O concerto dos The Flaming Lips no Kalorama arrancou cheio de energia, com Wayne Coyne a cumprimentar os fãs meros segundos antes de se ouvir a trompete de “Fight Test”. “Venham para cá”, pediu ao público que estava na outra ponta do recinto, no palco secundário, após o excitante espetáculo dos L’Impératrice.
Ao lado de bonecos insufláveis cor de rosa que enfeitavam o cenário do maior recinto do festival, disse ao público para gritar, um pedido que seria repetido dezenas de vezes ao longo de aproximadamente uma hora. Mais tarde, no maior momento desta parte da noite, a banda norte-americana interpretou “Yoshimi Battles the Pink Robots”, editado em 2002, na íntegra.
Foi com este projeto que a banda atingiu um novo patamar de sucesso comercial e reconhecimento crítico. O disco (o décimo da carreira) é inspirado por uma narrativa de ficção-científica e conta a história de Yoshimi, uma jovem guerreira japonesa que combate robôs cor de rosa gigantes, o que explica a decoração excêntrica do palco.
Apesar de se ter tornado um fenómeno culto, não foi o suficiente para encher o recinto do Kalorama na madrugada desta sexta-feira, 20 de junho. Sem desanimar, a banda continuou a interpretar, com algumas desafinações pelo meio, as faixas do disco. “Amamos-vos muito”, disse repetidamente Wayne Coyne, o vocalista, para os fãs que gritavam todas as palavras de faixas como “One More Robot / Sympathy 3000-21” e “Yoshimi Battles the Pink Robots, Pt. 1”.
Quando chegou a altura de tocar “Yoshimi Battles the Pink Robots, Pt. 2”, o cantor de Oklahoma apareceu com balões gigantes. A mensagem? “Fuck Yeah, Kalorama Lisbon”.
Ao longo do espetáculo, o intérprete continuou a elogiar Lisboa e, às duas da manhã, disse que era “a noite mais linda de sempre”. “Obrigado por nos deixarem tocar aqui. Estar cá é fantástico.”
O alinhamento do concerto também passou por temas como “In The Morning Of The Magicians” e “Ego Tripping At The Gates Of Hell”. No entanto, à medida que as canções passavam, o recinto ia ficando cada vez mais vazio. “Vamos continuar. Vamos lá”, disse Coyne, quase em desespero. “Obrigado por gritarem connosco e serem tão barulhentos, mas têm de continuar com esta energia”, gritou enquanto apontava uma lanterna para o público, uma brincadeira frequente nos espetáculos dos The Flaming Lips. “Vamos, vamos, vamos.”
Seguiu-se “Are You a Hypnotist”, uma faixa caracterizada pelos sintetizadores e cujo nome faz todo o sentido tendo em conta a apresentação hipnotizante da canção em palco, com luzes que iluminaram todo o recinto.
“Esperamos vir cá tocar no vosso festival mais mil vezes”, realçou. A gratidão do vocalista é enternecedora e, curiosamente, acaba por contrastar com as canções do grupo onde a bateria e os instrumentais agressivos estão em destaque — especialmente em “Do You Realize?”, onde a intensidade ia aumentando gradualmente ao longo da canção.
“Obrigado por terem gritado connosco. Amamos-vos e esperamos ver-vos novamente em breve”, disse antes de começar a interpretar “Approaching Pavonis Mons by Balloon (Utopia Planitia)”, onde Wayne Coyne mostrou que, além de cantar, toca trompete, um talento que os fãs já conhecem bem.
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