Existe, no subsolo da velha Baixa lisboeta, um tesouro por descobrir. Há mais de dois mil anos que os vestígios foram sendo deixados pelos que viveram à beira Tejo, de uma necrópole a um complexo de preparação de peixe, até um balneário e centenas de remanescentes de produção de olaria.
Estes mistérios começaram a ser desvendados em 1989, “durante a preparação do projeto de reabilitação dos edifícios pombalinos pertencentes ao BCP”. As escavações que duraram mais de quatro anos deram origem ao Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (NARC), inaugurado a 23 de junho de 1995.
Durante mais de vinte anos, foi possível percorrer as entranhas da velha Lisboa, até que, em 2019, o espaço fechou para uma profunda remodelação. O resultado é uma “nova experiência museológica” que cria uma visita mais imersiva na história da cidade e da zona que é, de resto, classificada desde 2015 como Monumento Nacional. As portas reabriram em novembro e permitem que locais e turistas possam revisitar mais de 13 séculos de história.
“Passados mais de 20 anos sobre a sua abertura, surgiu a necessidade de uma modernização que tivesse em conta as novas tendências museológicas”, explica à NiT uma representante do NARC. “Em junho de 2019, o NARC fechou ao público para remodelação e reabriu a 24 de novembro de 2021 após um intenso trabalho de renovação e modernização e uma nova experiência museológica, concebida por especialistas em cenografia museográfica do ATELIER BRÜCKNER.”
O ateliê é “um dos mais prestigiados no mundo da arquitetura expositiva e cenográfica da atualidade” e levou a cabo uma “proposta conceptual de um espaço dotado de um discurso pensado para a construção de memórias duradouras e novas aprendizagens”. Além da modernização do museu, foi equipado com tecnologias de ponta para melhor contar a história do local.
“Recorreu-se a novas tecnologias para a criação de uma nova cenografia e narrativa que proporcione ao visitante uma experiência mais imersiva e um contacto mais direto com parte da História que os vinte e cinco séculos de sobreposição urbana que ali se encontram podem contar”, revela. “É possível agora ver através de projeções de imagens tridimensionais a reconstituição de algumas das estruturas existentes e pré-existentes, ilustrando assim os vestígios arqueológicos das diferentes épocas representadas.”
A exposição de 450 metros quadrados começa com uma apresentação das diversas eras que marcaram Lisboa e prossegue através de uma ponte até cenários imersivos recheados de ilustrações animadas, hologramas e luzes. “No NARC podemos conhecer a história de Lisboa desde o século V a.C. até à reconstrução da cidade depois do terramoto de 1755. São 2500 anos de história, onde são visíveis vestígios da Idade do Ferro, da época Romana (republicana e imperial), Alta Idade Média, época Islâmica, Medieval, Moderna, os níveis de destruição do terramoto de 1755 e pormenores arquitetónicos da consequente reconstrução pombalina.”
As visitas ao NARC — que “recebe em média 50 a 60 visitantes por dia” — são gratuitas. Existem sete visitas diárias guiadas, cada uma com 50 minutos de duração e com um máximo de 12 pessoas por visita.
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