Música

A zanga que separou Olivia e Taylor — a princesa e a rainha da pop que vêm a Portugal

Novata foi acusada de copiar a ex-musa e teve de lhe ceder milhões. A relação nunca mais foi a mesma — embora ambas o neguem.

A notícia chegou a Portugal com estrondo. Olivia Rodrigo foi a mais recente promessa mundial da pop a colocar Lisboa na rota da sua próxima digressão — toca na Altice Arena a 22 de junho de 2024. E, o facto de o sistema de compra de bilhetes ser semelhante ao de Taylor Swift, atesta à procura esperada — com meio mundo a querer ver a “próxima grande estrela” da música.

É mais um talento da Disney a tornar-se campeã de vendas aos 20 anos. “Guts”, o disco que acaba de lançar, é apenas a continuação do sucesso que baralhou as contas dos rankings quando Olivia Rodrigo tinha apenas 18.

“Sour”, lançado em 2021, valeu-lhe a conquista de três Grammys — Melhor Álbum Pop, Melhor Performance Pop e Melhor Artista Revelação. Encaixou em diversas listas dos melhores do ano, casos das prestigiadas “Billboard” e “Rolling Stone”, e tudo isto levou a que fosse estrela de um documentário na Disney+. E o mesmo sucesso parece repetir-se com “Guts”.

O resultado era inevitável: Rodrigo na capa da “Rolling Stone”. A entrevista que antecipou o lançamento ficou também marcada por outro tema que causa tanto motivo de conversa quanto os seus singles, a alegada zanga com Taylor Swift que, em tempos, afirmou ser a sua inspiração.

Confrontada com o facto de existir “animosidade” entre si e Swift, Rodrigo respondeu: “Não estou zangada com ninguém. Sou muito relaxada e reservada. Tenho as minhas quatro amigas e a minha mãe e é apenas com elas que falo”, afirmou. “Não há mais nada a dizer.”

A resposta algo evasiva não convenceu muitos fãs que continuam a desconfiar que algo se passa. O que é certo é que a aparente relação de admiração mudou definitivamente de 2021 em diante.

Rodrigo tem, aos 20 anos, um currículo que começa na televisão, onde brilhou nas séries “Bizaaardvark” e na paródia de “High School Musical”, a “High School Musical: The Musical: The Series”. Mas foi com o tema “Drivers License” que finalmente se tornou mundialmente conhecida — e deixou para trás a televisão.

Tal como Swift, Rodrigo usou o disco para exorcizar os desgostos amorosos. Era, definitivamente, um “breakup album”, entre especulação de ligações amorosas complicadas entre o seu colega de elenco Joshua Bassett e a atriz Sabrina Carpenter.

Rodrigo nunca escondeu a inspiração pelo trabalho de Taylor Swift. “Estou sempre a admirá-la, constantemente. É verdade que não seria a compositora que sou hoje se não tivesse crescido a ser inspirada por tudo o que ela faz”, contava durante a campanha de lançamento de “Sour”. “Ela até me enviou uma carta que abri ontem. Era uma carta escrita à mão porque, sim, ela é mesmo incrível. Não é deste mundo.”

Foi neste clima de elogios mútuos que se encontraram nos Brit Awards de 2021. As duas posaram para as fotos que haveriam de espalhar pelas suas redes sociais. A paixão, contudo, durou muito pouco.

As duas nos Brit Awards de 2021

Pouco tempo depois do lançamento de “Sour”, começaram a surgir acusações de plágio nos bastidores. Entre outras “supostas inspirações”, dizia-se que Rodrigo copiara, aqui e ali, alguns elementos para os seus temas. De Elvis Costello a Paramore e, aparentemente de forma inevitável, Taylor Swift. Este poderia ter sido um caso resolvido em tribunal, num longo e dispendioso processo. Não foi. Rapidamente, Rodrigo acrescentou créditos de co-autoria aos temas em questão.

A semelhança do seu “Déjà Vu” a “Cruel Summer” levou a que na lista de autores passassem a figurar Taylor Swift, Jack Antonoff e St. Vincent. Os primeiros dois foram também colocados como autores de “1 Step Forward, 3 Steps Back”.

Rodrigo abriu o jogo numa entrevista. “Todas as canções têm quatro acordes. Essa é a parte divertida — conseguir torná-los numa coisa só tua”, explicou enquanto falava da “inspiração de artistas” que vieram antes de si e do “bonito processo de partilha”.

Considerou, no entanto, as acusações “desapontantes” e “descontextualizadas”. Hoje, em 2023, faz mais revelações sobre esses dias. “Fui surpreendida. Na altura, foi tudo muito confuso, eu era muito verde”, explicou. Tinha sido ela ou não a tomar a decisão de atribuir o devido crédito às “inspirações”? Ou foi forçada a isso receando ser levada a tribunal? “Foi algo no qual não estive muito envolvida”, esquivou-se a responder.

A verdade é que a atribuição tem sido paga a peso de ouro, uma vez que os lucros têm sempre de ser divididos com os co-autores. Se já não é só o seu nome a figurar na lista, isso implica que recebe apenas uma parte dos milhões que fatura. Basta fazer as contas ao prejuízo.

Rodrigo e o seu produtor e co-autor habitual, Dan Nigro, perderam, segundo contas da “Billboard” em 2021, mais de dois milhões de euros só em direitos dos três principais temas. Dois anos depois, a fatura, certamente, aumentou.

A lista de autores de “Sour” não foi a única coisa que mudou no final de 2021. Os fãs, sempre atentos, notaram que, ao contrário do que acontecera até então, Rodrigo e Swift nunca mais se mencionaram mutuamente. Nem sequer elogiaram ou aplaudiram os lançamentos de uma e outra, como já o haviam feito.

Rodrigo começou também a fazer comentários que muitos interpretam como tendo outros significados. Numa conversa com Alanis Morissette, a veterana falava sobre o início da carreira e a fama. “Havia muito bullying, muita inveja, e pessoas que adorei toda a vida adorei revelaram-se ser péssimas”, atirou. Rodrigo respondeu de imediato: “Igual”.

A ausência de Rodrigo nas plateias da gigantesca digressão de Swift, a “Eras Tour”, também foi notada. Sobretudo porque não há artista ou celebridade que não tenha passado pelas zonas vip das muitas dezenas de concertos que Taylor deu pela América do Norte. Rodrigo foi franca e confirmou, ao “The New York Times” que não, não viu qualquer concerto da artista que um dia afirmou ser a sua musa.

E, por fim, o toque que revelaria que a aluna aprendeu bem com a mestre a usar a sua própria arma. Para muitos, as letras de “Vampire”, o primeiro single do novo disco, são inteiramente direcionadas a Swift.

“Cometi muitos erros, mas tu fazes com o que o meu pior erro pareça bom; Devia ter percebido que o facto de apenas saíres à noite era estranho; Achava que era esperta, mas fizeste-me parecer ingénua, na forma como me vendeste aos bocados; Foste ficando os dentes em mim, sanguessuga, famefucker, e sugaste-me o sangue como um raio de um vampiro.”

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