O disco é novo, mas alguns hits já são velhos conhecidos dos fãs e das rádios. “Faz Gostoso”, “Má Vida” e “Eu Avisei” fazem parte dos 15 temas do álbum “Blaya con Dios”, lançado a 27 de maio, o mesmo dia em que a cantora fez anos.
Seis anos depois do primeiro EP a solo, de 2013, Blaya edita um novo disco resultante de uma mistura de influências do rap e de ritmos africanos e brasileiros, e também de um trabalho em equipa que contou com a participação de Virgul, MC Zuka, No Maka e Deejay Telio, entre outros.
Em 24 horas, o vídeo do novo single, “Só Love”, já foi visto por mais de 70 mil pessoas no YouTube. O videoclip tem a dança como ponto central. Segundo a cantora e bailarina, a mensagem a ser transmitida é que é possível encontrar o seu lugar no mundo através da dança.
Além de investir na carreira musical, Blaya começa a entrar no mundo da moda. A primeira coleção da marca Blaya con Dios Store foi lançada apenas no Instagram no mês de abril e já está quase esgotada. Em breve, a linha vai contar com T-shirts e leggings sensuais.
A NiT falou com Blaya a propósito do novo álbum e das inspirações deste trabalho.
O álbum “Blaya con Dios” reúne grandes sucessos e também músicas novas. Como foi feita a seleção para o disco?
Antes de começar a tour, no final de 2017, nós estivemos dois dias em estúdio com vários songwriters e produtores. Destes dois dias saíram 21 músicas e dessas escolhi 12, mas desde aquela altura até agora fui acrescentando mais temas que eu queria explorar mais. Basicamente, o processo foi este. Nós fizemos isto tudo antes da primeira tour e desde o ano passado canto as músicas deste álbum nos concertos.
O que os fãs podem esperar deste lançamento: um reforço da sua identidade musical ou algo completamente diferente?
Sou uma pessoa que tem muitas influências desde o afro, o funk do Brasil e o rap. Então, todos os meus álbuns vão ter sempre estas influências. Como este foi o meu primeiro álbum a solo, quis focar um bocadinho mais no meu sotaque brasileiro [Blaya tem nacionalidade portuguesa mas nasceu no estado brasileiro do Seará] e mostrar um bocadinho mais deste meu lado às pessoas. Este trabalho é basicamente um mix de todas as minhas influências. Não é algo completamente diferente, mas também é pelo facto de eu já estar a juntar muitas influências e por colocá-las todas num só álbum.
Algum dia imaginou que a música “Faz Gostoso” seria este sucesso estrondoso e faria parte de um álbum da Madonna?
A música é universal. Ainda por cima com a Internet, chega mesmo a todo lado. O facto de a Madonna estar a viver em Portugal fez com que ela ouvisse o “Faz Gostoso” muito mais vezes do que ouviria, tanto nas rádios como com os filhos. Então, ela começou a gostar. Na verdade, não imaginamos nada. Fizemos apenas música. Fizemos o melhor que nós conseguimos para tentar chegar a toda gente e deixámos simplesmente acontecer. Não foi propositado mas, ao mesmo tempo, foi muito trabalhado para que isso acontecesse.
E a Blaya já ouviu a música? Gostou da versão?
Sim, claro. São duas artistas completamente diferentes, mas a essência da música do “Faz Gostoso” está lá. Isto é o mais interessante. Madonna e Anitta colocaram cada uma a sua vibe, a sua magia, mas a essência da música original ainda está lá. Elas deixaram isto acontecer e é muito bom.
O novo álbum foi lançado no dia do seu aniversário. Foi uma comemoração?
Foi um presente para mim mesma e para todas as pessoas que gostam da minha música. Quando faço anos, gosto sempre de oferecer coisas em vez de receber. Foi isso que eu quis fazer, oferecer tanto às pessoas como a mim própria.
O videoclip do single “Só Love” valoriza os passos de dança. Foi o seu lado de bailarina que quis apostar num vídeo com este tema?
