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De Mariah Carey a DiCaprio: as estrelas que não faltavam às festas loucas de Diddy

A carreira do rapper como anfitrião começou cedo. Ao longo dos anos, os convidados tornaram-se cada vez mais famosos.
Era a loucura.

De estagiário na Uptown Records, a rapper e produtor de sucesso que convivia com todas as estrelas do showbiz. A trajetória de Sean Combs só parecia ter um sentido — ascendente. Contudo, já milionário e sem necessidade de provar o que quer que fosse, a vida de Diddy, como também é conhecido, descarrilou. 

Os primeiros indícios de que a sua realidade era bem diferente do glamour que parecia ostentar surgiram a 16 de novembro de 2023. Cassandra Ventura, conhecida por Cassie, que foi namorada do rapper entre 2007 e 2018, acusou-o de abuso sexual e físico. A 17 de maio deste ano, a veracidade das suas afirmações foi corroborada com a divulgação de um vídeo em que se via Diddy a persegui-la num hotel e a agredi-la fisicamente.

Na noite de 16 de setembro, foi detido sob suspeita de tráfico sexual e extorsão, estando agora a aguardar julgamento no Metropolitan Detention Center, em Brooklyn. Durante a investigação, as autoridades realizaram buscas nas suas residências em Miami e Los Angeles e descobriram indícios chocantes que parecem sustentar as acusações de que é alvo.

Esses eventos eram repletos de As maratonas, as quais envolviam prostitutos e algumas celebridades amigas de Diddy, prolongavam-se por dias e envolviam substâncias como lubrificante e óleo de bebé — cerca de mil garrafas —, além de várias drogas. Frequentemente, os participantes atingiam condições físicas de tal forma extremas que recorriam à injeção de soro para se reidratarem. Para garantir o silêncio dos envolvidos nestas orgias, que as poderiam denunciar, tudo era filmado e usado como forma de chantagem.

Os nomes das vítimas permanecem sob sigilo, apenas Cassie se pronunciou publicamente sobre o assunto. A artista alega que, em algumas ocasiões, era obrigada a cobrir-se abundantemente com óleo de bebé, enquanto Diddy a instruía sobre como tocar nos corpos dos prostitutos presentes — tudo enquanto filmava e se masturbava. 

Muitas vezes, as mulheres sentiam-se compelidas a esconder-se após agressões físicas por parte de Diddy, revelando que estavam completamente à mercê do rapper, devido ao medo de que as gravações fossem divulgadas, explica o Ministério Público. Esses encontros eram descritos como “um verdadeiro espetáculo de horror, com atuações sexuais elaboradas”, lê-se no relatório das autoridades judiciais.

Se Diddy, que atualmente tem 54 anos, for declarado culpado, poderá enfrentar uma pena de prisão perpétua.

As primeiras festas mediáticas de Diddy

A “carreira” de Combs como anfitrião começou muito antes das “freak-offs”. Aliás, as festas concorridas que organizava ajudaram o rapper a conquistar um lugar de proa no show biz.

Nascido a 4 de novembro de 1969 em Harlem, Nova Iorque, Sean foi criado pela mãe após o assassinato do pai, em 1974. Formou-se na Howard University e, enquanto lá estudava, começou a realizar festas semanais e geriu um serviço de transporte para o aeroporto.

Após abandonar a universidade, Diddy estagiou na Uptown Records, onde rapidamente se destacou e se tornou diretor de talentos. No início da década de 1990, ascendeu a vice-presidente da companhia, mas deixou o cargo para fundar a sua própria produtora, Bad Boy Entertainment — na qual trabalhou com artistas como Mariah Carey, New Edition, Method Man, Babyface, TLC, Boyz II Men, Lil’ Kim, SWV, Aretha Franklin, Mary J. Blige, Faith Evans e Biggie Smalls.

Apesar do seu crescente sucesso, Diddy ansiava ser reconhecido pela elite predominantemente branca da indústria do entretenimento e, em 1998, organizou a uma White Party nos Hamptons, onde todos se vestiram de branco. Ansiava disseminar o estilo de vida do hip-hop entre os mais ricos e fomentar o convívio entre negros e brancos do mesmo estrato social.

A primeira edição teve um caráter modesto, — contou apenas com 200 pessoas e Diddy costumava descrevê-la como “uma espécie de churrasco no quintal” — mas rapidamente evoluiu para um evento extravagante, atraindo uma multidão de celebridades e novas localizações, como Saint Tropez e Los Angeles, onde possuía residências.

