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A peça de teatro que tem mesmo de ver durante a campanha eleitoral

"Cenas que Acontecem" não é uma sátira à situação política atual, mas vai deixar os espectadores a pensar e a rir sobre tudo o que está a acontecer.
Manuel Marques e Luís Esparteiro em cena.

Em plena época de campanha eleitoral, divirta-se com situações que, embora num cenário fictício, podem ter algumas semelhanças à realidade que vivemos atualmente. É precisamente isso que nos traz a peça “Cenas que Acontecem”, em cena no Auditório dos Oceanos, no Casino Lisboa. Esta adaptação do texto original escrito pela francesa Jade-Rose Parker centra-se numa família tradicional conservadora em que o pai está a concorrer às eleições.

Luís Esparteiro interpreta o político Francisco Mascarenhas nesta peça em que, quem assiste, não fica indiferente aos paralelismos com a atualidade em Portugal. 

Por seu lado, Luís refere que esta é apenas “uma feliz coincidência, mas que espero que de alguma forma alerte os espectadores para a importância do exercício do seu direito de voto, evitando assim os números excessivos de abstenção registados ultimamente nos atos eleitorais”.

Manuel Marques, no papel de Rodrigues, será o grande rival de Francisco em palco. “A peça aborda vários temas bastante atuais. E numa sociedade cada vez mais dividida e polarizada por via (por exemplo) das redes sociais, é bom e saudável integrar um espetáculo que aborda temas controversos de forma leve e cujo objetivo é entreter, divertir, mas também fazer pensar e abrir espaço ao debate”, explica à NiT.

Mais do que uma peça sobre política, “Cenas que Acontecem” aborda uma variedade de temas atuais — alguns deles controversos ou complexos, como a transexualidade, adoção e a corrupção.

“O papel do espectador, faz-nos lembrar as personagens desempenhadas por James Stewart e Grace Kelly no filme ‘A Janela Indiscreta’, de Alfred Hitchcock, com as devidas diferenças obviamente. São simples observadores de uma história de família, em que a ação decorre no seio da sua intimidade, onde são discutidos temas fraturantes da sociedade atual. Pela riqueza da sua escrita, leva-nos, através do riso, a sair no final do espetáculo, com uma grande questão, ‘E se fosse comigo?'”, explica a produtora Tenda Produções.

Apesar da seriedade dos temas, o texto está repleto de pormenores de humor para os espectadores mais atentos. Aliás, a ténue linha entre estes dois pontos opostos é mesmo um dos pontos destacados pelos atores em palco.

“O maior desafio é aliar a linha dramática e realista da minha personagem com a forte comicidade do texto. Defender esta personagem é um ponto de honra. Aliás, nenhum dos personagens aqui são caricaturas, o que torna o desafio maior. Manter uma verdade crua com uma sala inteira a rir é muito desafiante e passar simultaneamente a profunda mensagem de liberdade e solidariedade que o texto entrega”, revela Ângela Pinto, que interpreta Carla, a mulher de Francisco (Luís Esparteiro).

O casal tem ainda uma filha rebelde e independente que traz alguns percalços à história. Luísa é a personagem de Beatriz Barosa, que se estreia em comédia.

“Um dos maiores desafios tem sido gerir as reações do público. Ou seja, dar espaço aos risos e só depois dizer a respetiva fala. Ou então começá-la quando os risos estão a acalmar. No entanto, sinto-me cada vez mais à vontade nesse ponto”, conta a atriz.

De França a Portugal, “Cenas que Acontecem” é uma peça que aborda temas bem atuais, sendo um retrato de uma sociedade cada vez mais complexa e em constante mutação.

“A atualidade do texto e a sua pertinência, perante a realidade da sociedade europeia do presente, tornou a sua adaptação simplesmente geográfica. Aliás, pelas palavras da autora, mesmo não sabendo nada da língua portuguesa, considerou que a tradução estava perfeita e que respeitava e transmitia todas as ideias e mensagens, após ter assistido três vezes à produção portuguesa”, acrescenta a produtora.

“Cenas que Acontecem” tem sessões de quinta-feira a domingo, até ao final de fevereiro. Os bilhetes já estão à venda na Ticketline e nos locais habituais, com preços entre os 20€ e 22€.

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Este artigo foi escrito em parceria com a UAU e a Tenda Produções.

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