Foi há mais de um ano e meio que falámos pela primeira vez com a atriz Daniela Melchior sobre a sua participação em “O Esquadrão Suicida”. Com apenas 24 anos, a portuguesa está prestes a tornar-se uma estrela de Hollywood — o filme escrito e realizado por James Gunn estreia nos cinemas na próxima quinta-feira, 5 de agosto.
Não é uma sequela, nem um remake do filme que estreou em 2016 — e que foi muito criticado pela imprensa especializada (e por vários espectadores), embora tenha conseguido uma receita de bilheteira bastante considerável. Trata-se de uma história diferente, embora com várias personagens em comum, e que já tem sido bastante elogiada nas primeiras reações públicas.
O elenco de luxo inclui nomes como Viola Davis, Idris Elba, John Cena, Sylvester Stallone, Joel Kinnaman, Margot Robbie, Michael Rooker, Nathan Fillion, Jai Courtney, Alice Braga ou Pete Davidson, entre vários outros.
Este é o primeiro passo da carreira internacional de Daniela Melchior. Até aqui, a atriz portuguesa só tinha participado em cinco novelas da TVI, entre as quais “Ouro Verde”, “A Herdeira” e “Valor da Vida”; e num par de filmes nacionais, “O Caderno Negro” e “Parque Mayer”.
Daniela Melchior interpreta Ratcatcher II, uma das várias vilãs do complexo universo de Batman, mas que aqui é (como quase todos os protagonistas) uma anti-heroína. Leia a entrevista da NiT com a atriz.
Como é que reagiu quando percebeu que o seu papel iria ser realmente importante e até decisivo para o desenrolar da história?
Para dizer a verdade, desde o momento em que li o guião pela primeira vez que percebi o quão bom era e o quão bom o filme ia ser. Mas acho que nunca me chegou a cair a ficha da dimensão da minha personagem [risos]. E esse nunca foi o foco. Sempre gostei de trabalhar as minhas personagens vendo-as com um distanciamento, olhando para a big picture. O meu foco vai sempre para o arco da personagem, para abrir uma história, contá-la e fechá-la.
Mas também existe, neste caso, a vantagem de ser uma espécie de grande cartão de visita para o público internacional.
É verdade, é verdade. Sinto que, além de ter sido muito sortuda por começar com estes atores que sempre admirei e com quem tive o prazer de… perceber que são mesmo boas pessoas — e o realizador também —, sinto que entrei pela porta grande, ou que comecei com o pé direito, ou que abri com chave de ouro, todas as expressões positivas possíveis [risos].
Qual foi a cena mais difícil de gravar?
Nós tivemos alguns desafios, que não foi nada que tivesse posto o nosso trabalho em cheque, mas posso dizer que há uma cena entre o Joel Kinnaman e a Alice Braga, que é bastante séria, tem um peso emocional enorme, e simplesmente eu, o David Dastmalchian, o Idris Elba e o Steve Agee estávamos atrás, em segundo plano, e não conseguíamos parar de rir. Não conseguíamos simplesmente manter as caras sérias.
O facto de haver algumas referências a Portugal no contexto da sua personagem também é um motivo de orgulho?
Claro que sim. Desde o momento em que percebi que iam mudar a origem da personagem por ter sido eu a ficar com o papel senti bastante orgulho e também foi perceber que não ia ser através da capital. Apesar de eu adorar Lisboa, e é onde vivo, fiquei muito feliz de falarem de uma outra cidade [o Porto] que é muito conhecida mas que não é a principal que as pessoas associam a Portugal. O que é ótimo. As pessoas hão-de querer, espero eu, ir a Portugal — e não só à capital, mas ao resto. Vão pensar que Portugal não é só Lisboa, pronto.
Sentiu também que a personagem era um pouco mais sua, mais próxima de si, por causa desse contexto português?
Sim, sem dúvida, e de facto foi o meu primeiro filme a falar em inglês e pude ter essa facilidade que era não ter de trabalhar nenhum sotaque em concreto. Trabalhei com o meu sotaque natural, que eu assumi, e a verdade é que entretanto já o trabalhei um bocadinho mais, já não está igual mas continuo a orgulhar-me dele.
Gostaria que houvesse uma sequela deste “Esquadrão Suicida” ou que se tornasse uma saga cada vez maior?
Ah, claro que sim! Já ouvi falar sobre isso. Ainda durante a rodagem, o James já comentava connosco que adoraria fazê-lo, continuar a contar esta história, ou uma outra parecida. E o James já confirmou que por ele também fazia outras versões de filmes western com as mesmas personagens, o que me deixa super entusiasmada. Mal posso esperar para ser convidada [risos].
Já está a candidatar-se ou a tentar ter outros papéis internacionais? É o seu objetivo neste momento?
Claro que sim, eu tenho feito castings durante a pandemia, mas posso dizer que tenho a sorte de já não ter tanto que fazer castings. Agora o que tem acontecido é receber propostas diretas de papéis e acho que isso é o sonho de qualquer ator, poder fazer o que lhe apetecer e o que for mais interessante para ele, não o que houver, por assim dizer.
Já existe algum projeto confirmado?
Já existem projetos confirmados, mas ainda não oficiais. Mas mal possa confirmar terei todo o gosto em fazê-lo.
Só para completar, também são papéis de ação, ou personagens que não têm nada a ver com este filme?
Não posso comentar sobre isso, mas posso dizer que me deixam igualmente entusiasmada para os fazer e para os comunicar.