Música

Além de brilhar no cinema e televisão, Maya Hawke também já tem um novo disco

A filha de Ethan Hawke e Uma Thurman tem talento para quase tudo. Esta sexta-feira lança "Chaos Angel" entre muitos elogios.
Além de atriz, Maya é artista.

A chegada da novata Maya Hawke a Hollywood gerou reações muito distintas. Alguns renderam-se à atriz assim que a viram pela primeira vez na terceira temporada de “Stranger Things”, lançada em 2019. Outros acusaram-na de apenas ter acesso aos papéis graças ao peso da família na indústria e colou-se-lhe assim o rótulo de “nepo baby” ou bebé do nepotismo — leia mais sobre o tema neste artigo da NiT.

Maya é filha de Uma Thurman e Ethan Hawke e apesar das críticas, a verdade é que tem criado um currículo invejável na indústria do entretenimento — e não é só no cinema ou na televisão. Esta sexta-feira, 31 de maio, lançou “Chaos Angel”, o seu terceiro álbum.

Tal como descreve a própria, este é um disco “profundamente belo e meditativo sobre como se apaixonar, estragar tudo e reerguer-se novamente”. Tem dez faixas e apresenta um lado mais sensível da jovem de 25 anos que compôs grande parte dos temas.

Embora desconhecido para muitos, o percurso de Hawke na indústria musical tem sido elogiado por diferentes publicações. “Maya é uma das mais interessantes jovens artistas em atividade atualmente”, disse o “The New Yorker” este ano. “As suas canções estão mais complexas, mas continuam delicadas e íntimas como sempre”, descreve o Pitchfork. “Está a criar o seu próprio caminho com um ousado álbum de folk”, elogia também o “The Guardian”.

Nascida em Nova Iorque em 1998, Maya Hawke tinha tudo por enveredar por esta área. Além de ser filha de duas estrelas de Hollywood, um dos seus trisavôs paternos foi o lendário dramaturgo Tennessee Williams. Do lado da mãe há um longo historial de modelos. Além de Uma Thurman, a sua avó, Nena von Schlebrügge, e bisavó, Birgit Holmquist, também ficaram conhecidas pelas produções de moda.

Teve uma infância privilegiada, apesar de ter mudado várias vezes de escola devido à sua dislexia — acabou por se fixar numa escola privada em Brooklyn com uma forte vertente artística e criativa. Mais do que tudo, sempre cantou e fez música.

“Fazia-o para dizer a um rapaz da escola que gostava dele ou para pedir desculpa ao meu pai por mentir”, disse na mesma entrevista à “Vanity Fair”.

No entanto, a carreira profissional começou enquanto modelo, quando posou para a revista “Vogue” e participou num anúncio de uma linha da Calvin Klein realizado por Sofia Coppola. A estreia como atriz acabou por acontecer em 2017 numa minissérie da BBC, uma adaptação do icónico livro “As Mulherzinhas”, de Louisa May Alcott, onde Maya Hawke interpretou a protagonista Jo March. Um ano antes tinha entrado na prestigiada Juilliard School, mas acabou por abandonar o curso quando começou a trabalhar.

Depois de “Stranger Things”, Maya participou — de forma discreta — em “Era Uma Vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino — um amigo da mãe com quem Uma Thurman tem colaborado com frequência musa em “Pulp Fiction” e nos filmes de “Kill Bill”.

A versatilidade de Maya

Em agosto de 2019, ainda com 21 anos, apresentou pela primeira vez em público, e de uma forma mais séria, os seus primeiros dois singles, “Stay Open” e “To Love a Boy”. Música é, aliás, aquilo que faz durante as pausas no set de gravações.

“Muito daquilo que é representação é esperar por alguém que te dê permissão para o fazeres… Por isso precisas de algo que consigas controlar. Algumas pessoas tricotam ou pintam. Eu faço música.”

Em 2020 ia lançar a sério a sua carreira musical, mas a pandemia interrompeu esses planos. Mesmo assim, ainda conseguiu dar vários concertos no início desse ano, lançou o single “By Myself”, de antevisão ao primeiro disco, “Blush”, que estava previsto para junho, mas que só chegou, na verdade, a 21 de agosto. Foi a própria que o preferiu adiar, numa altura de protestos mediáticos nos Estados Unidos. Ao todo tem 12 temas românticos, de sonoridades folk.

“É uma altura estranha para lançar arte porque parece que não faz sentido e, por outro lado, parece que é essencial”, disse à “Wonderland Magazine”. “É como ‘Meu Deus, vou lançar um disco no meio de um acontecimento mundial inédito’ e, ao mesmo tempo, ‘Meu Deus, aposto que as pessoas querem muito ouvir música agora’.”

Grande parte do disco foi co-escrito com o premiado compositor Jesse Harris, que Maya conheceu depois de ele ter composto a banda sonora para o filme de Ethan Hawke, chamado “O Estado Mais Quente”. “Quando eu era miúda fazíamos sempre estas jam sessions ao sábado à noite em casa do meu pai. O Jesse é uma pessoa que eu sempre vi como uma autoridade enquanto compositor”, disse à “Vanity Fair”.

Está ciente do seu privilégio

Apesar de ser ainda bastante jovem, Maya Hawke tem sido descrita como tendo uma personalidade bastante madura e consciente da sua realidade. A atriz sabe bem que teve uma vantagem na indústria por ser filha de quem é, mas isso só vale até certo ponto e, por vezes, até pode ser uma desvantagem.

“A representação sempre esteve ligada à minha família, o que tem as suas vantagens e desvantagens. A música sempre senti que era mais… minha. Comecei a tocar guitarra e a cantar quando era pequena, como se fosse um método para comunicar. Fiz uma atuação no Caffè Vivaldi em Nova Iorque quando tinha apenas 12 anos, em que simplesmente pedi autorização aos meus pais para convidar todos os meus amigos e os pais deles para ouvirem as canções que eu tinha escrito”, disse à “Wonderland Magazine”.

“Estava muito certa de que não queria ser atriz profissional. Adora atuar e participava em todas as peças da escola, mas não queria sentir a pressão de ser uma mulher na indústria, nem queria ser vítima do impacto que essa pressão pode ter na nossa aparência ou idade”, acrescenta.

Ao mesmo tempo, sentia que não queria tirar lugar a outras pessoas “mais talentosas” que não tinham tantas oportunidades e contactos. “Mas pronto, não podia inventar razões para não fazer aquilo que mais amo no mundo.” Foi ali que cresceu. Quando era uma miúda, passava horas nos sets de gravações a ver os pais a repetirem as várias cenas através dos ecrãs enquanto devorava bolachas Oreo de auscultadores nas orelhas.

O pai, Ethan, sabia que ela ia ser atriz desde os nove anos, contou Maya Hawke à mesma entrevista à “Wonderland Magazine”. E explicou o que o levou a ter essa certeza: “Eu passava 12 horas por dia a vê-lo ensaiar peças de teatro de William Shakespeare sem nunca perder o entusiasmo”.

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