Em 2018, Gonçalo Lopes arriscou cumprir o sonho e participar no “The Voice Portugal”. Acabaria por ficar num honroso quinto lugar. Seis anos depois, está de volta ao palco, agora “com mais pressão, quando comparado com os colegas. Afinal, já é um repetente.
“Muitas pessoas pensam que é mais fácil estar lá novamente, mas acho o contrário. Tenho algo a provar porque há um patamar a que cheguei e que tenho de ultrapassar”, conta à NiT. Até agora, o feedback tem sido bastante positivo. A última apresentação, que aconteceu este domingo, 24 de novembro, foi a mais vista do dia, com mais de 20 mil visualizações no YouTube. E o jovem de 29 anos recebeu mesmo o superpasse de Sara Correia, ou seja, passou imediatamente para as galas em direto. “Estes comentários mostram que realmente há espaço para mim neste mundo musical”, confessa o concorrente que começou a duvidar do seu potencial após a primeira participação.
“Nós, artistas, vivemos muito da palavra das outras pessoas e acabamos por moldar o nosso pensamento àquilo que dizem. Se não formos ouvidos e comentados, ficamos com dúvidas daquilo que valemos”, diz. Apesar da desilusão, nunca se afastou do mundo do entretenimento. Gonçalo, natural de Mira, no distrito de Coimbra, trabalha há dois anos numa companhia de teatro infantil que apresenta peças de Norte a Sul de Portugal.
Apesar de ser formado em Ciência da Informação, apaixonou-se pelo teatro graças à namorada, que também trabalha na área. Ao mesmo tempo, tem dado vários concertos pelo País com a banda Funk Off, da qual faz parte desde 2023, para substituir outra vocalista que está atualmente a fazer a peça “Para Sempre Marco”. Depois de conhecer os restantes membros, decidiu que tinha de aceitar o convite. “Gostei muito deles e do ambiente. São pessoas com as quais passamos bastante tempo, mais do que com a família. Se não tivermos uma boa relação, torna-se complicado”, realça.
O grupo faz covers de canções recentes da pop comercial. O repertório conta, por exemplo, com temas de Benson Boone e Olivia Rodrigo, mas também há espaço para algumas das referências de Gonçalo, como os Queen e outros grandes nomes dos anos 80. “Sentimos que havia esta necessidade. Há muitas bandas que tocam música de baile ou antigas, mas há muitas poucas que interpretam o que passa atualmente na rádio.” O projeto “está a ser bem recebido” e já abriram espetáculos para artistas como Profjam e Piruka.
Estas influências das décadas passadas surgem graças à influência famíliar: cresceu numa casa onde sempre se ouviam diariamente as canções dos Queen, The Doors, Beatles e Aretha Franklin, entre outros grandes nomes dos anos 70, 80 e 90. “Ouvíamos de tudo, desde o rock ao pop e ao comercial. Ainda tenho vinis daquela altura. Eram do meu avô, passaram para o meu pai e, depois, para mim.”
A paixão pela música cresceu nos bares de karaoke que frequentava com os pais, quase sempre por sua insistência. No palco lembra-se de cantar Scorpions em dueto com o pai, que também era um grande fã. “Cantava sem grande responsabilidade e sem as críticas a que nos sujeitamos nestes programas. Apesar de ter um pouco de medo, cantava por diversão.”
Gonçalo garante que a próxima atuação no “The Voice Portugal” vai ser “surpreendente”. Embora esteja dentro da sua zona de conforto, quer apresentar algo de diferente e que comprove o seu crescimento desde que participou pela primeira vez. “Estou bastante mais maduro. Na altura era um miúdo e não tinha presença de palco, mas o teatro ajudou-me com isso”, confessa. “Vai ser uma viagem muito bonita.”
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