O episódio do “The Voice Portugal” deste domingo foi histórico. Pela primeira vez no concurso, verificou-se um bloqueio triplo, ou seja, os jurados usaram o seu poder de veto para impedir que os colegas juntassem a concorrente em palco à sua equipa.
A origem de toda esta comoção? Hélia Sandra, a concorrente que brilhou com o tema “Listen”, da Beyoncé, e que, entre tantos bloqueios, acabou por ingressar na equipa de Sara Correia, a única que escapou ilesa do momento tenso que já se tornou viral..
Com 25 anos, nasceu em Angola, mas mudou-se para a Margem Sul há apenas seis meses, uma mudança motivada pela vontade de se formar em Comunicação Social na universidade e, acima de tudo, para poder participar no programa da RTP. “Vejo o programa desde que era pequenina e esta vontade já era antiga”, conta à NiT.
A paixão surgiu por causa da tia, que estava sempre a mostrar-lhes vídeos de outros concorrentes. E sempre que uma cadeira se virava, Hélia ficava arrepiada. “Dizia-lhe que um dia estaria no programa e que todas as cadeiras iam virar. Se não virassem, eu ia até aos jurados e virava-as eu própria [risos].”
Quando soube que o concurso ia regressar à televisão portuguesa, sentiu que esta era a grande oportunidade. A mudança correu bem e acabou por ser escolhida para enfrentar os jurados.
Naturalmente, “os nervos estavam a mil” assim que subiu ao palco, numa participação que quer também que sirva para “representar Angola”. Afinal de contas, Hélia Sandra não é propriamente uma desconhecida no seu país de origem.
Em 2019 participou no programa “Canta e Encanta”, na televisão angolana, concurso que acabaria por vencer. O protagonismo levou-a a assinar um contrato com a produtora Kp Record, através da qual lançou vários temas como “Mais Tempero” em 2022 e “Tua Presa” em 2023. Agora, a angolana tem outra equipa com a qual editou “Bungle Bang”, “Culpados” e “Vamos Devolver”.
O fascínio pelo “The Voice” surgiu na adolescência, mas o sonho e a paixão pela música é ainda mais antiga. “A música entrou na minha vida quando tinha oito anos”, recorda, enquanto viaja pelos discos e artistas que o pai ouvia, sobretudo grandes artistas norte-americanos como 2Pac e angolanos como Yanick Afroman, Os Kalibrados e Army Squad.
Das festas de miúda recorda sempre uma prima que tinha o dom de cantar e que acabava sempre por ser a estrela. Hélia sonhava com o dia em que fosse ela a estrela. “Pediam-lhe sempre para cantar e eu só pensava: ‘quando é que vai ser a minha vez?’”
Só aos 15 anos é que a música deixou de ser algo inverosímil para ser um sonho levado mais a sério. Começou a observar ao detalhe as mulheres que a inspiravam, como Pérola, Yola Semedo e Yola Araújo — a imitar a forma como cantavam e controlavam todo o público apenas com a voz. Nunca teve aulas de canto. A imitação foi toda a aprendizagem de que precisou.
Apesar de idolatrar as cantoras conterrâneas, decidiu aventurar-se no “The Voice“ com um tema de Beyoncé. Curiosamente, “Listen” não é sequer uma canção que Hélia adore. Foi simplesmente uma estratégia.
“É um tema muito difícil de cantar, mas eu precisava de arriscar para mostrar a minha projeção vocal e fôlego. Foi uma forma de mostrar o meu talento”, confessa.
A decisão foi recompensada com uma reação eufórica dos jurados, algo que a cantora descreve como “muito gratificante”. “Queria chorar, mas tive de me concentrar. Vê-los discutir por mim foi o mais emocionante. Eles são artistas experientes e estou muito orgulhosa.”
Quanto à próxima atuação, não há muito que possa dizer: apenas que vem aí “muita coisa boa ao longo do concurso”. “Vou continuar a interpretar canções que representam não só a minha capacidade vocal, mas que também me dão oportunidade de aparecer mais como artista e como aquilo que sou.”
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