Anthony Bourdain e Asia Argento viveram uma relação atribulada. Cinco dias antes da morte do apresentador, uma crise de ciúmes terá dado origem a uma intensa discussão, revela o jornalista Charles Leerhsen na sua biografia não-autorizada do chef, “Down and Out in Paradise: The Life of Anthony Bourdain”.
O protagonista de programas de gastronomia e viagens deparou-se com uma fotografia da namorada a dançar com outro homem, num restaurante romano que ambos frequentavam. Bourdain terá ficado “a ferver”.
“Estou bem. Não quero ser vingativo. Não tenho ciúmes por teres estado com outro homem. Não sou teu dono. Tu és livre, como te disse, como te prometi”, terá escrito Bourdain a Asia Argento, no dia anterior ao seu suicídio. “Mas foste descuidada. Foste irresponsável com o meu coração. Com a minha vida.”
Nas mensagens trocadas com Argento, e às quais Leerhsen terá tido acesso, Bourdain mostra-se magoado pelo facto de a fotografia comprometedora ter sido tirada num restaurante que era tão caro ao casal. “Não consigo lidar com isto”, terá respondido a atriz.
A discussão terá levado ao fim inevitável da relação, que foi sendo debatida por mensagem escrita entre os dois, nos dias que antecederam o desfecho trágico. “Há algo que possa fazer?”, terá implorado Bourdain. “Pára de me chatear”, respondeu Argento. O apresentador encerrou a conversa com um curto “OK”. Terá sido a última mensagem enviada antes de se suicidar.
Quem foi alvo dos desabafos de Bourdain foi Ottavia Busia-Bourdain, a sua ex-mulher, que se manteve até ao fim como uma das suas melhores amigas. “Odeio os meus fãs. Odeio a fama. Odeio o meu trabalho”, escreveu, num excerto publicado pelo “The New York Times”. “Sinto-me só, a viver numa constante incerteza.”
Confrontada com as revelações, Asia Argento explicou ao jornal norte-americano que teria avisado Leerhsen antes da publicação. “Disse-lhe muito claramente que não poderia publicar nada do que lhe contei.”
A atriz, filha do realizador Dario Argento, comentou a trágica morte de Bourdain em 2018. “As pessoas dizem que sou culpada pela sua morte. Dizem que o matei. Compreendo que o mundo precise de um motivo. Eu também gostava de encontrar um porquê”, contou. “As pessoas precisam de pensar que fui eu que o matei. Ele também me traiu. Isso não era um problema para nós”, revelou a atriz na altura.
E acrescentou: “Ele era um homem que viajava durante 265 dias por ano. Quando nos víamos, aproveitávamos com grande prazer a presença mútua, mas não éramos crianças. Éramos adultos”.