Lady Gaga estava na sua casa em Los Angeles quando o empresário e namorado Michael Polansky lhe fez uma pergunta inesperada: “Quando eu te pedir em casamento, o que é suposto fazer?” A cantora, conhecida pelas suas extravagâncias, não tinha nada luxuoso em mente — muito pelo contrário. “Podes pôr um fio de relva à volta do meu dedo que eu direi que sim”, recorda, em conversa com a “Rolling Stone”.
O pedido oficial, no entanto, acabou por ser um pouco diferente. Em abril de 2024, após um dia a praticar montanhismo, Polansky ajoelhou-se e, depois de cerca de cinco anos de namoro, fez a tão esperada pergunta. Gaga ficou em êxtase, mas assume que foi tomada por um sentimento mais sombrio.
“Era a memória do passado a assombrar-me, a perda de amigos, a perda de entes queridos. Tive uma amiga que se casou no meu jardim e que morreu de cancro”, conta, referindo-se a Sonja Durham, a sua amiga e diretora-geral da Haus of Gaga. “Estava a lembrar-me de que esse momento feliz, essa coisa feliz na minha vida, aconteceu num lugar onde foi agridoce.”
Apesar da montanha-russa emocional, o momento acabou por inspirar “Blade of Grass”, uma das faixas do novo álbum da artista. “Mayhem” foi lançado esta sexta-feira, 7 de março, e só foi possível graças à ajuda de Michael, de 41 anos.
O disco marca um regresso às raízes da cantora, que se tornou um fenómeno nos anos 2000 com álbuns como “The Fame”, “The Fame Monster” e “Born This Way”. Esta mudança de rumo foi, aliás, um pedido do próprio noivo. “Ele disse-me: ‘Bebé, eu amo-te. Precisas de fazer mais música pop'”, revelou Gaga à “Vogue”. “Quando ela estava na digressão do “Chromatica”, vi um fogo nela. Queria ajudá-la a manter isso vivo e incentivei-a a fazer música que realmente a faz feliz”, acrescentou Michael.
Quando começou a gravar o álbum, recorda ter sentido a energia sombria dos seus primeiros trabalhos. “Foi realmente poderoso. Nos últimos quatro álbuns que fiz afastei-me disso e tentei algo novo, mas este foi um regresso àqueles sonhos góticos”, contou à “Rolling Stone”.
Com “Mayhem”, queria percorrer um caminho antigo enquanto traçava um novo percurso. “Há alguns momentos em que podem dizer que certa canção é semelhante a um single mais antigo, mas a verdade é que eu tenho um estilo, mas também fiz um esforço para me reinventar.” No fundo, o projeto é uma “junção da música industrial com o grunge”, mas também com o super-pop e influências dos anos 2000, descreve ao “USA Today”.
O primeiro single, “Disease”, foi lançado 25 de outubro e deu aos fãs um vislumbre daquilo que poderia esperar deste trabalho. A faixa, que já tem uma sonoridade mais rock, foi escrita com a ajuda de Michael Polansky. Esta não foi a primeira vez que o empresário teve mão num projeto musical da noiva.
Antes da estreia de “Joker: Loucura a Dois”, onde Gaga interpreta a protagonista ao lado de Joaquin Phoenix, a cantora lançou “Harlequin”, um álbum que promovia a produção e que, claro, colocava-a no papel de Harley Quinn.
Descreveu este trabalho como “um desafio aos géneros musicais”, visto que passava por todos os estilos, desde o funk e soul ao rock e jazz. “Eu e o meu noivo, que também é o meu parceiro criativo, escolhemos todas as canções que íamos pôr e também escrevemos algumas originais em conjunto”, contou à estação de rádio Capital.
O casal começou a namorar em 2019, depois de ter sido apresentado pela mãe da cantora, Cynthia Germanotta, e tornou a relação pública no Super Bowl de 2020. Para muitos, esta ligação surgiu de forma inesperada — afinal, Lady Gaga é uma das maiores estrelas da pop e Michael Polansky era um nome desconhecido para o público. No entanto, o empresário tem uma influência significativa, sobretudo no setor da tecnologia.
Formado em Matemática Aplicada e Ciência da Computação pela Universidade de Harvard, Polansky construiu uma carreira de destaque no empreendedorismo, nos investimentos e na filantropia. Em 2009, tornou-se diretor-geral do Parker Group, organização que gere os interesses empresariais de Sean Parker, cofundador do Napster e um dos responsáveis pelo Facebook.
Durante o seu tempo no Parker Group, ajudou a criar a Parker Foundation e o Parker Institute for Cancer Immunotherapy, instituições dedicadas ao avanço de terapias inovadoras contra o cancro. Segundo uma fonte próxima do casal, que falou com a “People” em 2021, a filantropia foi um dos fatores que os aproximou. O ativismo pela saúde mental sempre foi um pilar na carreira de Gaga.
Os dois já colaboraram em vários projetos, incluindo o festival online “One World: Together at Home”, realizado durante a pandemia e que contou com atuações de nomes como Elton John e Paul McCartney.
Em entrevista à “MSNBC”, Gaga também revelou que Polansky a tem ajudado no desenvolvimento de uma aplicação para a Fundação Born This Way, criada pela artista em 2012. “Estou a trabalhar com o amor da minha vida em algo para a saúde mental”, disse.
Enquanto a app não é lançada, Polansky continua à frente de várias empresas, como a Hawktail, fundada em 2021 e especializada em investimentos no setor tecnológico. No ano seguinte, cofundou a Outer Biosciences, focada no desenvolvimento de compostos para as áreas da saúde e cosmética.
Este trabalho poderá ter sido decisivo para, em agosto de 2024, ter integrado o conselho de administração da Haus Labs, marca de maquilhagem de Lady Gaga. O anúncio surgiu um mês depois de outra grande novidade que deixou os fãs — os “Little Monsters” — em êxtase: o noivado.
A confirmação veio da própria artista, durante uma conversa com Gabriel Attal, então primeiro-ministro francês, nos Jogos Olímpicos. Ao apresentar Polansky, Gaga referiu-se a ele como “o seu noivo”. Dias depois, à “People”, reforçou a declaração: “Ele é o amor e o melhor da minha vida.”