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Gerard Piqué, o menino rico que fez fortuna fora do futebol

Nunca passou dificuldades e jogou futebol apenas por paixão. Antes de terminar a carreira, já ganhava milhões noutros projetos.
Piqué não é um futebolista comum

Poucos o sabem, mas entre os apelidos do ícone do Barcelona, Gerard Piqué, está um muito querido aos rivais do Real Madrid: Bernabéu. Apesar de partilhar o nome com o herói madridista, o ex-futebolista recebeu-o do seu avô, um famoso dirigente do Barcelona, Amador Bernabéu.

Além de pertencer à nobreza do Barcelona — clube onde jogou praticamente toda a sua vida, até deixar o futebol, em novembro —, Piqué também se tornou famoso por dois motivos. O primeiro, pela sua relação com a estrela internacional Shakira; e segundo, talvez não tão conhecido, pela sua faceta como homem de negócios.

Foi precisamente enquanto apresentava um dos seus novos negócios que Piqué aproveitou para dar uma resposta à ex-companheira, depois de esta o ter acusado, no seu mais recente tema, de ter “trocado um Rolex por um Casio”, aludindo à alegada traição cometida pelo ex-jogador. “Quero fazer um grande anúncio. A Casio deu-nos relógios, a Kings League chegou a um acordo com a Casio”, explicou, enquanto apontava para o relógio que trazia no pulso.

A Kings League é apenas mais um dos negócios na esfera milionária do ex-jogador, que tem uma fortuna avaliada em cerca de 80 milhões de euros. A Kings League é um negócio conjunto do jogador com o streamer Ibai Llanos e consiste num torneio que procura reimaginar o futebol. 12 equipas de sete jogadores juntam-se para competir num torneio com regras muitos especiais — e tudo é transmitido online.

A primeira edição foi um sucesso: juntou ex-jogadores em campo e atraiu mais espectadores do que muitos jogos da primeira liga espanhola. Mais de 654 mil dispositivos ligaram-se no passado fim de semana à Kings League, que atingiu um pico de 1,37 milhões, impulsionados também pela resposta de Piqué às críticas de Shakira.

A história de vida de Piqué é muito diferente da que habitualmente estamos habituados. Por norma, o futebol tem servido para jovens de contextos pobres conseguirem subir na vida e tornar-se ricos. No que toca ao espanhol, dinheiro foi coisa que nunca faltou.

Nascido em Barcelona, o seu pai é um famoso advogado e empresário. A sua mãe é uma neurocirurgiã e diretora de um dos maiores hospitais da Catalunha. Para Piqué, o futebol era uma paixão, mas nunca foi uma necessidade absoluta e única via para uma vida desafogada.

Ao lado da sua carreira no desporto, manteve sempre os seus negócios, que começaram a florescer à medida que a idade da reforma se aproximava. Abandonou os relvados em novembro e deixou uma promessa de amor: “Sempre disse que depois do Barcelona, nunca haveria outra equipa — e é assim que vai ser”, explicou após a última partida.

Desde 2017 que Piqué comanda a Kosmos, uma holding criada em parceria com o milionário japonês Hiroshi Mikitani, dono da Rakuten e antigo patrocinador do Barcelona. A empresa detém, por exemplo, os direitos de transmissão do campeonato francês em Espanha — uma oportunidade que coincidiu com a chegada de Lionel Messi a Paris.

A empresa terá assim os direitos até pelo menos 2024 e apear de os valores não terem sido tornados públicos, sabe-se que o anterior contrato implicava um pagamento de 2,5 milhões de euros anuais. Mas o portefólio de Piqué é bastante diversificado.

É dono da marca de óculos de sol Kypers e, nos tempos livres, serve também de modelo para os anúncios. Não é uma marca de luxo. Vende modelos a preços razoáveis, dos 20 aos 80 euros. Em 2013, o ex-futebolista aventurou-se também na produção de hambúrgueres orgânicos, ao comprar a empresa Noel Alimentaria. Não foi um sucesso estrondoso e as redes sociais da marca parecem ter congelado no tempo algures no final de 2021.

A par dos hambúrgueres, chegou a abrir um restaurante, o Yours, em Barcelona, que haveria de fechar no final de 2017. Por essa altura, Piqué juntou-se ao seu colega de equipa Carles Puyol para se lançar numa nova aventura: uma nova bebida energética chamada 426 Miles.

Apresentava-se como a “primeira bebida isotónica 100 por cento natural” e arrancou com uma forte campanha, alavancada nas duas estrelas do Barcelona. Mas tal como os hambúrgueres, o efeito surpresa parece ter-se desvanecido muito rapidamente.

Piqué com o seu novo parceiro de negócios, Ibai Llanos

Em 2018, a sua Kosmos comprou também o clube FC Andorra, que militava as divisões mais baixas em Espanha. O objetivo? Levar a equipa aos escalões mais altos e, se possível, à primeira divisão. A verdade é que ao fim de quatro anos, a equipa está a disputar a segunda divisão, onde ocupa um honroso lugar no meio da tabela.

Nem tudo aquilo que Piqué toca se transforma em ouro. O seu negócio mais famoso envolveu uma parceria com a Davis Cup, a competição internacional de ténis, uma espécie de Mundial que coloca em competição os diferentes países. A Kosmos de Piqué prometia uma reinvenção total do formato com investimentos de cerca de 120 milhões por ano. A ambição era grande e efetivamente a competição foi mudando no reinado de Piqué, mas sem o sucesso desejado. A 12 de janeiro, a Federação Internacional de Ténis decidiu cancelar a parceria ao fim de cinco anos — um contrato que se previa que durasse 25.

O jogador, que chegou a tirar um curso de verão em Harvard, anunciou mais uma nova etapa em 2021, ao unir-se ao famoso streamer Ibai Llanos para criar a Koi Sports, a sua própria equipa de e-sports. Foi com o basco que decidiu também avançar para a Kings League, a sua mais recente aposta que parece estar a dar frutos.

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