Após quase duas décadas de carreira, Taylor Swift fez algo inédito: atuou em Portugal. As expectativas das dezenas de milhares de fãs eram altas e escusado será dizer que foram correspondidas naquela que é a digressão mais ambiciosa — e bem-sucedida — de sempre artista norte-americana.
O alinhamento da Eras Tour percorre diferentes épocas do percurso de Swift na indústria musical (que comprovam o quão facilmente se consegue adaptar a diferentes estilos, desde o country ao pop e ao indie). O espetáculo desta sexta-feira, 24 de maio, funcionou como um relógio suíço desde os primeiros acordes, como mecanismo bem afinado e sem desacertos.
Como é habitual, os fãs começaram a gritar muitos antes de Taylor subir ao palco. Quando finalmente apareceu em palco, era impossível ouvi-la devido ao entusiasmo do público. Mesmo assim, prosseguiu.
O público pode ser diferente de concerto para concerto, mas a estrutura dos espectáculos esta Eras Tour pouco muda: Swift apresenta a mesma setlist e, depois, inclui algumas canções surpresa. Na estreia no Estádio da Luz brindou os fãs um mashup de “Come Back, Be Here”, “The Way I Loved You”, “The Other Side of The Door”, “Fresh Out The Slammer” e “High Infidelity” — foi a primeira vez que apresentou cinco canções surpresa num concerto.
Cada época da carreira da artista é representada por outfits e personalidades distintas: o romance de “Lover”, o dourado inocente de “Fearless”, os bucólicos “Folklore” e “Evermore”, o arrojado “Reputation”, os vestidos de princesa do “Speak Now”, a paixão do “Red”, a agitação da metrópole em “1989”, a raiva e a depressão de “The Tortured Poets Departament” e, por último, o brilho e o glamour de “Midnights”, que encerrou a noite com “Karma”, um single bem ao estilo pop animado de Taylor.
Swift é já uma artista experiente. Muitas das brincadeiras com o público seguem uma espécie de guião e são planeadas, mas a emoção que mostrou graças aos minutos de aplausos e assobios que recebeu após apresentar “Champagne Problems” no piano comprovam que a cantora tem sempre os sentimentos à flor da pele. Nesse momento aproveitou para elogiar o nosso País e, claro, o público. “Nunca me vou esquecer deste momento”, disse emocionada.
Ao longo da noite, foram vários os momentos que tirou para reconhecer quem a ajudou a chegar ao estrelato que tem atualmente: os fãs. Após ter dito que se arrependia de nunca ter atuado em Portugal antes, confessou que, depois desta noite, “não quer ir embora”.
Quem tem acompanhado a carreira da norte-americana tem visto também o seu amadurecimento, não só nos concertos que são cada vez mais ambiciosos (a Eras Tour dura mais de três horas), mas também no que diz respeito à sua voz, que está cada vez mais treinada e raramente falha uma nota.
Por vezes alcança um registo mais elevado e difícil, mas Taylor sabe bem os seus limites. O mesmo se pode dizer da sua capacidade de dança. Nunca se assumiu como uma dançarina, mas sim cantora e compositora. Isto porque não tem a agilidade de performers como Beyoncé ou Lady Gaga. Mesmo assim, consegue montar um espetáculo inigualável graças à sua paixão pela teatralidade, muito presente do início ao fim dos concertos desta digressão.
Tal como explica a própria Swift, a Eras Tour é para os novos fãs e para aqueles que estão lá desde o início. A julgar pelo número de mães millennials e filhas que estavam no concerto (desde portuguesas e espanholas a norte-americanos), Taylor tornou-se num fenómeno intergeracional. O sentimento foi realmente de inclusão e amor. De certa forma, o concerto pareceu simultaneamente massivo — graças ao fogo de artifício e aos cenários enormes e ambiciosos — e a coisa mais íntima do mundo.
Segue-se agora um segundo e último espetáculo no Estádio da Luz este sábado, 25 de maio. Se a energia do público for semelhante à da estreia da cantora em Portugal, Taylor não vai mesmo querer ir embora.
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