Música

Quem é o grupo de cante alentejano que brilhou no “Estrelas ao Sábado” da RTP?

Os Relíquia são amigos de Buba Espinho e Luís Trigacheiro e querem ser o próximo grande grupo de Portugal.
Querem ser o próximo grande nome do cante alentejano.

“O cante alentejano é a nossa tradição, a nossa cultura e queremos levá-lo o mais longe possível.” É este o lema de António Marques, António Engrola e Luísa Engrola, também conhecidos como Os Relíquia. No mais recente programa de “Estrelas ao Sábado”, emitido a 25 de janeiro, o trio de cante alentejano foi o grande vencedor da competição de talentos. Uma surpresa, sobretudo pela idade dos membros: os dois rapazes têm 17 e Luísa apenas 12.

A história d’Os Relíquia começou em 2024 numa taberna em Moura, no Alentejo, mas já todos tinham uma forte ligação à música. António Engrola entrou num coro infantil com cerca de seis anos. Sempre apaixonado pelas “modas do Alentejo”, continuou a cantar mesmo após ter saído do grupo.

A de António Marques é semelhante, mas sempre foi um miúdo mais irrequieto. Sempre que saía de casa, a mãe tinha de lhe dar um tambor de plástico para se entreter. “Quando tinha cerca de seis anos, entrei num coro e ao mesmo tempo comecei a tocar acordeão”, conta à NiT.

O caminho de ambos cruzou-se quando tinham dez anos, graças a um amigo em comum. Rapidamente perceberam que partilhavam um gosto pelo cante alentejano e passaram a levar a música mais a sério. “Quando fomos convidados para atuar na taberna, a uma quinta-feira do ano passado, decidimos convidar a Luísa. Ela é a mais nova e a nossa relíquia.” Foi isso que inspirou o nome do grupo que, na verdade, foi batizado pelo próprio dono da taberna.

A primeira atuação foi “a mais assustadora de todas”, especialmente para a miúda de 12 anos. Embora gostasse de cantar, tinha medo de o fazer em público. “Consegui enfrentar o medo e começámos a cantar umas moedas”, recorda.

O amor pela música não saltou gerações e todos os elementos d’Os Relíquia têm familiares que tocam ou cantam. Quando decidiram criar o grupo, foram sempre apoiados por todos — e já são verdadeiras celebridades no Alentejo. “Somos reconhecidos todos os dias e as pessoas dão-nos os parabéns e dizem que ficaram muito contentes por estarmos a levar o cante alentejano mais longe.”

 
 
 
 
 
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O grupo foi aplaudido pelo “sentimento e emoção” que mostrou no “Estrelas ao Sábado”. Acreditam que foi graças a isso que venceram o programa. Para António Marques, qualquer um consegue cantar, mas “poucos conseguem cantar com alma”. O facto de serem um trio é um obstáculo adicional. “Cantar a uma voz é difícil e cantar a duas ainda mais. Cantar a três é excelente, mas um enorme desafio.”

A participação no programa da RTP surgiu por mero acaso. Não foram os alentejanos que se inscreveram, mas sim a produção que os convidou após terem visto, num direto do Instagram, uma atuação na Taberna O Barranquenho, onde tudo começou. “Decidimos participar sem grandes expectativas. Demos o nosso melhor, fizemos o que gostamos e conseguimos vencer”, afirmam orgulhosos.

O prémio foi a oportunidade de gravarem uma canção e um videoclipe, algo que pretendem fazer ainda em 2025 — e o tema vai ser composto pelo trio. No próximo ano, se tudo correr conforme planeado, lançaram o primeiro álbum.

Para o disco deverão inspirar-se em Buba Espinho e Luís Trigacheiro, visto que são os seus ídolos e, acima de tudo, amigos “há algum tempo”. “O Buba já atuou com o meu irmão e o Luís Trigacheiro já dormiu na minha casa”, comenta António Marques. Antes do álbum se tornar uma realidade, vão continuar a fazer o que têm feito até agora: atuar nas aldeias e vilas do Alentejo e “levar o cante alentejano mais além”.

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