Música

Mariana: a artista de rua que toca em Lisboa e já foi elogiada na “Rolling Stone”

Apesar do empenho, nem tudo é positivo. Já foi ameaçada por um homem alcoolizado quando atuava em pleno Chiado.
Está a criar o primeiro álbum.

Com mais de 33 mil seguidores no Instagram e 15 mil no TikTok, Mariana Mug já protagonizou vários vídeos virais.  O seu talento chamou a atenção de publicações como “Billboard” e “Rolling Stone”, no Brasil, o seu país natal. A artista ambiciona construir uma carreira no mundo da música, mas, por enquanto, o seu palco é em frente à Brasileira, no Largo do Chiado, em Lisboa.

Natural de Minas Gerais, Mariana viveu no Rio de Janeiro antes de se mudar para Portugal, em março de 2023. Veio sozinha, mas já tinha alguma familiaridade com o nosso País: anos antes, a irmã, professora, havia feito a mesma viagem. 

Mais tarde, veio também um amigo que acabou por se tornar seu namorado. “Foi um bom apoio, pois não estava completamente sozinha, mas eu era a única que atuava nas ruas. Não conhecia mais ninguém que fizesse o mesmo”, começa por contar à NiT.

A sua carreira começou no Brasil, em 2020, com o lançamento do seu primeiro single,”Nua”. Contudo, o percurso dos últimos quatro anos não tem sido isento de obstáculos. Quando pensava que estava prestes a assinar um contrato com uma editora brasileira, Mariana percebeu que estava prestes a ser vítima de um golpe financeiro. “Sentia-me sufocada artisticamente e sem liberdade relativamente ao que queria fazer, então decidi ir embora e recomeçar do zero”, confessa.

O amor pela música surgiu quando tinha apenas sete anos, inspirado pelo pai, que, apesar de não ser profissional, adorava cantar. As suas influências sempre foram artistas como Janis Joplin, Amy Winehouse, e, mais recentemente, Dua Lipa e Tame Impala. “Tenho um gosto muito diversificado”, reconhece.

Em Portugal, começou a trabalhar como artista de rua — fenómeno também designado como “busking” — em agosto do ano passado. A sua motivação cresceu ao observar outros músicos a fazer o mesmo. Em vez de se limitar a atuar em hotéis, decidiu instalar o seu o equipamento no Miradouro de Santa Luzia e, posteriormente, mudou-se para o Chiado, onde se encontra até hoje.

Apesar de inicialmente sentir insegurança e vergonha, por recear a aceitação dos lisboetas e turistas, Mariana superou as suas inibições após ter feito uma pausa, em setembro de 2023. “Decidi mudar a minha forma de pensar e as coisas começaram a mudar, para melhor. Os meus vídeos começaram a ganhar destaque no Instagram”, recorda. Atualmente, Mariana conta com 33,7 mil seguidores nesta rede social.

 
 
 
 
 
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Os seus sets, que duram cerca de uma hora, consistem maioritariamente em covers de temas de artistas conhecidos. Durante o aquecimento, coloca as próprias canções a tocar nas colunas, para dar a conhecer a originalidade das suas composições. “É tudo uma estratégia”, frisa.

Um dos momentos que considera mais memoráveis do seu percurso como artista de rua aconteceu no final do ano passado. Tinha ido ao ginásio e levou consigo o dinheiro que tinha destinado a comprar novo equipamento. Mais tarde, quando verificou a mochila, reparou que o dinheiro tinha desaparecido. Porém, não se deixou abater com o sucedido. 

Mesmo sem aparelhagem de som, decidiu ir para o seu palco habitual, e cantou a capella. “Nesse dia ganhei mais dinheiro do que esperava. Coloquei um cartaz a explicar a situação e as pessoas que paravam para ouvir ficavam emocionadas com a minha história. Foi uma prova da minha resiliência, mas também da generosidade e bondade das pessoas.”

Mariana admite, no entanto, que a sua experiência não é apenas positiva. Já enfrentou ameaças de “pessoas alteradas, muitas vezes devido ao consumo de álcool ou drogas”.

Uma vez, quase foi agredida por “um homem que parecia ser sem-abrigo”. Aproximou-se dela a gritar em inglês, para que se calasse e saísse dali. “Uns meninos que estavam ao pé de mim tiveram de o empurrar”, recorda. Contudo, procura concentrar-se nas experiências positivas, que são mais frequentes.

Além de Lisboa, Mariana já atuou em Barcelona, mas prefere a capital. “Lá, a vibe é mais intimista. É melhor para quem toca só instrumentos. Isso dificultou a minha adaptação.” Apesar das dificuldades, conseguiu ficar uma semana na cidade a viver apenas do que ganhou a cantar na rua.

Mariana também chamou a atenção no Brasil, destacando-se em revistas como a “Billboard” e a “Rolling Stone”. No primeiro caso, descobriram alguns dos seus vídeos no Instagram e decidiram partilhá-los. “Foi uma surpresa maravilhosa”, revela. Já a colaboração com a “Rolling Stone” aconteceu na sequência da recomendação de um amigo. “Estavam a desenvolver um projeto para dar visibilidade a talentos emergentes e fui uma das escolhidas. No ano passado, lancei um novo single e voltaram a destacar o meu trabalho”, explica.

Com o dinheiro que tem angariado através do busking — Mariana atua seis dias por semana —, pretende gravar o seu primeiro álbum. Atualmente, está a terminar de compor cinco canções, restando concluir três. Se tudo correr conforme o planeado, espera lançar o seu disco de estreia no início do próximo ano. Se as coisas não correrem como deseja, aponta o final de 2025 como alternativa.

 

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