Esta segunda-feira, 5 de setembro, cerca de três semanas após o fim da mais recente edição d’O Sol da Caparica, a Câmara Municipal de Almada reuniu-se e abordou o assunto do festival — que este ano ficou marcado por diversos problemas, segundo apontaram vários artistas e centenas de visitantes nas redes sociais.
Está confirmado que a produtora e promotora Grupo Chiado vai manter-se na organização do festival em 2023 — a empresa tem um contrato com a autarquia que inclui a próxima edição. Em 2023 será realizado um novo concurso. A presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, esclareceu que está a ser feito um balanço desta edição.
“Tal como aconteceu em 2019, será feita uma avaliação em função do que foi contratualizado, do que foi cumprido e do que não foi”, disse, citada pelo “Observador”, acrescentando que “essa avaliação está a ser feita”, embora não tenha sido concluída.
Contudo, a autarca frisou que não lhe parece que tenha existido qualquer incumprimento contratual. Alegou que o Grupo Chiado cumpriu “em muito, até de mais quase, o que contratualizaram em termos de programação”. Inês de Medeiros admitiu que “a Câmara de Almada não gosta de ver os relatos que vão surgindo na comunicação social, sobretudo quando temos a sensação de que há aqui um gosto por uma notícia mais estrepitosa”.
A vice-presidente da autarquia, Maria Teodolinda Silveira, também desvalorizou os eventuais problemas, alegando que “não têm o peso que a comunicação social lhe deu”. Apesar de admitir que existiram algumas dificuldades e queixas justificadas, a vice-presidente sublinhou que “em 92 bandas, há quatro, cinco, que têm queixas, e algumas delas justificadas”.
“Não vi de facto o queixume generalizado que depois vi na comunicação social (…) Não estou a dizer que se estão a queixar por queixar, mas, na minha ótica, não tem o peso que a comunicação social lhe deu. Não é, não pode”, disse ainda Maria Teodolinda Silveira.
Inês de Medeiros realçou a quantidade de pessoas que passaram pelo Parque Urbano da Costa da Caparica para assistir aos concertos no festival. “Está a tornar-se um festival incontornável e a cumprir a sua missão de ser o grande festival de língua portuguesa, em todos os países”, acrescentando mesmo que se está a tornar “o terceiro festival nacional”. “Para nós, foi um sucesso.” Mais de 150 mil pessoas terão estado presentes.
Quanto aos insultos veiculados por um dos promotores do festival, Rui Campos, no âmbito da atuação dos Karetus que foi interrompida graças a diversos problemas de segurança — caso que a NiT relatou falando com todas as partes —, a presidente da câmara lamentou o sucedido e descreveu a atitude como “absolutamente intolerável”.
“Alguns comentários que vimos ou fomos lendo são intoleráveis. Até porque não há cultura sem artistas. Qualquer consideração menos própria, e sobretudo mais boçal, mais grosseira em relação aos artistas, é e será sempre condenável. Mas as grosserias ficam com quem as pronunciou. É bom não esquecer.” E frisou que as injúrias não foram “pronunciadas a título oficial”. “Já verifiquei. Uma coisa é um comentário pessoal, por muito desagradável que seja; outra coisa é um comunicado oficial.”
A edição de 2022 d’O Sol da Caparica deverá voltar a ser discutida na próxima sessão ordinária da Assembleia Municipal de Almada, marcada para a quinta-feira da próxima semana, 15 de setembro.
Uma semana depois do festival, a Associação Portuguesa de Profissionais dos Espetáculos e Eventos (APPEE) pediu ao Ministério da Cultura e à Câmara Municipal de Almada a abertura de um inquérito para apurar eventuais problemas que tenham acontecido durante O Sol da Caparica. Além dos Karetus, Os Quatro e Meia, Miguel Ângelo e The Legendary Tigerman foram outros dos músicos que se manifestaram publicamente sobre problemas que tenham acontecido no evento.