“Noite de Reis” é uma das comédias mais populares do dramaturgo inglês William Shakespeare. Foi escrita entre 1600 e 1602 e tem como principal tema o amor. A peça é marcada por relações trágicas, trocas de identidade e disputas amorosas entre os diferentes personagens.
A peça foi apresentada pela primeira vez em Portugal em 1957. Desde 6 de janeiro que voltou a ser encenada a, desta vez no Museu da Marioneta, mas um grande twist: possui dois elencos diferentes – um composto por atores masculinos e outro composto apenas por atrizes.
“A história é centrada em Violeta, que chega a uma terra chamada Ilíria após um naufrágio no qual acredita ter-se afogado o seu irmão, Sebastião. Para evitar os perigos de se apresentar como mulher num lugar estranho, ela decide disfarçar-se de homem e passa a ser Cesário, um criado contratado pelo Conde Orsino”, explica a sinopse.
A partir desse momento, a sua tarefa será ser o portador das apaixonadas mensagens do Conde para a princesa Olívia, que, no entanto, não corresponde aos sentimentos amorosos dele. No entanto, a princesa Olívia acaba por apaixonar-se pelo mensageiro, ou seja, por Violeta disfarçada de Cesário.
“É a primeira vez que em Portugal se realiza um espetáculo com dois elencos”, garante Luís Moreira, o encenador da companhia Filho do Meio, à Lusa, aqui citado pelo “Observador”.
Esta peça tem uma significativa “preocupação social”, afirma, explicando também que durante a construção do espetáculo foram formados dois grupos que, com base nas suas experiências, trabalharam sobre questões de expectativas de papéis de género e os comportamentos considerados apropriados pela sociedade para cada sexo. “Continua-se a aceitar, ou mesmo a desejar, que se distinga o comportamento com base apenas no sexo da pessoa, promovendo-o quando culturalmente apropriado e punindo-o quando não o é”, lamenta.
“Terá o espetáculo uma preferência desde o início? Se sim, porquê? Nós, artistas, não temos a responsabilidade de responder a essa pergunta. Nós apenas colocamos a hipótese e oferecemos a escolha ao público”, comenta. Para ele, “a expectativa dos papéis de género parece ser inalterável desde o século XVII”, apesar da evolução da sociedade.
O elenco inclui Mónica Garcez e Valter Teixeira (Orsino); Sandra Pereira e Luís Lobão (Violeta); Alice Medeiros e Luís Moreira (Olívia); Mariana Lobo Vaz e Rodrigo Machado (Sebastião); Anna Lëppanen e Frederico Coutinho (Dom Telmo); Ana Baptista e Vítor Alves da Silva (Maria); Rita Poças e Vasco Barroso (Dom André); Ana Valente e José Redondo (Bobo); e Sara Ribeiro e Ricardo Vaz Trindade (Malvólio).
Os bilhetes podem ser adquiridos online e custam desde 12€. Caso queira ver as personagens a serem interpretadas por homens, pode passar por lá a 18, 26, 27, 28, 31 de janeiro e 1 de fevereiro. Se preferir a versão feminina, basta ir a 19, 20, 21, 24, 25 de janeiro e 2, 3 e 4 de fevereiro.