A mais recente obra de Bordalo II, que transformou a Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré, em Lisboa, num tabuleiro do Monopólio em larga escala, está a tornar-se numa das mais controversas do artista. Após ter sido descrita como “um atentado ao património da cidade” pela Câmara Municipal de Lisboa, está agora a ser apontada como plágio.
Nas redes sociais, vários utilizadores fizeram comparações entre “Provoc”, como ficou batizada a intervenção do português, de 38 anos, e “Lisbonopoly”, uma exposição a solo da artista multidisciplinar Mafalda, também conhecida como Fartadaa, apresentada em abril de 2003 na associação Prisma Estúdio.
“O projeto foi inspirado por uma notícia que revelava o número assombroso de casas vazias em Lisboa – quase 48 mil – em que a Câmara Municipal diz querer encontrar uma forma de convidar os donos destas casas ‘a entrar no jogo’“, explicou na altura a organizadora, que “viu isso como um jogo da vida real, onde os que estão no poder muitas vezes não conseguem entender a gravidade do problema, deixando as pessoas comuns e pobres incapazes de jogar.”
Apesar da autora de “Lisbonopoly” não ter acusado diretamente o artista, recorreu à sua página de Instagram para publicar várias imagens a comparar os dois trabalhos. Numa delas, inclui um comentário de Bordalo II a elogiar uma das publicações onde mostrou o resultado desta exposição.
E rouba a ideia de uma peça de 2023 a outra artista https://t.co/rAPakgSG8S pic.twitter.com/BYF5nqO2aH
— carolina (@car0lina__vds) May 3, 2025
“Provoc”, que foi partilhada por Bordalo II nas redes sociais, esta sexta-feira, 2 de maio, também pretendia criticar a crise da habitação em Portugal através dos pormenores das transações imobiliárias do famoso jogo Monopólio.
“O direito à habitação, presente na Constituição, está agora à mercê da sorte ou do azar”, escreveu numa das publicações. “Alguns jogadores trocam casas por hotéis, uns hipotecam os imóveis à banca, outros são a banca”.
Após a instalação da obra, a Câmara Municipal de Lisboa procedeu à remoção imediata da intervenção que, segundo a autarquia, danificou a calçada portuguesa existente no local, revelou em declarações ao jornal “Observador”.
Em cada uma das casas do jogo, o autor escreveu o nome de uma região do País, juntamente com valores (entre os 6 e 40 mil). Fazem parte, por exemplo, o Campo Grande e Rossio, em Lisboa, e a Avenida de Fernão de Magalhães, no Porto.