A reunião dos Scissor Sisters no Kalorama foi uma celebração da sexualidade

Antes de chegarem ao palco, já se ouvia “Baby I’m Burnin'”, de Dolly Parton, a soar nas enormes colunas do palco principal do Kalorama esta sexta-feira, 20 de junho. As luzes apagaram-se e, após 12 anos, os Scissor Sisters estavam a atuar num festival — um marco que o vocalista fez questão de mencionar.

O grupo surgiu com algumas alterações: Jake Shears, Babydaddy e Del Marquis mantêm-se, mas Ana Matronic recusou o convite para a reunião que celebra os 20 anos desde o lançamento do álbum homónimo da banda (que fez com que se tornassem em estrelas mundiais). O trio não veio sozinho, trouxe duas coristas: Amber Martin e Bridget Barkan. 

O concerto arrancou no Parque da Bela Vista, em Lisboa, ao som de “Laura” e, com a energia habitual, Jake entrou a saltar, vestido com um outfit de ganga cheio de brilho e reminiscente dos anos 2000, década em que a banda atingiu o auge.

Graças à forma como se move pelo palco, ninguém diria que o vocalista tem atualmente 46 anos. “Boa noite, Lisboa”, gritaram. Antes de passarem para “Tits on the Radio”, Amber Martin fez um pedido ao público: “Mostrem-nos as vossas mamas. Mamas de fora”.

Durante o concerto, era impossível encontrar alguém no recinto que não estivesse animado, não só graças às piadas constantes, mas também graças aos passos de dança cómicos, como os que se viram em “I Can’t Decide” — que também juntaram alguns toques de sapateado. “Este é o primeiro festival em 12 anos. Passou-se muito tempo. Homossexuais, amo-vos”, disseram.

Uns segundos depois, apareceram com figurinos bem diferentes, mas igualmente excêntricos e cheios de brilho. “Estão excitados?”, perguntou Amber ao público. “Eu estou excitada”, respondeu a própria antes de começarem a interpretar “Any Which Way” com gemidos intensos em palco.

Ao longo de mais de uma hora, também houve uma participação muito especial no concerto: Ian McKellen. Não apareceu fisicamente, como aconteceu nos espetáculos dos Scissor Sisters no Reino Unido, mas sim durante a interpretação de “Invisible Light”, onde teve um monólogo transmitido no grande ecrã antes de se ouvirem os primeiros acordes.

O concerto da banda foi uma celebração da vida, da música, da carreira e, acima de tudo, da sexualidade livre de preconceitos, algo que realçaram em “Lets Have a Kiki” e, claro, no hit “Don’t Feel Like Dancin'”. “Foi muito especial voltar a Portugal após tanto tempo e está a ser incrível ver as vossas caras”, disse Shears.

Ao contrário do que normalmente acontece, as surpresas não foram apenas para o público. Na reta final do espetáculo, o vocalista pediu que todos no recinto cantassem os parabéns a Bridget, que ficou em lágrimas.

Para acabar esta aguardada reunião, a banda norte-americana optou por “Filthy/Gorgeous”. E para garantirem que o amor permanecia no ar, pediram que todos os membros da plateia olhassem uns para os outros e dissessem que são lindos.

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