Música

Museu retira figura de cera de Sinéad O’Connor após queixas da família

Irmão da cantora afirmou ter ficado “chocado” com a escultura. Instituição está a trabalhar numa nova representação da artista.
A vida não foi ácil para O'Connor.

Um ano após a morte da Sinéad O’Connor, aos 56 anos, um museu em Dublin, na República da Irlanda, recordou a data com a inclusão de uma estátua de cera em homenagem à cantora. No entanto, a escultura foi retirada da coleção na sexta-feira, 26 de julho, após suscitar polémica entre os fãs e familiares da artista devido às discrepâncias na sua aparência.

“Quando a vi, fiquei chocado”, relevou o irmão da artista, Josh O’Connor, à estação irlandesa RTE, expressando o seu descontentamento com a escultura, comparando-a a uma combinação entre um manequim exposto numa montra e um fantoche eletrónico de um programa de ficção científica.

Após a controvérsia, o National Wax Museum Plus, pediu desculpa à família de O’Connor e anunciou que iria desenvolver uma representação mais fiel da artista, famosa pelo sucesso “Nothing Compares 2 U”, uma versão da balada de Prince lançada em 1990.

 “Em resposta aos comentários do público sobre a figura de cera, admitimos que a representação atual não se alinhava com os nossos elevados padrões nem com as expectativas dos fervorosos admiradores de Sinéad”, sublinhou a instituição.

Paddy Dunning, o diretor do museu e amigo de longa data da cantora, enfatizou que Sinéad “merecia uma homenagem mais digna”.

Sinéad O’Connor morreu na sua residência em Londres, de causas naturais, a 26 de julho de 2023. Considerada uma das cantoras mais icónicas da República da Irlanda, a sua morte levou milhares de fãs às ruas da sua antiga cidade durante a cerimónia fúnebre, que contou com a presença do antigo primeiro-ministro britânico Leo Varadkar, do presidente Michael Higgins, bem como de figuras públicas como Bono (dos U2) e Bob Geldof (dos Boomtown Rats).

Nascida em 1966 em Dublin, Sinead O’Connor construiu a sua carreira ao combinar uma sonoridade que integra o folclore irlandês com elementos de pop e rock alternativo, sempre acompanhada de uma postura ativista que defendia opiniões fortes e muitas vezes polémicas. Um exemplo disso foi a sua recusa em aceitar o Grammy de 1991, quando decidiu boicotar a cerimónia por a considerar excessivamente “comercial”.

Caracterizada pelo cabelo rapado, um dos seus traços distintivos, O’Connor usou essa imagem como uma maneira de desafiar os padrões de beleza impostos pela indústria musical, além de ser uma tentativa de lidar com os traumas da infância causados por abusos sofridos por parte dos pais.

Um dos momentos mais significativos da sua trajetória, que a catapultou para a fama internacional, foi a sua atuação no programa Saturday Night Live em 1992. Durante a performance, que incluía uma versão da canção “War” de Bob Marley, a cantora apresentou uma fotografia do Papa João Paulo II e, num gesto marcante, rasgou-a em frente às câmaras.

Leia também este artigo da NiT e recorde a vida atribulada e sofrida de Sinéad O’Connor, da morte do filho aos problemas de saúde mental.

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