Era a grande entrevista esperada por todos os que têm acompanhado ao milímetro o drama da traição, da separação de Gerard Piqué e das alfinetadas dadas por Shakira nos seus novos temas. A artista colombiana decidiu conversar, esta segunda-feira, 27 de fevereiro, com o jornalista mexicano Enrique Acevedo, e trouxe consigo mais munições.
Shakira entrou com tudo e confessou também as suas gralhas. “Acreditei nessa história de que uma mulher precisa de um homem para se sentir completa, também sonhava com uma família”, afirmou, antes de revelar que hoje mudou de ideias.
“Acredito que através das minhas canções, sempre senti que tinha o dever de usar a minha voz em prol de quem não a tem, de quem não pode falar”, explicou. “Dei conta de que nós, as mulheres, estamos a viver um momento-chave (…) e o apoio que poderíamos receber de umas e outras seria importantíssimo.”
Nesse contexto, a colombiana atirou-se aos críticos (e críticas) e também à mulher com quem supostamente Gerard Piqué, o seu ex-marido, a traiu. “Há um lugar reservado no inferno para as mulheres que não se apoiam mutuamente.”
Sobre o longo período de silêncio a que se submeteu no último ano, Shakira revela que precisou dele “para poder processar tudo”. “É difícil falar, especialmente porque ainda estou a passar por ela, porque estou sob o olhar do público, porque a nossa separação não é uma separação normal”, diz. “Tem sido difícil para mim mas também para os meus filhos.”
O exorcismo tem sido feito nas letras dos seus temas, naturalmente polémicos, que visaram diretamente as opções do seu ex-marido e futebolista do Barcelona, mas também aproveitaram para criticar a suposta paixão extraconjugal, Clara Chia.
“O oposto da depressão é a expressão”, disse sobre a veia criativa que daí adveio. “Hoje dependo apenas de mim própria, tenho duas crianças e tenho que ser uma leoa por eles. Há que tolerar a frustração, há coisas que não saem como nós queremos.”
Em menos de um ano, Shakira viu a história de amor de 12 anos arruinada com uma separação polémica, um caso extraconjugal e deu a volta com um regresso musical controverso. A 12 de janeiro, a colombiana lançou uma nova música que fez furor e bateu recordes no Spotify.
“Tanto te armavas em campeão e quando precisei de ti, foste a tua pior versão”, atirou a colombiana de 45 anos, numa clara bicada a Piqué. “Uma loba não serve para tipos como tu”, contra-atacou Shakira, que não desarmou durante um segundo no novo tema.
“A ti fiquei-te grande, por isso agora estás com uma igualzinha a ti”, continua. “Trocaste um Ferrari por um Twingo” e “valho por duas das de 22” foram outros dos comentários feitos por Shakira, que se veio confessar aos fãs depois do enorme sucesso.
“Para mim era uma catarse e um desabafo, nunca pensei que chegaria diretamente ao número um do mundo aos meus 45 anos e em espanhol”, afirmou, antes de deixar uma palavra de apreço às mulheres, ela que sempre foi uma feminista bastante vocal.
“Quero abraçar as milhões de mulheres que se revoltam perante os que nos fazem sentir insignificantes. Mulheres que defendem o que sentem e pensam, e levantam a mão quando discordam, mesmo que outros levantem as sobrancelhas. Elas são a minha inspiração. Esta conquista não é minha, mas de todas. Temos de nos levantar 70 vezes sete. Não como nos ordena a sociedade, mas da maneira que nos ocorrer, daquela que nos sirva para seguirmos em frente pelos nossos filhos, pelos nossos pais e pelos que precisam de nós.”