A coreografia é do Sérgio Alegria. Ele é coreógrafo dos meus concertos e também é bailarino nas minhas apresentações. Foi assim que sempre imaginei o “Só Love”. Hoje em dia, as pessoas parecem estar mais abertas mas, na verdade, estão cada vez mais fechadas, cada vez mais com medo e receio de mostrar os seus sentimentos. Com o vídeo, quis passar a ideia de que através da dança podemos mostrar vários sentimentos. Ficamos tristes, alegres, confusos, mas através da dança abrimos mais os nossos horizontes e, talvez, possamos perceber quem realmente somos. No final do vídeo percebemos isso. A personagem principal dança para o seu reflexo e fica a saber quem ela realmente é. Foi exatamente isto que quis fazer com o vídeo e com a música.
As suas canções retratam uma mulher forte e que tem atitude. Acha importante passar esta mensagem para as mulheres?
Sim, é muito importante passar esta mensagem nas minhas músicas, porque o público inconscientemente vai absorvendo a informação e vai processando e, depois de algum tempo, acaba por ficar mais forte. A música começa a dar mais força e mais vontade de viver a vida como quiser. Cada um faz o que quer, cada um é dono da sua opinião. Claro que é importante ouvir opiniões mais construtivas, mas cada um é cada um e tem que viver à sua maneira. Com as músicas tento passar essa mensagem. O mundo inteiro está cheio de músicas de amor, tem imensas músicas de amor. E eu não sou mesmo esta pessoa de escrever músicas de amor, por isso acho que todas elas têm um lado mais dona de si, dona de mim.
O single “Batida” é dedicado à sua filha ou a alguém da sua família?
É para a minha filha [Aura, que faz dois anos no verão] mas neste caso, por exemplo, já é um amor completamente diferente, daquele que não estamos habituados a ouvir no nosso quotidiano. É um amor que chega diferente, um amor de família. Quem iniciou essa música foi o MC Zuka, que também fez o “Faz Gostoso”. Ele perguntou-me se eu queria fazer a parceria e eu disse que sim. Depois entrámos em estúdio e continuámos o resto da música.
Qual a diferença entre a Blaya do primeiro EP e a artista de hoje?
Acho que não é tão diferente porque no meu primeiro EP também tive várias influências, tanto brasileiras como afro, como o rap, que nunca vão sair de mim e vão estar presentes. Sempre gostei de criar uma boa coreografia, um bom palco. Agora quero sempre mais, quero fazer sempre melhor e quero deixar o público mais feliz nos concertos, para que saiam de lá mais completos. A Blaya de 2019 também canta mais um pouco de pop do que antigamente. Eu era um bocadinho mais underground, mas não há assim tanta diferença.
O álbum tem um tempero brasileiro e também há muitos brasileiros a viver em Portugal. Acredita que o novo disco tem potencial para ser um sucesso também no Brasil?
A música “Querido Samba”, fi-la a pensar nos meus pais, que sempre trabalharam aqui em Portugal e que — como a maior parte dos brasileiros — trabalharam imenso e passam anos e anos sem visitar o Brasil. Quis dedicar essa música a todos os brasileiros que também se esforçam muito para ter uma vida melhor. O meu foco sempre foi Portugal, mas claro que gostaria de chegar ao Brasil também, ao México, a Espanha e a Angola, por exemplo. Gostava de passar por todos esses sítios e mostrar o que ando a fazer.
Em abril, lançou a primeira coleção da marca de roupa Blaya com Dios. Os fãs podem esperar novas peças?
As minhas músicas têm frases que ficam na cabeça das pessoas e quis colocar isto em camisolas. Fiz a coleção com as cores do algodão doce: o rosa, o amarelo e o azul. São cores que normalmente as pessoas não usam nas ruas, mas quis sair um bocado da caixa e trazer isso. Como são edições limitadas, foram poucos artigos, mas vou estar sempre a criar coisas novas. Além das camisolas, em breve vamos ter leggings, que são uma peça de que gosto e vão ser à base de transparência, porque também gosto de coisas transparentes. À medida que o tempo for passando, vou criar peças diferentes. Nem todas as pessoas foram feitas para estar fora da caixa, mas as minhas coleções — e todas as minhas coisas — vão ser mais dedicadas a estas pessoas que preferem sair da caixa de vez em quando.
Onde é que as pessoas podem comprar as peças?
Criei uma página no Instagram que é a Blaya con Dios Store. As pessoas podem mandar mensagem privada e nós respondemos a tudo. Enviamos o que quiserem para todo o mundo.