wO último grande festival de verão na cidade de Lisboa terminou a 2 de setembro. Contudo, uma semana após o final dos concertos, algumas zonas do Parque da Bela Vista continuam com o acesso restrito. Estão “ocupadas” pela organização do festival, acusam os vereadores do PCP na Câmara Municipal de Lisboa.
Os comunistas criticam também o “estado avançado de degradação” que, alegadamente, se verifica no jardim público — e terá sido causada pela instalação do Kalorama. O PCP não pormenoriza os eventuais danos, embora partilhe várias fotos do local.
A situação levou a que os vereadores do Partido Comunista Português questionassem o presidente do município, Carlos Moedas, sobre o que estará ou não a ser feito para corrigir a situação. Segundo o PCP, revela o “Observador”, verifica-se um incumprimento do protocolo celebrado entre organização e autarquia.
“Tendo sido ultrapassado o período previsto para a ocupação do Parque, por parte da organização do evento em causa, será necessário calcular o valor referente às taxas, conforme o estipulado na Tabela de Taxas Municipais em vigor, para o período de ocupação abusiva e até ao seu termo”, refere o PCP, citado pelo “Observador”.
Interpretação diferente tem a organização do festival. “A data de entrega do recinto é a 14 de setembro. É isso que está no protocolo, que é público”, explica à NiT Andreia Criner, diretora de comunicação do MEO Kalorama. “Estamos perfeitamente dentro do prazo definido no protocolo.”
Quanto aos danos, figura também no protocolo que a afetação do parque à organização tem uma duração total de 32 dias, prazo que termina na próxima quinta-feira, 14 de setembro. “Depois da entrega, é feita uma visita dos serviços municipais [ao local] e se for identificado algum dano, será reparado. Vamos entregar o parque como o encontrámos”, assegura a organização. “Até agora, não foi identificado qualquer dano.”
Relativamente à ocupação dos espaços, procedem ainda à desmontagem de vários equipamentos que “têm um perímetro de segurança”. Não obstante, Andreia Criner faz questão de assegurar que “o parque da Bela Vista está aberto ao público”.
O MEO Kalorama, que se anuncia como um festival de “música, artes e sustentabilidade”, é igualmente criticado pelo “excesso de carga” que poderá estar a aportar ao parque da Bela Vista. Uma situação que os comunistas pretendem ver esclarecidas e analisadas, para perceber se este e outros locais da cidade beneficiam ou não com a realização destes eventos.
Não é a primeira vez que o festival que arrancou em 2022 no mesmo espaço onde se realiza o Rock in Rio se vê envolvido em polémicas no seio da autarquia. Em 2022, o PCP e outros partidos votaram contra a decisão de atribuição de um apoio não financeiro de dois milhões de euros. Fábio Sousa, deputado do PCP criticou a decisão do executivo, quando já havia sido recusado apoio à Feira da Luz, “um evento com mais de 500 anos e de entrada gratuita”.
O mesmo voltou a suceder este ano relativamente a novo apoio não financeiro de 843 mil euros que se traduziu em disponibilização de bens, serviços e meios humanos, bem como no pagamento de despesas de água e eletricidade. O apoio passou com votos a favor dos eleitos da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) e a abstenção do PS. PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) votaram contra.