Quem é que disse que o rock está morto? O género prepara-se para voltar a ter uma casa só para si em Portugal, num espaço que encarna o espírito do velhinho Rock Rendez-Vous (RRV). Falamos de um dos mais conhecidos clubes da capital, no Bairro do Rego, que se encheu de euforia entre a década de 80 e os inícios dos anos 90. E parece que temos sucessor.
Situada no Parque das Nações, junto à estação do Oriente, em Lisboa, o Rock Station ambiciona ser a nova grande morada para os amantes do género musical. Numa área com mais de 800 metros quadrados — e uma capacidade de lotação para 1100 pessoas —, apresenta-se, em simultâneo, como uma sala de espetáculos e discoteca.
É na antiga fábrica da Kores, na Avenida Aquilino Ribeiro Machado, que nsceu um palco generoso para receber alguns dos melhores artistas da atualidade. Após algumas remodelações, o edifício recebeu equipamento renovado e todo o tipo de material de som, luz e vídeo. Só falta encher-se de guitarras elétricas.
A abertura está marcada para as 22 horas do dia 8 de dezembro, sexta-feira, com um concerto de inauguração de José Cid. “Se o Rui Veloso é o pai da música rock, o [José] Cid é a mãe. É a progenitora, um grande artista e damo-nos muito bem”, conta à NiT Alexandre Basto, um dos responsáveis.
Por trás da ideia estão ainda João Moreira, o DJ Charlie e João Santos. “Um dos sócios tinha trabalhado no RRV e percebeu que havia falta de salas de espetáculos no País. Está sempre tudo ocupado. E também tínhamos que dar hipótese a algumas bandas mais jovens para terem um sítio onde atuar”, acrescenta.
O público vai poder assistir a atuações de todos os velhos conhecidos, como GNR, Paulo Gonzo, Xutos & Pontapés ou UHF. Porém, não é só de nomes consagrados que se faz a música rock. É uma porta de entrada para muitos nomes emergentes se darem a conhecer aos portugueses que cresceram com os grandes rostos do género musical.
“A nossa ideia é fazer um acordo com alguma rádio e promover concursos entre bandas novas”, continua Alexandre. “Eventualmente, gostávamos de fazer uma parceria com alguma editora para ajudar a alavancar novas promessas da indústria nacional.”
A festa continua até madrugada
Um dos diferenciais da Rock Station é precisamente a vertente de discoteca. A partir da meia noite, vai ter vários DJ convidados e música ao vivo. Até às quatro da manhã, quando fecham as portas, a pista vai encher-se de pessoas que querem dançar apenas sobretudo temas que fazem parte do universo pop-rock.
Além disso, estão preparados para receber outro tipo de eventos, fora da agenda habitual. Os fundadores estão abertos ao aluguer do espaço. “Dizemos, desde o princípio, que às vezes não há salas disponíveis para uma lotação menor. Mesmo no Altice Arena, já não é fácil arranjar uma data para 2025”, reforça.
E as ideias não se ficam por aqui. Outra possibilidade é a criação de noites temáticas, que podem acontecer mensalmente. Algumas mais viradas para o rock o rock clássico, outras para o indie rock e, possivelmente, até algumas noites de tributo a determinados artistas. No entanto, “é um work in progresso. Ainda não está nada decidido.”
“Uma localização que caiu do céu”
A oportunidade de renovar a fábrica surgiu quando um dos sócios reparou que separaram dezenas de caixas naquele local. Quando abordou os antigos proprietários, percebeu que tinha ali “uma localização que caiu do céu”, a cerca de 200 metros da Gare do Oriente.
“As pessoas que passam de comboio vão ver logo a Rock Station. Estamos ali, a cinco minutos do Altice Arena, e mesmo ao lado do Centro Comercial Vasco da Gama. E tudo o que oferece a nível de jantares e opções para quem chega ou vai embora do espaço.”
Ainda assim, o processo foi sendo atrasado com várias alterações camarárias. “Quando achamos que está tudo, falta uma vírgula”, acrescenta. Por isso é que, apesar da ideia inicial de abrir em março, a licença só chegou no passado mês de agosto. “Queríamos ter tudo regularizado.”
O objetivo é aproveitarem também o espaço exterior com relva. Será uma zona para fumadores, um espaço de convívio e, possivelmente, uma esplanada para quando regressarem os dias quentes. “A casa por dentro está terminada, mas por fora ainda não.”
“Existem clubes de rock em todo o mundo e queremos fazer parte desse circuito em Portugal, sobretudo falando de discotecas. Em Lisboa, não há uma oferta deste género”, conclui. “Queremos que seja uma casa só com música rock. Seja ela dos anos 80, 90 ou 2000. Não interessa: é rock.”
Quanto aos valores, os preços vão variar, em média, entre os 15€ e os 20€. A única exceção, em que o custo pode ser maior, é no caso das atuações de artistas estrangeiros. Os bilhetes para o primeiro concerto, de José Cid, vão ser colocados à venda na segunda-feira, 20 de novembro.
Pode visitar o site oficial da Rock Station para ter mais informação. A sala de espetáculos irá funcionar às sextas-feiras e sábados.