O Festival Intervisão da Canção (ISC), competição tida como rival da Eurovisão, regressará este ano a Moscovo. A sua reativação foi determinada pelo presidente russo, Vladimir Putin, na segunda-feira, 3 de fevereiro, para promover “valores tradicionais universais, espirituais e familiares”, adianta o Kremelin.
Criado em 1965 na Checoslováquia, o festival, com formato semelhante à Eurovisão – países do Leste Europeu a competir e um júri a eleger o vencedor – realizou-se até 1968 nesse país e a sua última edição ocorreu em 1981, devido à instabilidade política da época. Destinado a “desenvolver a cooperação cultural e humanitária internacional”, o Intervisão foi suspenso durante décadas.
A decisão de relançar o ISC surge num contexto de crescente restrição a direitos LGBTQ+ na Rússia, com a inclusão do movimento de defesa destas comunidades na lista de organizações extremistas e terroristas em 2024 e o consequente aumento de limitações à expressão da orientação sexual e identidade de género – proibições que já existiam quanto a mudanças legais ou médicas de género. Esta postura contrasta com a Eurovisão, competição da qual a Rússia foi banida em 2022 após a invasão da Ucrânia, e que, no ano passado, premiou Nemo, o primeiro concorrente não binário.
Apesar da Eurovisão ter um grande alcance globalmente, Putin considera que os valores propagados pelo concurso são incompatíveis com a ideologia russa.
“Os artistas não podem interpretar canções que apelem à violência, humilhem a honra e dignidade da sociedade, e é exigido que os temas políticos sejam completamente excluídos das letras”, lê-se no regulamento.
Mais de 25 países, entre os quais o Brasil, a Índia e a China, já manifestaram interesse em participar no Intervisão, assegura o Kremlin. A competição é aberta a canções em qualquer idioma, e o vencedor, além de uma recompensa financeira, terá direito a uma digressão.
