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“Morte nas Caves” é o novo thriller que explora o lado sombrio das caves do vinho do Porto

É a nova obra de Lourenço Seruya, autor português que assume a influência dos policiais de Agatha Christie.

Quando terminou o seu primeiro romance, “A Mão que Mata”, em 2018, Lourenço Seruya fez uma escapadinha até ao Porto. Visitou algumas caves de vinho do Porto e, assim que sentiu o aroma no ar, teve um pensamento súbito: aquele cenário dava um excelente pano de fundo para um crime. A ideia ficou no bolso durante vários anos, até que se concretizou com o lançamento de “Morte nas Caves”, que chegou às livrarias a 29 de maio.

A intenção inicial era espalhar a ação por várias caves da cidade, mas percebeu que o impacto seria maior se concentrasse tudo num único local. A escolha recaiu sobre as Caves Ferreira, que visitou propositadamente três vezes, apesar de viver em Lisboa.

“No início do ano passado fui visitar várias caves. Comecei junto à Ponte D. Luís I e fui andando pelo cais até chegar ao final. Não havia nenhuma que despertasse entusiasmo, mas assim que entrei na última, algo se agitou dentro de mim”, conta à NiT o autor de 32 anos.

Durante a visita guiada, atravessou um túnel no interior dos armazéns. “Quando entrei ali, a agitação começou a crescer e percebi que era aquela a casa ideal para o meu livro. Depois da visita, comecei a fazer o planeamento da história”, lembra.

Tal como nas obras anteriores, também nesta ocorre um homicídio brutal. Desta vez no Porto. Tudo começa com um jantar de verão dos trabalhadores das Caves Ferreira. O ambiente era de festa e já passava da meia-noite quando os últimos funcionários saíram. Um deles, no entanto, regressou — e o seu corpo foi encontrado na manhã seguinte, junto ao túnel, envolto em sangue e sinais de agressão. A investigação fica a cargo do inspetor Bruno Saraiva, recém-transferido para a Polícia Judiciária do Porto.

“Um estranho pormenor salta imediatamente à vista: os registos mostram que todos os funcionários saíram das Caves antes da hora do crime. Haveria mais alguém nas Caves naquela noite? Como terá conseguido apagar o seu rasto? Com poucas evidências que indiquem a identidade ou a motivação do assassino, a polícia terá de mergulhar no passado da vítima para chegar à verdade. Conseguirá fazê-lo a tempo de evitar mais um homicídio?”, lê-se na sinopse.

Apesar de o crime ser o centro da história, “Morte nas Caves” não vive só disso. Há várias tramas paralelas, igualmente importantes para o autor. “Um policial não deve ser só uma história sobre crimes e deve ter algo mais do que isso. Portanto, neste livro, tal como nos outros, fiz questão de incluir algumas narrativas referentes a temas e questões atuais que se prendem com relações humanas e preconceitos”, revela.

Não entrega muito sobre os temas, para evitar estragar surpresas. Mas deixa algumas pistas. “O tema das relações humanas não reúne consenso e achei que seria interessante abordá-lo. Fiz questão de expor duas opiniões distintas.” Também quis explorar o preconceito e como certas pessoas continuam a enfrentar barreiras na integração social e profissional.

Antes de arrancar com a escrita, Lourenço revisitou os seus livros anteriores para evitar repetir fórmulas. Rapidamente percebeu o que queria fazer de diferente: “Queria explorar um crime que tem raiz no passado. É uma sombra de algo que aconteceu anteriormente.”

Ao longo da história, o leitor encontra pistas falsas e verdadeiras. Umas ajudam a resolver o caso, outras baralham quem lê — para que, no fim de cada capítulo, continue sem saber quem é o culpado.

Começou a escrever o livro em abril do ano passado e já em agosto tinha o primeiro rascunho pronto. “Foi tudo muito rápido, muito feliz e muito suave. Não houve dificuldades por aí além.” O processo decorreu em casa, como de costume. “Preciso do máximo possível de silêncio. Numa esplanada sentir-me-ia observado, apesar de que, provavelmente, ninguém estaria a olhar para mim”, brinca.

Sabe que se distraía facilmente num café. “Se alguém entrasse, ficaria a olhar para ver o que iria comer.” Assume-se influenciado por autores como Agatha Christie e Camilla Läckberg.

Agora que “Morte nas Caves” já chegou às livrarias, o objetivo de Lourenço é claro. “Quero que os leitores se divirtam quando estiverem a ler e que a história e as personagens sejam uma ótima companhia. Se eventualmente os deixar a pensar sobre os temas secundários, também ficarei satisfeito.” O livro tem 332 páginas e está à venda por 17,99€.

 

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