O primeiro encontro foi digital e aconteceu por acaso. Alex Sweeney andava pelo Instagram, quando reparou na story de uma amiga. Ouviu Sofia Costa a cantar e decidiu enviar-lhe uma mensagem com um convite para uma jam session.
Estavam ambos em sintonia. As jam sessions foram-se sucedendo, até que decidiram juntar-se sob o nome de Also. Agora, em dupla, são um dos jovens talentos que encontraram um espaço no lote de dez finalistas da quarta edição do New Talent, o concurso promovido pela NiT, TVI e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para eleger os melhores jovens talentos de Portugal na área do lifestyle. No final, o vencedor irá receber 10 mil euros para desenvolver um projeto pessoal ao longo do próximo ano.
Alex tem 26 anos e nasceu em Bruxelas. Pelo apelido e pelo BI, ninguém esperaria o sotaque português perfeito. Filho de um irlandês e de uma portuguesa, veio para Lisboa com apenas um ano.
A música não foi sempre a sua paixão. Teve, aliás, uma paixoneta falhada com a guitarra. “Tinha sete anos quando comecei a estudar guitarra e na altura ouvia o que dava na rádio. Na escola, aprendia coisas mais clássicas e, ao fim de um ou dois anos, fartei-me”, conta.
Rapidamente trocou a guitarra pelo skate. Chegou mesmo a participar em competições, até que partiu um pé e ficou imobilizado durante vários meses.
“Era verão, tinha para aí 14 ou 15 anos, e estava triste, fechado em casa porque não podia sair. Quem me fazia companhia era um amigo e vizinho, que ia ter comigo e levava sempre a guitarra dele”, recorda.
Começaram a tocar juntos e, no final do verão, percebeu que se tinha voltado a apaixonar pela guitarra. Acabaria por decidir fazer desse amor uma profissão e formou-se em Jazz e Música Moderna.
Já Sofia, sempre viveu e cresceu em Lisboa e, a certa altura da juventude, decidiu também aprender a tocar um instrumento. “Fui para a escola de música, algures no 6.º ano, e escolhi o violino”, conta. “Aconteceu-me algo semelhante. Eu ouvia soul, R’n’B, pop. Na escola aprendia apenas os clássicos. Desisti ao fim de um ano.”
Sabia, contudo, que tinha outro talento: a voz. Percebeu-o rapidamente e, com 14 anos, decidiu ter aulas privadas de canto. “Foi quando que comecei a interessar a sério pela música, porque até aí era muito tímida, não cantava à frente de ninguém.”
De gostar de música a fazer dela profissão, ia um caminho longo. Sonhava com medicina, mas rapidamente tirou daí o sentido. “No 10.º ano percebi logo que não tinha as notas de um futuro médico. Os meus pais achavam que eu seguiria outra coisa qualquer, que não música. Ficaram chocados quando cheguei ao fim do secundário e lhes disse o que queria fazer, mas agora apoiam-me.”
Foi por essa altura que se cruzou com o convite de Alex. “Estava a cantar a ‘I Want You Around” da Snoh Aalegra. Convidei-a para marcarmos uma jam session, correu bem e combinámos mais umas”, explica o jovem de 26 anos.
“Eu também gostava de produzir em casa e pensei que era giro mandar-lhe uma das minhas produções para ver se ela conseguia encaixar a voz e uma letra. Foi tudo muito espontâneo e fácil”, diz.
O entusiasmo levou Sofia a decidir também formar-se em Jazz e Música Moderna, curso que está atualmente a frequentar. “O Alex teve uma grande influência na decisão, motivou-me bastante, tal como a minha professora de voz.”
A combinação de estilos e de talentos funcionou na perfeição e, às tantas, Sofia também já se envolvia no processo de produção de Alex, e vice-versa. Sob o nome de Also, lançaram o primeiro tema no final de 2020, “Ready”. Contam já pelo menos onze temas feitos e lançados, apesar de só em maio terem lançado o primeiro EP, “Daydreaming”.
Pelo meio, neste percurso dos Also, surgiu uma oportunidade única: a de mostrarem os talentos num dos programas mais vistos da televisão nacional, o “The Voice”.
Concorreram em conjunto, mas Alex não sobreviveu ao casting. “Eles queriam que eu cantasse, mas eu não me queria envergonhar (risos).”
Sofia também já tinha concorrido, mas não passou das audições. Em 2021, o cenário foi outro, foi avançando e, apesar de não ter chegado às fases finais, mostra-se orgulhosa do que conseguiu.
“Foi uma experiência agradável, mas também muito difícil, porque há ali um fato de exposição muito maior do que num simples concerto”, dexplica. “Ajudou-me muito ao nível da confiança, de não ter medo de sentir, de cantar o que estou a sentir, de não ter medo de estar exposta.”
E o que tocam os Also? “Uma mistura de pop, r’n’b, neo soul, um bocadinho de jazz”, explica Alex Sweney, que Sofia acrescenta: “É uma mistura de vários géneros que nos influenciam.”
Já com vários temas originais nas mãos, começaram também a dar concertos e têm até uma banda preparada para tocar ao vivo. Falta o próximo grande passo: o de lançar um disco de originais. O conceito, esse também já está alinhado.
“A minha avó é alentejana e vivia em Porto Covo. Um dia estava a almoçar com ela e ela contou-me que quando era pequena, gostava de ir à baía colher maias — que são flores, lírios — e que ‘hoje, quem diria, sou avó de uma maia’, em referência ao meu nome, Sofia Maia Costa. Achei que foi tão lindo, verdadeiro, íntimo”, recorda. Daí e em conversa com Alex, surgiu a ideia de partirem daí para a criação de um álbum só com histórias dos avós.
Por enquanto, têm já três temas terminados e outros tantos por fazer. E é por esse caminho que querem seguir e onde querem aplicar o potencial prémio do concurso New Talent. “Ia ajudar-nos a poder gravar videoclipes, tratar das capas e do design, mas também apostar na parte da promoção e divulgação, que é sempre dispendiosa.”