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A sensualidade discreta e hipnotizante de Father John Misty vibraram no Kalorama

A interação com o público foi escassa, mas, mesmo assim, o artista conseguiu transformar o festival numa sessão de terapia ao ar livre.

Eram exatamente 21h35 quando a banda de Father John Misty subiu ao palco principal do Kalorama, num dos concertos mais aguardados desta edição do festival lisboeta. Nem um minuto depois, entrou o verdadeiro protagonista do espetáculo e os gritos vindos do público tornaram-se ensurdecedores — e nem o instrumental conseguia abafar.

De fato e guitarra ao peito, o gig desta quinta-feira, 19 de junho, começou com “I Guess Time Just Makes Fools of Us”, uma canção que retrata perfeitamente o seu humor ácido. A letra fala sobre um convite que recebeu da revista “Rolling Stone” para ser capa de revista, o qual recusou. A resposta dos editores? “Foste a pessoa menos famosa de sempre a recusar”, uma frase que decidiu incluir na própria faixa.

O single fez-se ouvir durante quase dez minutos, algo pelo qual estávamos à espera. Afinal, o seu novo álbum, editado a 22 de novembro do ano passado, tem apenas oito canções, mas cerca de 50 minutos de duração, apoiado em temas anormalmente longos.

O espetáculo prometia seguir o registo, visto que o destaque da digressão de Josh Tillman, de 44 anos, é, lá está, o disco “Mahashmashana”. Ao longo de mais de uma hora, o cantor roubou todas as atenções, mas os músicos de apoio também tiveram tempo para brilhar. O palco não é só de Father John Misty, é de todos os instrumentistas.

Após “I Guess Time Just Makes Fools of Us”, passa para “Josh Tillman and the Accidental Dose”, uma canção menos energética, mas onde a voz do norte-americano está em destaque. Na faixa, o músico recorda-se de tomar LSD e de começar a ver um palhaço a falar sempre que olhava para um quadro num apartamento aleatório — uma temática que se reflete no som psicadélico que se ouve no fundo e que vai ficando gradualmente mais intenso.

Em “Nancy From Now On” mostrou os seus dotes na guitarra. A faixa de 2012 também mostrou que o concerto não seria apenas um highlight do seu novo trabalho, mas sim de toda a carreira — e esta canção foi perfeita para que tanto os fãs antigos como os mais recentes fizessem parte de um enorme coro que o acompanhou em todos os versos.

Após 20 minutos de espetáculo, houve finalmente uma interação com o público: um beijo que mandou para os fãs. Antes de tocar “Mr. Tillman”, tirou também os óculos de sol, mas a guitarra manteve-se, claro. “Muito obrigado. É bom ver-vos”, disse rapidamente antes de começar a interpretar “She Cleans Up”, numa performance cheia de energia e com direito a movimentos de anca que colocou as fãs aos gritos.

A sensualidade discreta esteve presente ao longo do concerto. Antes de “Screamland” passou a mão pelo cabelo, o que fez com que o público se lembrasse que não podia tirar os olhos dele nem por um segundo. De braços no ar, os espectadores acompanharam Father John Misty do início ao fim nesta que foi uma canção mais emocional — e que surgiu após a euforia que tinha sido o espetáculo até então.

Graças a baladas como “Mental Health” e “Corpse Dance”, o recinto do Kalorama também se tornou numa sessão de terapia ao ar livre onde não faltaram lágrimas. 

Para encerrar o espetáculo optou por “I Love You, Honeybear”, numa espécie de carta de amor ao público do Kalorama.

Carregue na galeria e veja fotografias do concerto.

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