Um mês e meio depois de se despedir dos seus diretos no Instagram — autêntico talk show humorístico online intitulado “Como é que o Bicho Mexe” —, numa emissão épica pelas ruas de Lisboa que culminou num conjunto de performances no Coliseu dos Recreios, Bruno Nogueira voltou a ligar-se aos fãs através da rede social.
Esta edição especial tinha sido anunciada uns dias antes e era aquilo por que muitos seguidores esperavam — aconteceu a partir das 23 horas deste domingo, 28 de junho, e prolongou-se durante mais de duas horas.
De copo de vinho na mão (desta vez, tinto), e de volta à sua casa, Bruno Nogueira começou por explicar que não havia uma grande razão para voltar aos diretos. No entanto, tinha prometido à filha mais nova que o faria — e, ao mesmo tempo, sentia uma necessidade de comunicar sobre a situação atual da pandemia e outros temas.
“Vai dar merda ou vai correr tudo bem?” foi basicamente o mote sobre a incerteza vivida atualmente em relação à evolução do surto na Grande Lisboa. Bruno Nogueira falou sobre o desconfinamento, a necessidade de manter cuidados e o perigo que pode representar o fim das aulas e o início do verão.
Num monólogo que durou mais de meia hora, o comediante aproveitou ainda para “deitar cá para fora” o que tinha para dizer em relação às críticas sobre as atuações de “Deixem o Pimba em Paz” no Campo Pequeno, em Lisboa, que marcaram o início do desconfinamento para as salas de espetáculo, no início de junho.
Bruno Nogueira criticou a postura de políticos e comentadores como Rui Rio, Luís Marques Mendes ou Miguel Sousa Tavares — acusando-os de fazerem aproveitamento político de um espetáculo apenas porque estiveram presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa.
Nogueira frisou a diferença entre um espetáculo organizado de acordo com as regras da Direção-Geral da Saúde — com distanciamento social e uma coordenação complexa para que não existissem ajuntamentos — e uma festa ilegal de jovens, como as várias que têm acontecido em diferentes zonas do País nas últimas semanas (e que têm dado origem a focos de Covid-19).
Mais tarde, o humorista acabaria por mencionar a questão do espetáculo adiado de “Deixem o Pimba em Paz” no Porto — depois de a autarquia de Rui Moreira ter proibido as performances nas salas na noite de São João — mas simplesmente disse que tinha sido demasiado bonito para falar de outras coisas em relação à forma como as coisas tinham sido feitas pela Câmara Municipal.
Perto da meia-noite, atingiu-se o pico: houve mais de 100 mil pessoas a assistir a Bruno Nogueira falar em direto. Como não podia deixar de ser, os suspeitos do costume também foram convidados para a emissão.
De camisa havaiana vestida, Nuno Markl foi pressionado a responder a questões sobre a evolução da sua vida amorosa — sendo que a forma como estavam a fazer o desconfinamento foi um tema constante com todos os intervenientes.
Um dos momentos altos da emissão foi uma participação especial de Jorge Palma, que cantou um tema em direto para as milhares de pessoas que estavam em casa a assistir. Bruno Nogueira revelou que o álbum “Só”, do músico português, lhe tinha salvado a adolescência.
Durante a quarentena, “Como é que o Bicho Mexe” assumiu uma postura solidária — todos os dias havia uma causa diferente que Bruno Nogueira apelava para que os fãs contribuíssem. Desta vez, e sem qualquer palavra sobre o assunto, deixou um apelo para que os produtos de Anna Westerlund, namorada do malogrado ator Pedro Lima, esgotassem rapidamente da sua loja online.
Houve ainda um pequeno espaço para críticas a André Ventura e à manifestação do Chega que aconteceu em Lisboa este sábado, 27 de junho (e à participação de Maria Vieira), mas o maior destaque dentro do tema foi a admiração pela coragem de João Pedro Anjos, o homem de 27 anos que ergueu a bandeira LGBT durante a manifestação. “É preciso muito mais coragem para estar ali do que para nós dizer ou escrever coisas.”
Outro dos melhores momentos da noite foi a participação espontânea de Belmiro Nogueira — o pai de Bruno — no programa do filho. Depois de uma recusa (que o comediante levou a peito), Belmiro lá conseguiu aceitar o pedido para entrar em direto e falar do carro antigo com mais de meio milhão de quilómetros que adora — e que pelos vistos é uma preocupação para o filho — e dos comprimidos que ia tomar antes de ir dormir.
Nuno Lopes, Salvador Martinha, Albano Jerónimo, Ljubomir Stanisic, Inês Aires Pereira, Bumba na Fofinha, Filipe Melo, João Quadros e João Manzarra — que estava a caminho do Minho para gravar um episódio de “A Árvore dos Desejos”, da SIC — foram outros dos habituais participantes de “Como é que o Bicho Mexe” que foram matar saudades de Bruno Nogueira e dos fãs, trocando experiências sobre o desconfinamento e a situação atual.
Numa participação insólita, Beatriz Gosta apareceu em direto sentada na sanita a falar sobre o seu novo engate brasileiro — e Nuno Markl voltou a brilhar numa sessão de karaoke com “Anúncio de Jornal”, de Julia Garciela, numa versão instrumental produzida por Filipe Melo. No fim, os fãs só podem esperar que haja mais serões destes.