“Isto não acontece muitas vezes a pessoas como eu.” A frase dita no rescaldo da atribuição do prémio de Melhor Disco do Ano a Harry Styles provocou ondas de choque nas redes sociais. O cantor compareceu à gala anual dos Grammys no domingo, 5 de fevereiro, para bater a forte concorrência, como Adele, Beyoncé, Mary J. Blige, Kendrick Lamar, Bad Bunny ou Lizzo. Ainda assim, o troféu foi mesmo entregue ao artista britânico de 29 anos.
O comentário está ser muito mal recebido, sobretudo porque na lista de nomeados — e derrotados — estavam representantes de outras minorias, da comunidade negra à comunidade latina. Neste cenário, a nota deixada por Styles aqueceu os ânimos.
“Harry Styles, um homem branco cis, subiu ao palco da maior gala de música do mundo e disse que ‘isto não acontece muitas vezes a pessoas como eu’. Quão ingénuo podes ser? Gostava mesmo de saber o que é que ele quis dizer com isto”, escreveu um utilizador no Twitter.
“Como assim? Isso só acontece a pessoas como tu. Tu és literalmente o pináculo do privilégio branco. Desde 1999 que uma mulher negra não ganha o prémio”.
Nem todos se apressaram a criticar Styles. O jovem que veio de uma pequena localidade britânica e se tornou famoso no concurso “The X Factor” — o que lhe valeu a seleção para integrar a banda que catapultou, os One Direction — teve direito a uma acérrima defesa por parte dos seus fãs.
Muitos procuraram explicar, sobretudo ao público norte-americano, o que a frase poderia querer dizer, sobretudo no contexto britânico. “Ele diz isso em quase todas as galas (…) Ele está a referir-se a pessoas de cidades pequenas sem quaisquer ligações à indústria [da música]”, explica um dos seguidores.
Ao mesmo tempo, outro fã tentou dar contexto à situação. “[A reação] é reveladora da perceção que os americanos têm de classe, relativamente à marginalização, quando comparados com os britânicos. Nós, britânicos, percebemos imediatamente o que ele queria dizer.”