Teatro e exposições

O primeiro “circo dos horrores” de Portugal já chegou a Lisboa

"Foderam-se. Aqui não há palhacinhos. O circo está morto e vamos desenterrá-lo", refere uma das criadoras do espetáculo que arranca a 3 de janeiro.
É só para os corajosos.

Apesar de ter nascido numa família dedicada ao circo, Mirene Cardinali acredita que o modelo “está cada vez mais cansativo”, especialmente em Portugal, onde as apresentações pouco evoluíram nas últimas décadas. Decidida a atrair um novo público, ajudou Isabela, a filha, a criar o Circus of Horrors, que estreia esta sexta-feira, 3 de janeiro, junto ao Parque da Bela Vista, em Lisboa — onde terá espetáculos também no sábado e domingo, 4 e 5 de janeiro.

O conceito foi criado pelos artistas circenses John ‘Doktor’ Haze e Gerry Cottle. A primeira performance foi no festival de Glastonbury em 1995, à frente de um público de milhares de pessoas. Chegou, posteriormente, a outros países, como Espanha.

Mirene, que tem agora 52 anos, era apenas uma miúda quando o viu pela primeira vez. “Gostei muito”, recorda. Garante também que este não é um tradicional espetáculo de circo com palhaços. “Foderam-se. Aqui não há palhacinhos. O circo está morto e vamos desenterrá-lo” é uma das frases ditas por Isabela Cardinali para arrancar a atuação.

O entretenimento começa assim que os espectadores entram na primeira tenda, altura em que são recebidos por mortos-vivos e maníacos de motosserra nas mãos. Depois, o elenco vai surgindo aos poucos e poucos no meio dos convidados, assuntando e arrepiando os que decidiram visitar a mansão assombrada.

No entanto, a história apenas começa quando cinco misteriosas figuras dão entrada com tochas de fogo que abrem caminho a um caixão, carregado por dois frades corcundas e acompanhado por uma freira que o segue enquanto reza.

 
 
 
 
 
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“Nesse caixão, agora aberto diante de todos, surge uma bela figura feminina, naturalmente morta há séculos. Esta é acordada pelo Diabo, que personifica a abertura de uma porta para o sombrio, o impossível, o desconhecido. Após acordada, relembra às visitas onde estão, captando logo a atenção para a sua personalidade feroz, arrogante, prepotente, agressiva, mas essencialmente com um sentido de humor peculiar”, descreve.

Humor negro, teatro, circo e canto juntam-se no Circus of Horrors. “O circo é isto tudo, por isso é que este espetáculo me fascinou”, acrescenta. No total, há 30 artistas na atuação de uma hora e meia, todos eles com roupas típicas de monstros e inspiradas em séries como “The Walking Dead”. Mirene Cardinali tem uma breve participação, num momento em que vai tocando vários instrumentos.

Este é o primeiro circo dos horrores de Portugal e foi criado por Isabela Cardinali antes da pandemia de 2020. No entanto, a Covid-19 fez com que as apresentações fossem postas em pausa, mas regressaram no verão de 2024. A última apresentação foi no Montijo, em novembro. “Estávamos em Lisboa a apresentar um circo para os miúdos e decidimos estrear também o Circus of Horrors”, comenta. 

A apresentação é apenas para pessoas com mais de 12 anos e os bilhetes estão à venda online por 20€. Esta sexta-feira e sábado há sessões às 21h30. No domingo, estão agendados espetáculos para as 18h30 e 21h30. A 25, 26 e 27 de janeiro, a digressão chega ao Centro Cultural Malaposta, com preços entre os 20€ e 25€. “No fundo, o que queremos é lembrar-vos que, na íntegra, somos todos loucos, loucos uns pelos outros”, conclui.

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