Foi há quase dez anos, em 2012, que a Feira das Almas se começou a tornar uma referência na cidade de Lisboa, no número 70 do Regueirão dos Anjos, num espaço que ficou conhecido como Taberna das Almas e que também recebia concertos, entre muitas outras iniciativas culturais.
O projeto evoluiu para se tornar o Anjos70, em 2017, mantendo a identidade e o tipo de atividades que lá se realizavam — desde mercados a espetáculos, passando por festas temáticas, ateliers e outras iniciativas. Ao mesmo tempo podia-se jantar ou beber um copo no espaço, por exemplo.
Em junho do ano passado, a criadora da Feira das Almas, Catarina Querido, saiu da associação NCR – Núcleo Criativo do Regueirão, que gere o espaço, e os membros que ficaram mudaram o nome de Anjos70 para Núcleo A70 — que funcionou durante a pandemia, entre junho de 2020 e janeiro deste ano. Catarina Querido continuou a organizar ali o seu mercado regular.
Agora, o futuro é muito incerto. O prédio foi vendido — uma decisão já antecipada um ano antes da pandemia — e tanto o Núcleo A70 como Catarina Querido (que continua a gerir a entidade Anjos70, como ainda se apresenta nas redes sociais) estão à procura de novas soluções.
O Núcleo A70 criou uma campanha de crowdfunding para que qualquer pessoa possa ajudar a pagar a renda atual e contribuir para que a associação encontre um novo espaço onde se possa prolongar o projeto. O objetivo é continuar a ter mercados, concertos, workshops, exposições e residências artísticas. A associação tem mais um ano de contrato, até fevereiro de 2022, e querem encontrar uma nova casa até lá. A ideia é angariar 20 mil euros.
“Infelizmente, e durante esta altura tão difícil para a cultura, a nossa senhoria decidiu vender o nosso prédio e deixar-nos numa situação delicada e difícil de aceitar. Mas somos uma equipa e acreditamos que juntos vamos conseguir ultrapassar este mau momento. Precisamos de ajuda para encontrar uma nova sede e continuar o nosso trabalho. Continuar a apoiar novos artistas, artesãos e professores das mais variadas áreas, que de outra forma não conseguiriam um espaço/plataforma. Ajudem-nos a que esta mudança seja possível. Continuaremos por um tempo neste espaço mas queremos construir um novo futuro”, escreveu o Núcleo A70 no Instagram.
A ideia, quando for possível voltarem a abrir no processo de desconfinamento, é continuarem a usar o número 70 do Regueirão dos Anjos enquanto encontram uma alternativa e apostam numa transição pouca abrupta entre espaços.
Já o Anjos70 frisa no Instagram que não tem qualquer relação com a campanha de crowdfunding e também procura um novo espaço onde se possa realizar o mercado e outras atividades.
“O Anjos70 promete continuar aquilo que, com a vossa ajuda, construímos durante quase uma década. Pretendemos continuar a organizar o Art & Fleamarket e a promover e dinamizar a cultura, seja onde for. Neste momento só vos pedimos uma coisa: queremos encontrar novos espaços para continuar o Market e outros eventos na cidade (assim que as condições nos permitirem) pelo que a nossa caixa de mensagens está aberta às vossas sugestões, ideias e possíveis parcerias.”