Nova exposição de Bordalo II em Paris critica a guerra em Gaza

“Sou um artista, não sou a solução para problema nenhum, mas posso ser um veículo para iniciar um discurso, para provocar uma reflexão.” Com esta ideia em mente, Bordalo II vai inaugurar a 24 de maio a sua nova exposição na Galerie Mathgoth, em Paris.

A mostra denuncia a devastação ecológica e os conflitos atuais da sociedade. Entre as propostas, destaca-se uma peça chamada “IRREVERSIBLE”, que também dá nome à exposição. Trata-se de um grande míssil em acrílico que repousa sobre um pedestal. O artista português de 38 anos descreve-a como “uma presença fantasmagórica e perturbadora, uma força desconfortável e crua”.

Translúcido, o projétil de destruição está recheado de figuras que representam os inocentes e vulneráveis, como miúdos, famílias e idosos, além de pessoas que não têm poder de decisão, mas que, mesmo assim, são as mais afetadas pelas guerras.

“Um aviso para todos os que tiveram a sorte de nascer do lado ‘certo’ do mundo: as guerras existem, são travadas nos países vizinhos e matam inocentes. Na Faixa de Gaza, ‘uma criança morre a cada hora’, dizia a ONU, em dezembro 2024. Seis meses depois, a ONU atualiza estes números: ‘sem assistência, 14.000 bebés poderão morrer em Gaza nas próximas 48 horas'”, acrescenta o artista plástico.

Esta vai ser a primeira vez que Bordalo II reúne obras pensadas para espaços mais pequenos e que, ao mesmo tempo, refletem as suas ideias políticas. “Acredito que nesta exposição coloco o dedo na ferida: primeiro, com os meus habituais retratos de animais criados a partir de resíduos plásticos, símbolos da perda de biodiversidade causada pela ação humana, desta vez com recurso a iluminação; depois, exploro uma linguagem estética e política mais crua, pensada para deixar as pessoas desconfortáveis.”

A exposição que ocupa 300 metros quadrados da Galerie Mathgoth vai estar aberta ao público de quarta-feira a domingo, até 28 de junho. “Irreversible” é a segunda mostra que Bordalo II apresenta em Paris. Em 2019, foi o responsável por “Accord de Paris”, que também esteve patente no Mathgoth.

Leia o artigo da NiT para conhecer a mais recente polémica de Bordalo II, que foi acusado de plágio após ter transformado o Rossio, em Lisboa, num tabuleiro gigante de “Monopólio”.