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Exposição imersiva “A Fábrica das Sombras” está quase a terminar em Coimbra

Mosteiro de Santa Clara-a-Nova recebeu uma das mostras mais originais e surpreendentes dos últimos anos na cidade.

O audiovisual invadiu o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, pelas mãos dos canadianos Janet Cardiff e George Bures Miller. O casal de artistas foi escolhido para a edição de 2025 do solo show, a exposição que o Anozero promove entre bienais de arte contemporânea na cidade. Já só tem até domingo, 6 de julho, para se deixar imergir pelas salas e corredores com as inusitadas instalações de “A Fábrica das Sombras”.

Não pense que vai apenas “ver” peças. O trabalho desta dupla é conhecido pelo som e, em parte, pela interação do público, que dá realmente vida à arte. Isso pode acontecer quando andamos simplesmente na sala — em que a nossa perspetiva (visual e sonora) pode mudar — ou quando decidimos abrir e fechar gavetas, tocar numa mesa ou escrever num teclado mecânico. Tudo pode revelar-se uma surpresa. 

Com a exposição quase a terminar, tem ainda a oportunidade de aproveitar alguns momentos especiais neste espaço único de Coimbra, agora com cerca de uma dezena de instalações peculiares.

A 5 de julho, véspera do último dia, acontece a festa de finissage — o conceito artístico que festeja o fim de uma exposição. Esta começa às 19 horas e entre um percurso guiado, performances de Cláudio Vidal e da artista e investigadora Ece Canlı, concertos e um DJ set, vai haver espaço para jantar uma sardinhada ao ar livre. A entrada é livre, com apenas a refeição a ter um custo de 10€ por pessoa (sem bebidas). Excecionalmente, a exposição estará neste dia aberta até às 22 horas.

Ainda da parte da tarde, quem quiser, poderá juntar-se a uma das duas visitas mediadas à exposição, às 14h30 e às 16 horas. Já entre as 14h30 e as 17h30, o encenador Marco Paiva vai orientar o workshop “Artistas, Coletivos e Territórios”, que propõe uma reflexão prática sobre criação artística situada e o envolvimento com a comunidade. Neste caso, a entrada custa 5€, mediante inscrição.

Estes últimos dias de “A Fábrica das Sombras” vão encerrar uma exposição — a primeira a título individual da dupla canadiana em Portugal — que, ao longo de três meses, ativou o Mosteiro “como espaço de contemplação, escuta profunda e interrogação do presente através das esculturas do som”, segundo a organização. 

Este não foi, porém, um cenário neutro. Numa carta aberta, Janet Cardiff descreveu o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova como “um lugar onde a história respira através das pedras em ruína, onde o chão sussurra séculos e as paredes carregam o peso da devoção e do tempo”. Perante a decisão de transformar este local histórico num hotel de luxo, a artista de 68 anos não deixou de mostrar a sua preocupação. 

“E, no entanto, incompreensivelmente, há quem deseje sacrificar este tesouro no altar do lucro. Transformar este lugar num hotel de cinco estrelas — reservado apenas aos ricos, despojado da sua dignidade e espírito — seria nada menos do que vandalismo cultural. Um crime contra o povo de Coimbra, e contra a própria história”, acrescentou na carta. 

Desde 2015, o Anozero – Bienal de Coimbra tem afirmado a cidade como um ponto essencial da arte contemporânea. O projeto nasceu da colaboração entre o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra e a Universidade de Coimbra.

Carregue na galeria para conhecer algumas das obras que pode encontrar na exposição “A Fábrica das Sombras”.

Este artigo foi escrito em parceria com a Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra.