Música

Sónar Lisboa regressa com espetáculos (e arte) — desta vez no Parque Eduardo VII

A organização revelou a programação paralela do Sónar+D. O festival arranca a 31 de março e prolonga-se até 2 de abril.
O Sónar Lisboa acontece durante três dias.

É a grande mudança da primeira para a segunda edição do Sónar Lisboa. O festival oriundo de Barcelona, que se foca na diversidade da música eletrónica e da cultura digital, trocou os múltiplos palcos espalhados pela cidade por um único recinto. Entre 31 de março e 2 de abril, o festival instala-se no Parque Eduardo VII — desde o Pavilhão Carlos Lopes à Estufa Fria.

Esta quinta-feira, 16 de março, foi divulgada a programação paralela do Sónar+D. Várias instalações artísticas e tecnológicas vão cruzar-se com as plantas da Estufa Fria. Um dos principais destaques é a exposição “Sediment Nodes”, do Entangled Others Studio, de Feileacan McCormick e Sofia Crespo. Será apresentada ao longo de vários painéis LED — cuja banda sonora estará a cargo de Clothilde.

Além disso, a Estufa Fria vai acolher uma série de espetáculos musicais e audiovisuais. Estela Oliva e Ana Quiroga apresentam “META”. Já GLOR1A leva ao festival “I Choose Not To Die”, uma performance musical que utiliza realidade aumentada.

A NiT falou com o diretor da edição portuguesa do festival, Gustavo Pereira — conhecido artisticamente como Gusta-vo —, que também é o responsável por eventos como o Neopop, em Viana do Castelo. Começamos por lhe perguntar acerca da decisão de realizar todo o Sónar num único local, ao contrário do que aconteceu na edição de estreia.

“Sentimos, tanto para nós a nível de produção como para o público a nível de experiência, que não era o melhor layout nem a melhor configuração para o evento. Este ano achámos que não fazia sentido as pessoas deslocarem-se ou terem distâncias tão longas para percorrer entre venues”, explica Gustavo Pereira.

“Inicialmente a ideia era fazermos quase um safari dentro de Lisboa e envolver a cidade para que as pessoas tivessem acesso a venues com moods e vibes diferentes. Mas, chegando ao fim e ouvindo o feedback dos artistas e o nosso próprio… A nível logístico foi uma loucura, foi basicamente montar quatro festivais ao mesmo tempo. A certa altura, no sábado à noite, tínhamos o Coliseu, o Pavilhão Carlos Lopes e o Pavilhão do Rio, havia pessoas que queriam circular e não tinham Ubers ou táxis. Realmente a afluência foi muito grande”, admite.

Com o novo recinto, numa “localização super central”, é expectável que exista uma edição mais “envolvente”, mesmo que a lotação esteja ligeiramente reduzida face ao ano passado. “Tirando o Coliseu, acho que foi unânime que toda a gente sentiu muito mais o espírito que se viveu no Carlos Lopes entre a parte de dentro e de fora, mesmo durante o dia. Foi algo especial e tivemos muito bom feedback e retorno do nosso público, tanto estrangeiro como nacional.”

Este ano, vão passar pelo Sónar Lisboa nomes como Chet Faker (em modo DJ set), Amelie Lens, Peggy Gou, Folamour, Major League DJZ, Anfisa Letyago, Patrick Mason e Mochakk. Na lista estão ainda James Holden, Colin Benders, Throes + The Shine, Sensible Soccers, DJ Nigga Fox, Rui Vargas, Yen Sung, Shaka Lion ou Reinier Zonneveld, entre outros.

“Há uma preocupação grande em dar destaque ao talento local e em haver uma diversidade de estilos musicais — dentro da eletrónica. Às vezes estamos habituados a trabalhar só um certo estilo de nomes, e quando sais um bocadinho da tua zona de conforto e da tua bolha, acabas por conhecer coisas novas e desperta-te um bocado outra vez a cena. Ainda há coisas frescas e diferentes a serem feitas e realmente é isso que estamos aqui para mostrar e é a nossa função: pesquisar e apresentar coisas novas, no meio dos nomes consagrados e com história.”

I Hate Models vai apresentar um espetáculo construído em exclusivo para esta edição do Sónar, enquanto Max Cooper e Folamour vão apresentar espetáculos audiovisuais especiais neste evento. “São artistas que já passaram por cá, mas agora vêm com espetáculos diferentes e mais direcionados para o público Sónar ou que apresentem alguma novidade em relação ao que foi feito antes.”

Gustavo Pereira assume que o Sónar Lisboa pode contribuir para “desmistificar” a ideia de que a eletrónica seja “marginal”. “Estamos a globalizar um bocado a coisa e a torná-la mais normal e acessível a toda a gente”, diz o programador, que por vezes encontra “barreiras” quando tenta estabelecer parcerias em eventos dedicados à eletrónica.

“Às vezes existem certas reticências quando se aborda um espaço novo, patrocinadores ou autarcas. Às vezes há certos preconceitos que são estabelecidos, mas quando começámos a trabalhar o Sónar as portas estavam abertas e as pessoas tinham logo uma ideia muito mais clean e credível deste evento. Tem a ver com o trabalho que eles fizeram nestes últimos 30 anos, tem a ver com a abrangência que eles têm a nível de público”, diz, além de destacar a “abordagem mais pedagógica”, que demonstra que a eletrónica pode ser densa e intelectual, para que não se resuma à “efemeridade” das pistas de dança.

Os bilhetes estão disponíveis online. Os passes custam 120€, enquanto os ingressos diários de dia ou noite (existem ambas as modalidades) ficam por 32€. Em alternativa, também existem pacotes VIP.

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