Os Ornatos Violeta estão numa ótima fase. Já não lançam um disco há mais de 20 anos (e mesmo assim só editaram dois), conseguiram superar uma pandemia e continuam a experienciar uma reunião prolongada sem fim à vista e conquistaram uma enorme base de fãs que não os conheceu nos anos 90 — como se viu este sábado, 3 de setembro, no MEO Kalorama.
É, no mínimo, impressionante. Ainda mais quando, em palco, Manel Cruz, Peixe, Kinörm, Elísio Donas e Nuno Prata parecem completamente revigorados. O alinhamento do espetáculo no Parque da Bela Vista foi unicamente baseado no seu segundo álbum, o aclamado “O Monstro Precisa de Amigos”.
De 1999 para 2022, com longos anos de paragem e algumas reuniões esporádicas pelo meio, os Ornatos Violeta parecem estar extremamente confortáveis com a sua música e uns com os outros em palco. A comunhão e o prazer que sentem são francamente visíveis. Gozam de um estatuto de banda de culto e voltaram a ser muito acarinhados pelo público em Lisboa. Na plateia estavam também muitos estrangeiros admirados com a energia da banda portuguesa.
De brilho nos olhos e sorriso nos lábios (e, obviamente, de tronco nu), Manel Cruz foi cantando sobre paixões e desamores ao longo de temas como “Para Nunca Mais Mentir”, “Pára de Olhar Para Mim”, “Nuvem” ou “Capitão Romance”. Em “Dia Mau”, um verso errado obrigou-o a repetir a canção. “Fodi tudo”, reagiu com graça, no seu estilo transparente e genuíno.
Em “O.M.E.M.”, deixou-se cair nos braços do público, entregando-se ao crowdsurf enquanto libertava toda a energia em sintonia com a multidão, como se se tratassem de um só. Já em “Ouvi Dizer”, um dos maiores sucessos da banda, irrompeu pelo meio do público, no corredor, enquanto cantava a icónica canção. E “Chaga” foi uma tremenda explosão de energia.
Os Ornatos Violeta despediram-se com uma vénia, a oferta de baquetas e um grande sentido de dever cumprido. Foi só uma hora, mas ainda conseguiram tocar um tema a mais, e não deixaram de ser uns dos 60 minutos melhor aproveitados deste MEO Kalorama.
Com a banda a admitir em conversa com a NiT a vontade de fazer mais concertos, num registo intimista (e até a não descartar a hipótese de trabalharem em música nova), o futuro dos Ornatos Violeta, uma banda do passado, parece ser cada vez mais radiante.
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