Diddy tinha-se tornado um dos nomes mais importantes da indústria musical, graças aos álbuns de sucesso que ele próprio lançava e ajudava outros artistas a criar, e todos queriam marcar presença nas White Parties que organizava. 

A popularidade do rapper atraiu a atenção de grandes marcas de diferentes setores, que viam as suas festas como uma valiosa oportunidade de marketing, associando-se a figuras como Jay-Z e Aretha Franklin, sem custos diretos.

Curiosamente, Diddy descrevia-se como representante “na vida real” do protagonista do romance “O Grande Gatsby”, de F. Scott Fitzgerald — personagem que DiCaprio haveria de encarnar no cinema, anos depois.

“Eu sou o próprio Gatsby’”, chegou a afirmar Combs, em 2001, numa entrevista ao “The Independent”, comparando-se à famosa personagem literária que também organizava festas luxuosas. Ao longo de aproximadamente uma década, as White Parties contaram com a presença de nomes como Jay-Z, Beyoncé, Aretha Franklin, Khloé Kardashian, Ashton Kutcher, Kim Kardashian, Chris Brown, Tommy Lee, entre vários outros. 

“Eram icónicas e toda a gente estava lá”, disse Paris Hilton, uma das presenças mais frequentes, ao “The Hollywood Reporter”. 

As sucessivas edições das suas White Parties atraíam tanta atenção mediática que acabaram por se tornar marcos da cultura pop contemporânea. No entanto, a resistência dos moradores dos Hamptons ao barulho e as suspeitas crescentes das autoridades sobre a verdadeira natureza das festas acabaram por ditar o fim das mesmas — a última realizou-se em 2009.

“Eles querem acabar com elas e provavelmente vão-me prender porque fazemos merdas loucas, mas divertimo-nos”, previu o rapper em 1999.

Como eram estas festas

A “celebração da cultura hip-hop” como a descrevia, foi ganhando contornos mais obscuros a cada nova edição. Acabaram por se tornar exaltações da própria figura de Diddy, que usava a sua influência para manipular quem o rodeava. “Posso fazer qualquer um fazer qualquer coisa porque esta vida é o que eles querem, e eu tenho as chaves do castelo”, afirmava, partilhando o que parecia ser o seu lema. 

Em algumas situações, convidados eram supostamente humilhados em troca de promessas de contratos ou dinheiro. Numa ocasião, o artista pediu a um jovem artista que fizesse um ato sexual a um segurança. Se o fizesse, receberia 100 mil dólares. Quando o rapaz estava prestes a obedecer, Sean disse que era apenas uma brincadeira, relatou Tom Swoope, um ex-empresário da indústria musical que esteve em várias edições.

As festas deixaram de ser um espaço de celebração inclusiva e passaram a contar com áreas VIP exclusivas para celebridades, onde o uso de álcool e drogas era frequente — e chocava até os traficantes que eram os principais fornecedores das festas. “Vi merdas bizarras acontecerem ali. Víamos rappers a beijarem-se, mesmo se nunca tivessem sido vistos juntos no dia a dia. Não vou dizer nomes, mas perdi respeito por imensas pessoas e nunca as vou levar a sério novamente”, disse uma fonte ao “The New York Post”.

Também garantiu que viu várias personalidades de Hollywood “mocadas em drogas como cetamina” que tinha fornecido. “Foi nessa altura que decidi sair dali. Sabia que estava prestes a descambar”, acrescenta.

Os filhos de Diddy também começaram a frequentar as festas, o que podia ser prova de que tudo começava a degenerar. Christian, Jessie e D’Lila eram fruto do casamento com Kim Porter, que morreu em 2018. Já Justin surgiu do relacionamento com Misa Hylton e Chance da relação com Sarah Chapman.

“Os miúdos têm uma hora para ir embora. Já lhes demos comida e bebidas. Agora é hora de aproveitar a vida. Daqui a pouco isto vai-se transformar em algo em que também vão querer participar, mas apenas quando forem mais velhos. Vamos começar a curtir”, ouve-se Combs dizer, enquanto segura um copo de champanhe, num vídeo de uma das festas, que se tornou agora viral.

Estas White Parties não podem ser confundidas com as freak-offs. Embora ainda exista muito secretismo em torno das festas nos Hamptons, não existem provas de que os participantes fossem forçados a realizar atos sexuais, como aconteceu mais tarde, nas tais orgias cujos pormenores foram divulgados em tribunal.

No entanto, a fama das festas do final dos anos 90 e início dos anos 2000 perdurou — como eram altamente mediáticas, não faltam fotografias de alguns dos artistas que por lá passaram.

Carregue na galeria e descubra alguns dos convidados famosos de Diddy.

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