Quando tinha dez anos, uma simples viagem de carro de Setúbal para Abrantes mudou para sempre a vida de Rúben Xavier. Lembra-se de estar a dormir e, quando acordou, na rádio ouvia-se “Anjo da Guarda”, de António Variações. “Fiquei com aquilo na cabeça e a partir daí quis descobrir mais”.
Agora com 30 anos, tem uma banda tributo ao artista. Este domingo, 28 de julho, foi também um dos grandes destaques de “SuperEstrelas”, o programa da RTP onde os participam encarnam artistas (nacionais ou internacionais), reproduzindo os trejeitos, looks, voz e timbre de cada um.
Rúben é natural de Setúbal e, em paralelo ao grupo, é auxiliar de ação médica no departamento de esterilização do Hospital do Barreiro. Participar no programa não foi exatamente uma escolha dele, mas sim um incentivo dos amigos. “Dizem-me que tenho o timbre muito semelhante ao do Variações e que seria uma boa ideia concorrer, não só pessoalmente, mas também profissional, especificamente no ramo da música”, conta à NiT.
Ao longo da jornada, teve sempre o apoio dos outros elementos do grupo e, acima de tudo, da sua mulher. Antes de ser o vocalista do (A)Variações, teve outras aventuras na indústria.
A ideia da banda tributo surgiu na altura da pandemia. Rúben sentia-se no limbo e não sabia o que fazer musicalmente. Como tinha uma voz parecida à do artista, decidiu apostar neste conjunto que já tem vários espetáculos marcados para os próximos meses.
Com o decorrer dos anos, teve a oportunidade de conhecer a família de António Variações. “Dou-me muito bem com eles, especialmente com o João, o sobrinho. Recentemente eu e a minha mulher estivemos em casa deles em Amares. É uma relação que acabou por crescer devido ao fascínio que tenho pelo trabalho dele e pela pessoa que era”, explica.
A coleção de artigos que tem do cantor também foi aumentando exponencialmente. Na sua sala está disposta uma vitrine com todos os CDs (alguns repetidos), vinis e até uma caixa de botões que eram do próprio músico. “Também tenho alguns livros que não são especificamente sobre ele, mas que contêm pequenas referências à sua carreira”, acrescenta.
A participação no “SuperEstrelas” não foi a estreia de Rúben Xavier, na televisão portuguesa. Em 2014 esteve no “Rising Star” da TVI, onde acabou no top 10. Dois anos depois, esteve no “Got Talent Portugal” com Os Cruzados, um grupo que tinha na altura. Ali, chegou às semifinais.
Com a sua presença neste novo concurso pretende levar o trabalho da sua banda mais além. “Nós somos seis elementos [três homens e três mulheres] e o nosso cachê não é muito elevado porque não somos assim tão populares. Somos mais solicitados no Norte e se atuarmos, por exemplo, por mil euros, temos de dividir o valor por seis pessoas e precisamos de ter em conta o gasto dos carros e portagens. Ficamos quase sem nada para nós”, lamenta.
É por isto que muitos dos artistas do (A)Variações têm empregos paralelos. O principal objetivo é criar um tributo de grandes dimensões, ao nível do que acontece com os Hybrid Theory, que homenageiam os Linkin Park e que ainda este ano atuaram no Rock in Rio Lisboa. “Foi por isso que decidi participar”, confessa.
Quanto à próxima atuação, revela que vai dar o seu melhor, tal como acontece sempre. Espera, acima de tudo, que a produção lhe dê uma boa canção de Variações. Além de honrar o artista português, também vai estar a atuar em nome do avô que morreu há cerca de um mês.
Leia o artigo da NiT e conheça também a história de Sónia Santos, a fadista que encarnou Amália Rodrigues no mesmo programa.