Música

Excesso: “Isto é para ser um ponto final em grande. Mas à séria mesmo”

A banda quer despedir-se dos portugueses, mas ao mesmo tempo não descarta a hipótese de trabalhar em canções novas.
A banda anunciou que também vai tocar no Porto.

É um dos acontecimentos do ano na cultura pop portuguesa. Os Excesso estão de volta para dois espetáculos: vão atuar a 19 de maio na Altice Arena, em Lisboa; e a 17 de junho na Super Bock Arena, no Porto.

Esta quarta-feira, 8 de fevereiro, anunciaram a segunda data e apresentaram uma nova versão do seu maior êxito, “Eu Sou Aquele”. Planeiam fazer o mesmo com outros dos seus hits, para tentarem atualizar as músicas e porventura conquistar novos fãs — que na altura eram demasiado novos ou nem sequer tinham nascido.

A NiT falou com os Excesso sobre o regresso. Por um lado, Melão, João Portugal, Gonzo, Carlos e Duck assumem estes concertos como a despedida derradeira da banda. Por outro, deixam a entender que não descartam a hipótese de trabalhar em música nova e que poderão fazer mais datas. Leia a entrevista.

Porque é que decidiram regressar neste momento? O que é que vos levou a reunir as condições para regressarem?
João Portugal: Houve algumas tentativas no passado para este regresso. Por duas ou três vezes tentámos, mas não aconteceu. Agora chegámos a um consenso. Reunimos, planeámos este projeto, as coisas foram acontecendo e cá estamos nós para apresentar hoje a nova versão do “Eu Sou Aquele”. Não é novo, mas tem uma nova estrutura, acaba por ser uma nova canção para a nova geração. Porque há muita gente que não… Até pode conhecer, mas não conhece a banda essencialmente.

E a ideia passa por relançar esta canção para um público mais jovem?
João Portugal: O que se passou com esta canção vai acontecer com as nossas outras canções, os nossos hits. 

Anunciaram esta quarta-feira uma data no Porto, também deram a entender que gostavam de ir ao sul… Gostavam que houvesse um prolongamento, que o vosso regresso fosse maior?
Carlos: A verdadeira intenção no início era fazer um só espetáculo. Esta segunda data está a ser excecionalmente aberta, devido ao número de pedidos e persistência. Não estamos a falar de centenas, estamos a falar de milhares de mensagens e de pessoas a telefonarem para a produtora a perguntarem porque é que o norte não estava a ser contemplado. O norte vai ser centralizado no Porto pelas razões óbvias e é com grande alegria que incluímos o norte como uma segunda data. Até gostávamos de lá ir, mas não estávamos a contemplar. Portanto, estes dois espetáculos são sem dúvida aqueles que os Excesso vão dar — com o “Eu Sou Aquele”, o “Até ao Fim” e toda esta nova roupagem, de forma a despedirmo-nos dos fãs e de Portugal com um agradecimento.

Os Excesso apresentaram nova versão de “Eu Sou Aquele”.

Estavam à espera desta reação ao vosso anúncio de regresso? Ou superou as vossas expetativas?
João Portugal: Superou. Todos esperávamos um bom resultado. Mas a verdade é que está muito além daquilo que qualquer um de nós poderia pensar. E isso deixa-nos ainda mais felizes.

Ao estarem aqui hoje, outra vez como Excesso, de que é que tinham mais saudades?
Melão: Do palco, de partilharmos o palco todos juntos. A magia e energia do palco — e divertirmo-nos ali em cima, que é a melhor coisa que temos em conjunto e é o que nos une verdadeiramente. Estarmos ali a emanar energia boa para o público e a receber também essa boa energia. É fome de palco.

Portanto, vão apresentar novas versões de alguns clássicos, e outras vão tocar tal como existiam.
Duck: Sim, a distância entre os álbuns e hoje é grande. Se as pessoas fizerem esse exercício em casa e ouvirem o single original e este single, vão perceber que o corpo da canção é completamente diferente. Ou seja, os meios técnicos e tudo e mais alguma coisa. Nós queremos dar o melhor espetáculo possível. E isso vai passar não por mudar as canções totalmente, porque não queremos mudar a sua identidade, mas sim dar uma roupagem e um rework diferente, para que este seja o melhor espetáculo e a melhor experiência possível para as pessoas. Vai ser uma viagem ao passado com uma sonoridade atual, umas pessoas um bocadinho mais velhas, mas com as mesmas pessoas e a mesma vontade de estar em palco [risos].

E com a vontade de trazer um público novo que na altura não teve oportunidade de vos ver?
Duck: Sim, logicamente que sim. Para as filhas, quando a mãe mete a música no carro, não acharem que aquilo é muito mau [risos]. E as mães obrigarem assim as filhas a ouvir os temas [risos]. 

Ao longo destes 20 anos, sentiram sempre o carinho do público em relação aos Excesso e àquilo que fizeram?
Todos: Sim, sem dúvida. 

Duck: Nós nunca nos desligámos totalmente dos Excesso. Cada um seguiu as suas vidas profissionalmente, mas mantivemos o contacto com algumas e alguns fãs. Obviamente que o nosso público era mais feminino do que masculino, mas também existe… Um bocadinho envergonhados no início, mas depois lá apareceram [risos]. Mantivemos contacto com algumas pessoas, com as quais criámos laços de amizade. O que é bom para esta altura. Porque é como costumamos dizer: vivemos da força que eles nos deram e agora vamos voltar a precisar dessa força que têm para nos dar. 

Não ponderam trabalhar em novas músicas?
João Portugal: Sim…

Carlos: Temos aqui qualquer coisa na manga.

Duck: Não queremos forçar muito, mas se acontecer, ótimo. 

Gonzo: As pessoas pensam “ah, uma boyband”, mas se há coisa que somos é genuínos. Fomos sempre muito sinceros connosco e com o público. Se calhar por causa disso é que passávamos aquela energia e talvez tenha sido essa uma das razões para que tivéssemos o sucesso que tivemos. E estamos a fazer as coisas exatamente da mesma maneira. E com este dia a dia as vontades vão aparecendo ou não… Se aparecer a vontade da parte dos cinco, vamos sentindo, vamos pondo coisas novas em cima da mesa. É fazer um processo natural.

Os Excesso estiveram no ativo entre 1997 e 2002.

Sempre esperaram que houvesse um regresso deste género?

Carlos: As coisas têm vindo a ser pensadas e houve tentativas, mas nunca resultou. O desejo, em qualquer um dos cinco corações, existia. O Duck é que foi a pessoa que deu o pontapé de saída e sempre teve a iniciativa de tentar reunir os cinco. Não aconteceu há dois anos devido à situação da Covid-19. Mas este foi o momento e o local ideal nas vidas de cada um. É por isso que estamos aqui.

Qual é o grande desafio em voltar estes anos depois?

Gonzo: Dar o melhor de todos e obviamente em conjunto.

Duck: E fazer os melhores espetáculos de sempre. Acho que é aquilo que temos na cabeça. Para nós, e para as pessoas que estão à nossa frente, vão ter de ser os melhores espetáculos de todos que os Excesso deram. 

Gonzo: Isso é que está em cima da mesa.

Duck: E a todos os níveis: vocal, musical, visual… Essa era a nossa grande exigência. Todos os anos havia um convite para aqui, um convite para ali, e nunca surgiu realmente a oportunidade. Tem de ser única. Para ser um ponto final, é para ser um ponto final em grande. Mas à séria mesmo. Aquele ponto final que a gente acha que merece. E que o público também merece.

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