Durante 20 anos, Eduardo Alexandre e Filomena Oliveira estiveram à frente de um restaurante. O Praia Grande, em Albufeira — mesmo atrás da Praia de São Rafael — trouxe-lhes amigos que mantêm até hoje, mas, ao mesmo tempo, foi uma verdadeira prisão. Durante duas décadas, não tiveram uma única folga e as férias eram apenas um sonho distante.
Tudo mudou para o casal em 2024, quando decidiu largar tudo. Agora com 68 e 62 anos, respetivamente, dedicam o tempo livre à música — e poucos são os grandes concertos em Portugal em que não estejam presentes. O Kalorama, claro, não escapou do seu roteiro e já se preparam para o aguardado concerto dos Pet Shop Boys no palco principal, marcado para esta quinta-feira, 19 de junho. no Parque da Bela Vista, em Lisboa.
“São os antigos a verem os velhinhos”, brinca o casal em conversa com a NiT. Apesar de serem fãs do grupo desde os anos 80, é a primeira vez que os veem ao vivo. As expetativas estão, claro, elevadas. “É impossível esquecer aquelas músicas que ouvíamos com os amigos. Estamos cá pela nostalgia”.
Não faltarem a um concerto é algo que, para o casal, faz todo o sentido. Afinal, foram décadas seguidas de trabalho, sem aproveitarem a vida. “Agora nem sabemos se temos 20 anos pela frente, por isso temos de desfrutar destas experiências enquanto podemos”, diz Filomena. “Nós gostamos muito deste ambiente.”
Eduardo Alexandre, natural de Lisboa, e Filomena Oliveira, de Santarém, vão fazer, em outubro, 25 anos desde que estão juntos. O casamento aconteceu finalmente em 2020, também a 29 de outubro, precisamente quando fizeram 20 anos de namoro — e após meses fechados em casa devido ao confinamento.
Antes de serem donos de um restaurante, o casal trabalhava em ramos completamente diferentes. Ele, licenciado em Gestão de Empresas, estava na área financeira e passou por bancos como o Montepio. Nos anos 90, foi para o Algarve para ser administrador numa empresa em Albufeira. Já Filomena era cabeleireira e estilista.
Foi em 2004 que conheceram o Praia Grande e ficaram completamente apaixonados. Agarraram no projeto nesse mesmo ano e remodelaram tudo. Nos anos seguintes, dedicaram todo o seu tempo ao estabelecimento que “teve algum sucesso”. No entanto, dizem que “foi uma prisão” e uma experiência “horrível, como acontece muito na restauração”. “Para quem está na cozinha é horrível e uma escravidão. Não tínhamos férias e estávamos saturados.”
Tentaram passar o negócio para os filhos, mas eles “não quiseram agarrar em algo de mão dada”. “Percebemo-los porque atualmente, e acho muito bem, a juventude privilegia as folgas e as férias. A restauração não permite que isso seja possível”, lamenta.
A passagem pelo festival que decorre até 21 de junho no Parque da Bela Vista, em Lisboa, é apenas uma paragem em várias que já fizeram desde o ano passado. Não faltaram ao NOS Alive, Rock in Rio e, mais recentemente, estiveram no espetáculo de Andrea Bocelli em Leiria, dos Calema em Lisboa, e dos Guns n’ Roses em Coimbra — têm um gosto musical bastante versátil, portanto.
“Disseram mal do concerto dos Guns, mas foi espetacular. Com aquela idade não se podia exigir mais porque foram três horas de espetáculo”, dizem.
Nos próximos tempos, não vão faltar à atuação dos Imagine Dragons no Estádio da Luz e, claro, vão estar nesta edição do Alive. “Vamos continuar a dedicar o nosso tempo livre aos concertos e festivais. No fundo, vamos gastar o dinheiro todo.”
Ver esta publicação no Instagram