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Museu Nacional do Teatro e da Dança leva Gil Vicente aos miúdos com peça pop

O espetáculo pop está inserido na exposição sobre o dramaturgo e vai ter várias sessões até abril.

O “Auto da Barca do Inferno” é aquele clássico do teatro a que todos assistimos numa visita de estudo quando andávamos na escola. Na verdade já é assim há muito mais tempo do que possamos imaginar. A primeira vez que a grande obra de Gil Vicente esteve em cena foi em 1517. 

A dimensão, a criatividade e a originalidade dos textos do autor português fizeram com que fosse, mais tarde, considerado um dos pais do teatro moderno europeu, tendo aberto caminho para grandes obras do Renascimento e do Barroco que surgiram após a sua morte. Mas como em tudo, a cultura sofreu mudanças e hoje, com tantos estímulos, não é fácil passar esta herança com tantos séculos para os mais novos. Por isso mesmo, os museus e companhias de teatro acabam por ter de reinventar de certa forma as histórias originais para alcançarem este público. E claro que o Tik Tok não fica de fora. 

Foi precisamente desta necessidade que nasceu o espetáculo “Gil Vicente Pop”, em cena no Museu Nacional do Teatro e da Dança. Com várias sessões — para escolas e outras para o público em geral — até ao dia 23 de abril, a peça acompanha a exposição “Gil Vicente. Portugal e Espanha nos Primórdios do Teatro Europeu”.

“É um espetáculo concebido para as crianças que ainda não tiveram contacto com o autor. Com texto e direção de Alfredo Martins e interpretado por Luís Godinho, brinca com a ideia de que a obra de Gil Vicente se tornou viral. Esta ‘Gil-Vicente-Mania’ espalhou-se por todo o lado e não se fala de outra coisa — na rua, nos jornais, nas rádios e até no TikTok”, adianta Nuno Costa Moura, diretor do museu.

O bilhete para o espetáculo, que dura cerca de 40 minutos, custa 5€ e inclui uma oferta do museu para os mais novos: um exemplar do livro “À barca, À barca! — Caderno Vicentino”, que traz um olhar sobre a vida e obra de Gil Vicente, direcionado para crianças dos 6 aos 12 anos.

O diretor explica ainda que nesta performance é apresentado “um kit que ensina tudo o que é preciso para fazer uma peça de teatro à moda do Mestre Gil, com as personagens, a linguagem, as histórias e as peripécias que o caracterizam. Seja uma farsa ou um auto, comédia ou tragicomédia, o kit ensina como fazer”. A partir desta apresentação, o espetáculo percorre a obra de Gil Vicente, numa viagem pelos principais textos e personagens.

Durante a performance há ainda momentos musicais nos quais o público é convidado a participar com uma coreografia. E até podem praticar previamente aprendendo-a no vídeo que está já no TikTok do “Gil Vicente Pop”.

A par do espetáculo pode completar a visita educativa acedendo à exposição sobre o escritor, que só nos primeiros três meses de exibição, duplicou o número de visitantes que este Museu recebe diariamente. Esta conta com mais de 450 peças ligadas ao trabalho de Gil Vicente, desde livros a maquetas dos cenários, passando por cartazes, marionetas, trajes e tantos outros adereços provenientes de diversas instituições culturais e companhias de teatro de Portugal e Espanha, tornando esta na maior exposição de sempre sobre este autor. A entrada no museu custa 5€, mas os miúdos não pagam. Aos domingos também é possível aproveitar este museu gratuitamente.

A exposição poderá ser visitada até 28 de abril. Até lá, existe também um vasto programa educativo com atividades ligadas a Gil Vicente para fazer em família ou nos grupos escolares. Por exemplo, a 2 de março haverá uma atividade nos jardins do museu ligado à última peça do dramaturgo, “Floresta dos Enganos”. Enquanto a 6 de abril a atividade é dedicada à dança da época de D. João III, rei que foi patrono de Gil Vicente.

Estas iniciativas têm um custo de 3,5€ por participante. Pode conhecer todo o programa ou acompanhar as novidades nas páginas de Instagram e Facebook do museu.  

Áudio deste artigo

Este artigo foi escrito em parceria com o Museu Nacional do Teatro e da Dança.