No Festival da Eurovisão deste ano — que se realiza entre 9 e 13 de maio — quem vai representar Portugal é a cantora Mimicat, com o tema “Ai Coração”. Porém, a julgar pelas casas de apostas internacionais, a canção portuguesa terá dificuldades em sagrar-se vencedora do concurso.
“Ai Coração” aparece apenas em 26.º lugar no ranking do site especializado Eurovision World, que aglomera as previsões de várias casas de apostas. A grande favorita a vencer a Eurovisão este ano é a cantora sueca Loreen, de 39 anos, que está a concorrer com “Tattoo”. Segundo o mesmo portal, tem 39 por cento de hipóteses de ganhar.
Não será a primeira vez que Loreen irá subir ao palco da Eurovisão. Aliás, a sueca filha de pais marroquinos já conquistou o concurso em 2012, quando se apresentou com a faixa “Euphoria”, escrita por Thomas G:son e Peter Boström. Desde então que se tem mantido no radar do festival.
Atuou na final da Eurovisão em 2016, que aconteceu em Estocolmo, a capital do seu país. E foi uma das artistas convidadas a participar no filme da Netflix “Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga” (2020), protagonizado por Will Ferrell e Rachel McAdams.
Loreen tornou-se conhecida no seu país quando participou na edição local de “Ídolos”, em 2004. Não venceu, mas conseguiu assegurar o quarto lugar e a sua carreira descolou. No ano seguinte apresentou o seu single de estreia, “The Snake”, uma colaboração com a banda Rob’n’Raz. Além disso, iniciou-se enquanto apresentadora de televisão, tendo feito depois trabalhos enquanto produtora e realizadora de vários programas.
Em 2011, concorreu pela primeira vez ao Melodifestivalen, o equivalente sueco ao nosso Festival da Canção. Embora não tenha conseguido ganhar o concurso, o seu tema “My Heart Is Refusing Me” tornou-se um hit nacional. Loreen tentou novamente a sua sorte logo no ano seguinte. Foi quando se apresentou com “Tattoo”, o tema que de facto não só ganharia o Melodifestivalen como a própria Eurovisão.
“Tattoo” revelou-se um êxito internacional e chegou mesmo a ser o tema da Eurovisão não-britânico a ter mais sucesso no Reino Unido desde 1987. Nesse ano, apresentou o seu disco de estreia, “Heal”, e continuou a firmar o seu legado. Foi convidada a fazer atuações em programas de televisão polacos, neerlandeses ou romenos. Na abertura da Eurovisão de 2013, atuou novamente no grande palco, para apresentar o single “We Got The Power”.
Loreen tem usado a sua voz e posição para promover encontros com ativistas políticos nos diversos países por onde passou. Por exemplo, aquando da Eurovisão de 2012, encontrou-se com ativistas pelos direitos humanos em Baku, a capital do Azerbaijão. O encontro foi criticado pelas autoridades do país, mas isso não demoveu Loreen de levar adiante as suas convicções.
O mesmo aconteceu na Bielorrússia, também em 2012, quando a cantora se encontrou a mulher de um prisioneiro político e ativistas locais que lutam pelos direitos humanos. À imprensa sueca, declarou mais tarde que estava consciente dos perigos que correu e sabia que poderia ter sido impedida de embarcar no voo de regresso a casa, — ainda assim, optou por marcar a sua oposição ao regime político. No ano seguinte, viajou para o Afeganistão enquanto embaixadora representante do seu país, numa viagem promovida pelo ministério dos negócios estrangeiros sueco.
Bueno yo dejo esta mezcla rápida que he hecho con Tattoo de Loreen y una canción de culto popular llamada Flying Free y ya me voy pic.twitter.com/KR9fF1h1oy
— 🎮 Paula G 🐧🏳️🌈 (@PauGranger) February 27, 2023
Em paralelo, Loreen foi-se afirmando como uma artista de renome internacional, tendo começado a fazer digressões europeias em 2014. Acabaria por concorrer novamente ao Melodifestivalen em 2017, porém, nem conseguiu chegar à final. Nesse ano apresentou o EP “Nude” e o segundo álbum, “Ride”.
Agora está a preparar-se para atuar em Liverpool, no Reino Unido, a cidade que vai acolher o próximo festival, mas a sua participação não está isenta de polémical “Tattoo”, o tema que pode muito ganhar a Eurovisão de 2023, está a ser comparado nas redes sociais à canção “Flying Free”, êxito da música eletrónica dos anos 90. Muitos dizem mesmo que se trata de um caso de plágio.
Leia também a entrevista da NiT a Mimicat, a cantora de “Ai, Coração”, o tema escolhido para representar Portugal na final do Festival da Eurovisão.