Foi em 2018 que Bárbara Tinoco se apresentou ao País no “The Voice Portugal”, onde se destacou, embora não tenha conseguido vencer o programa da RTP1. Apenas quatro anos passaram, mas tudo mudou na vida e carreira da artista portuguesa de 23 anos.
Hoje, é uma das maiores certezas da nova geração da música pop nacional. As suas músicas somam milhões de visualizações em plataformas como o YouTube ou o Spotify. Percorre palcos de norte a sul do País, desde festivais a festas populares.
No ano passado, lançou o álbum “Bárbara,” e também o disco “Desalinhados”, com vários duetos. Este domingo, 19 de junho, atuou no palco Galp Music Valley do Rock in Rio Lisboa. A NiT encontrou Bárbara Tinoco nos bastidores para uma (rápida) conversa antes do concerto. Leia a entrevista.
Hoje em dia está, obviamente, muito mais habituada aos espetáculos e à vida de palco. O que diria que mudou nos últimos anos?
Mudou tudo. Acho que sou muito mais espontânea, muito mais divertida, muito melhor cantora, muito melhor música. Tenho menos vergonha, divirto-me mais, e acho que o concerto é bom quando o músico se diverte. Quando o músico não se diverte, ninguém se diverte.
Essas mudanças têm a ver simplesmente com a experiência, ou procurou alterar coisas específicas para que melhorassem a atuação?
Sou sincera: fiz umas aulas de dança para me poder mexer mais à vontade. Não era para dançar, eu não sei dançar, era para me mexer. E foi cantar muito e ouvir muito, perceber o que estava a fazer mal, todas essas coisas de muito, muito trabalho, e de querer fazer um grande espetáculo.
Tinha aquele nervosismo inicial, suponho, quando começou a dar concertos.
Tinha. E muita vergonha. Até aos 18 anos não cantava para ninguém, não era uma coisa muito natural em mim… O palco não é uma coisa natural em mim, é algo em que tenho de trabalhar. Escrever canções saem de mim como se estivesse a vomitar palavras. Cantar não é assim. É preciso mais corpo e menos alma [risos].
Essa timidez, que por vezes pode ser oposta ou contraditória com o mundo do espetáculo, é algo em que se trabalha? Para se ser mais extrovertida em palco?
Acho que se trabalha. Há pessoas que nascem com aquilo, parece que são feitos para serem bichos de palco. E há pessoas que não são tão boas, mas têm outras coisas boas, porque um artista é feito de muitas coisas. Não é só de uma grande voz ou de movimentos de dança. Eu, pronto, sou como sou, seja isso bom ou mau [risos].
No ano passado, lançou bastantes músicas novas. Já está a trabalhar em outros temas, ou ainda não?
Estou a escrever o meu disco novo, assim devagarinho. Gostava de ter um disco novo para o ano, mas sei que é um bocadinho ambicioso.
Já consegue apontar diferenças em relação aos novos temas? Ou vem no seguimento do que lançou no ano passado?
Sinto que sou eu na mesma, mas estou a tentar fazer coisas novas e ao mesmo tempo sair de mim porque acho que… mesmo o meu disco tem muitos estilos diferentes lá dentro. Acho que é a minha forma artística de ser, gosto de muita coisa diferente, oiço muita música diferente. E gosto de experimentar. No fundo, fazer este disco novo passou por uma fase de não saber o que queria fazer para “olha, vamos experimentar” e “gosto bué desta canção” ou “odeio esta canção”.
As diferenças são sobretudo em relação à escrita ou a sonoridades?
Acho que tem um bocadinho do outro disco e tem coisas novas. É o meu universo que não quero deixar – e abrir-me um bocadinho a outros campeonatos e ver outras coisas.
Sente que o seu público tem crescido consigo, mas também tem captado pessoas que no início não a acompanhavam tanto?
Tenho um público que é aquele de que gosto de ter: tanto a minha irmã Bia, que tem 13 anos; como a minha avó, que tem 60 e poucos; todos conseguem ouvir não todas as músicas, mas algumas canções toda a gente consegue ouvir, perceber e identificar-se. Gosto de fazer música para toda a gente, embora às vezes goste de fazer assim umas coisas mais modernas que a minha avó não gosta. Mas às vezes também gosto de fazer umas coisas mais crescidas que a minha irmã não gosta. Gosto de cantar para toda a gente.
Como tem sido a experiência no “The Voice Kids”?
Tem sido muito bom. Acho que é muito fixe os miúdos poderem olhar para uma pessoa que levou um não direto. Porque às vezes os artistas dizem “levei muitos nãos até chegar aqui”, mas ninguém viu, por isso ninguém sabe, não conseguem pôr-se na pele do outro.
Neste caso foi mais palpável.
Exato. No meu caso, as pessoas conseguem mesmo perceber o que senti, ou conseguem imaginar. E as crianças também saem dali com outra confiança, com outro ânimo, e acho que é o meu papel… Porque sou novinha, não sei se tenho assim tanta coisa para ensinar. Esse é mais o meu papel.
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