que acompanho e não sei exatamente como é que funcionam noutras cidades”, diz, assumidamente “cat lady”.

A ideia para o livro surgiu no final de 2023, quando ainda fechava o processo de edição de “Quando os Rios se Cruzam”. Passaram-se vários meses até começar a escrever. “Antes de passar a essa fase, gosto de começar a delinear tudo na minha cabeça e faço logo o esquema.”

Começou a escrever em setembro, nos cafés, bibliotecas, livrarias ou casas de amigos. Em janeiro, enviou o primeiro rascunho para a editora. Durante esse processo, falou com pessoas que passaram por situações semelhantes às das personagens. Acredita que “Apesar do Sangue” é diferente dos livros anteriores, sobretudo por explorar várias perspetivas e saltos temporais. “Falo do ponto de vista de uma mulher, mas também de um homem.”

A estrutura foi também o maior desafio. Criou quatro documentos, um para cada personagem. “Quando abria o documento conseguia mergulhar na história de cada um.”

“Neste caso tive de entender o que é que fazia sentido cada personagem contar porque, como estava sempre a alternar, não fazia sentido repetir acontecimentos que os leitores já conheciam. Debati-me muito com isso”, revela.

No final, há uma mensagem clara que Rita da Nova espera deixar a quem ler o livro. “A importância das ligações que temos com as pessoas, independentemente de serem da família ou não.” Para a autora, “Acho que podemos criar a nossa própria família.”

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