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Quem é o jovem de 24 anos que conquistou a Eurovisão com a primeira canção que escreveu

JJ passou a acompanhar o concurso após a vitória da compatriota Conchita Wurst. "Era um tema fortemente tabu porque ela fazia parte da comunidade queer", recorda.

Durante largos minutos, Israel liderou a tabela da Eurovisão e a vitória parecia estar prestes a ser confirmada. Mas nos instantes finais, foi a Áustria que garantiu a vitória com um total de 436 pontos. A canção “Wasted Love”, que mistura pop, ópera e eletrónica, foi interpretada por JJ e conquistou o primeiro lugar do Festival da Canção de 2025.

Johannes Pietsch, agora com 24 anos, não é um nome totalmente desconhecido. Em 2020 participou no “The Voice UK” e integrou a equipa de will.i.am, chegando à fase das batalhas. Nascido em Viena e criado no Dubai, cresceu rodeado de música. “Com o tempo, percebi que expressar-me através da música era o que fazia mais sentido”, contou ao “The Independent”.

Começou por cantar na escola e em eventos locais, até que decidiu escrever as próprias canções. “Foi graças à composição que percebi que queria seguir a música profissionalmente”, explicou. O seu percurso começou na música clássica, mas na adolescência descobriu uma nova fusão de estilos. “Percebi que era essa a combinação que funcionava para mim. Mesmo quando ainda estudava, os meus colegas diziam-me que aquele era o meu futuro. Desde então que continuei a seguir esta linha”, referiu à “Euronews”.

“Wasted Love” foi o seu primeiro single, lançado em 2024 — e foi graças a ele que chegou à vitória na Eurovisão. “É absolutamente louco que a primeira canção que lancei na vida esteja a ser apresentada num palco deste tamanho. É surreal.” A faixa aborda a dor de um amor não correspondido e, para o artista, foi um processo emotivo. “Felizmente, já não estou preso ao que canto porque consegui ultrapassar as situações mais negativas”, disse.

Ser a voz do país era um sonho que tinha desde que era miúdo e viu Conchita Wurst vencer o concurso em 2014. Na verdade, foi nesse ano que tanto JJ quanto a família começaram a acompanhar a Eurovisão. “Já sabia o que era, mas nunca tinha visto porque no Dubai, onde cresci, não era transmitido.”

A vitória da artista queer foi um marco. “Era um tema fortemente tabu porque ela fazia parte da comunidade queer. A nossa atitude, enquanto família, passou a ser: sim, temos de ver a Eurovisão agora porque apoiamos a comunidade.”

Recorda-se, por estes dias, do que os seus pais lhe disseram: “O ódio é mesmo aquilo de que o mundo não precisa.” Uma mensagem que não esquece. “O ódio é a pior coisa do mundo. Amem-se, porque o amor é a coisa mais bonita”, comentou ao “Queer.de”.

A participação na Eurovisão começou com a submissão da canção à seleção nacional. A escolha final foi feita por um painel de jurados austríacos. “Fiquei sem palavras quando soube da notícia. É uma grande responsabilidade, mas também um sonho tornado realidade. Estou orgulhoso por poder levar a minha música a um palco tão grande e partilhá-la com a Europa e com o mundo.”

Antes da atuação, revelou ao “The Independent” que, se vencesse, iria chorar — e assim foi. Depois do triunfo, planeava uma grande celebração. “Provavelmente vamos fazer uma festa enorme, dançar a noite toda e comer demasiado bolo.”

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