Música
Rui Reininho: “O nosso concerto foi melhor que o dos Guns N’ Roses”
Há 27 anos, os GNR tocavam pela primeira vez no Canadá. A banda regressa este mês a Tornonto e Rui Reininho recorda à NiT o primeiro espetáculo.
Uma busca no Google com as palavras “GNR+Toronto” apresenta-nos quase 400 mil resultados. Até à página 20 não há nenhum em português. Porque GNR é também o diminutivo usado pelos Guns N’ Roses, e a banda de Axl Rose já passou várias vezes pela cidade canadiana. Uma dessas ocasiões coincidiu com o concerto dos GNR — sim, os portugueses.
Foi há 27 anos. Rui Reininho mal se recorda da idade que tinha ou do disco que a banda andava a promover, mas lembra-se de ter achado o concerto dos Guns N’ Roses “um bocadinho chato”. A banda prepara-se para regressar ao Canadá já esta quinta-feira, 15 de Junho, para atuar no Queen Elizabeth Theatre, e a NiT fez um exame à memória de Rui Reininho, que o vocalista passou com distinção. Vá, com alguns lapsos temporais.
Lembra-se da sua idade na altura?
É fazer as contas, mas andava ali pelos trinta.
Do que se recorda desse concerto?
Foi um espectáculo à tarde. Tocámos sobretudo para a comunidade portuguesa, num grande parque que não recordo o nome. Lembro-me que tivemos de acabar relativamente cedo por causa das autorizações. São as normas de Toronto (faz sotaque americano). A partir das seis da tarde não era possível tocar e o concerto acabou por ser mais pequeno.
Tinham muito público?
Estava imensa gente o que foi bastante agradável, e gostei das pessoas que conheci na comunidade portuguesa. Ainda deu tempo para aquela voltinha turística, fomos passear às Cataratas do Niagara. E à noite fomos ver os outros GNR.
Que outros GNR? A banda da Guarda Nacional Republicana? Os Guns N’ Roses?
Os Guns N’ Roses, num estádio de Basebol, todos em grupinho. Foi um concerto muito diferente. Por razões de segurança ficámos na bancada, muito longe do palco. E as pessoas não se podiam manifestar muito, se alguém se levantasse para dançar vinha logo um segurança. Eu por acaso achei um espetáculo um bocadinho chato.
Porquê?
Foi demasiado longo e não teve ritmo. O nosso foi melhor do que o dos Guns N’ Roses.
Em que fase estava a banda?
Tínhamos uns dez anos nas pernas, julgo que terá sido na altura do “Psicopátria”. Foi um concerto integrado nas comemorações do 10 de Junho, tal como o de agora, que ainda é no espírito das ‘comemorations’ [risos]. A comunidade portuguesa no Canadá é muito evoluída e as pessoas são muito simpáticas.
Fazem muitos concertos no estrangeiro? Sempre para as comunidades portuguesas?
Estes concertos raramente são iguais, e costuma haver gente de diferentes lugares, não são apenas portugueses. Nessa noite em Toronto lembro-me que até demos uma voltinha pela cidade. Fomos para os copos com umas moças iranianas. Como diria o Scolari, com umas moças do Irã.
Quantos dias estiveram na cidade?
Três. Todos os dias fomos tomar o pequeno-almoço a uma padaria portuguesa com pãezinhos e chocolates que já nem se vendiam cá, da Regina. E outras coisas muito portuguesas, como croissants. Foi uma experiência muito agradável.
Já conhecia a cidade?
Do pouco que vimos da cidade, e acho que essa opinião era unânime, parecia assim uns United States of America mas em civilizado, sem grande violência ou turbulência. Eu não conheço os EUA a fundo, só Manhattan e pouco mais, mas há sempre aquela ideia um bocadinho mais dura. Também conheço New Jersey e por pouco não conseguimos tocar lá, como da outra vez.
Quando, nesta viagem?
Estava marcado um espetáculo em Nova Iorque no dia seguinte. Isso é que era uma tourné pelas américas, não era? Falhou completamente porque não conseguimos os vistos a tempo, foi mal organizado. Tínhamos marcado num teatro em New Jersey. Agora é ir e voltar. No dia 20 já temos um concerto Vila do Conde
Quantos dias ficam desta vez?
Agora é pouco tempo, três dias. No dia 20 temos um concerto marcado em Vila do Conde, que também é bonito. Tem lindas praias. E é perto de minha casa, até há metro de Leça da Palmeira.
Também vão tocar nalguns festivais, foram anunciados em Vilar de Mouros, no Sol da Caparica.
Com este disco, “Caixa Negra”, que tem três anos, vamos ultrapassar os 100 espetáculos o que é um bom para o nosso objetivo de três anos. Não é aquele ritmo do “Psicopátria”, em que chegámos a fazer 100 num ano, mas nós próprios gostamos de uma vida mais pausada. Não queremos tocar pouco, mas 30 ou 40 concertos por ano é bastante aceitável.
Nunca pensa em abrandar? É rock’n’roll até rebentar?
Exatamente. E esta semana vou tocar com o Pedro Jóia na noite da Final da Liga dos Campeões, na Casa da Música, um no SuperBock Super Rock, numa homenagem ao Zé Pedro. Convites não têm faltado tanto aos GNR como a mim. Quando não vou é porque não posso.
Têm ensaiado? Costumam encontrar-se muito?
Nós vimos de um período de ensaios. Produzimos quase meia hora nova de um espetáculo de uma hora e meia. Temos uma música nova a sair, ensaiada, vamos tocá-la antes de passar na rádio e o próximo passo é fazer um vídeo para esta música. Espero ter novidades até setembro.
Ainda toca o Dunas?
Este ano os GNR fazem 37 anos. A moda para este verão a incidência vai ser um bocadinho os anos 90. Pegámos em três ou quatro temas dessa época e vamos fazê-los, passamos de um new wave dos 80. Este ano os GNR tocam os 90.
E discos a solo? Nada se segue?
Estou a gravar. O do Toli saiu há um mês e o meu deve ficar completo até ao fim do ano. Por agora só toquei instrumentos orientais do Nepal, onde estive recentemente, mas ainda não cantei. Vai ser um disco exótico.